Coração vermelho e preto de Valdecy Xisto revela paixão pelos times rubro-negros (Foto: Abdias Bideh/GloboEsporte.com)
Talvez para nenhum outro torcedor, pelo menos no Piauí, as cores vermelha e preta representem tanto amor a dois times como para o aposentado Valdecy Xisto. Fanatismo ou paixão, tratem como quiser, ele não se importa. “Flamengo é minha vida”. É como esse lema que o apaixonado torcedor demonstra toda sua admiração pelos rubro-negros do Piauí e do Rio de Janeiro.
Há quatro anos, Valdecy resolveu ornamentar, de um jeito bem peculiar, a sua casa na zona sul de Teresina. A ideia tomou proporções bem maiores do que o projeto inicial e atualmente a casa é uma referência no bairro, além de se tornar “ponto turístico”, como ele mesmo gosta de dizer.
Instigado pelos clássicos do fim de semana entre Flamengo-PI e River-PI, em Teresina, e Flamengo e Vasco pelo Campeonato Carioca; o torcedor apaixonado mostra na faixada da casa o que os clubes representam em sua vida.
Ainda criança, com aproximadamente nove anos, Valdecy teve a paixão pelo Flamengo-PI despertada justamente quando presenciou o primeiro Rivengo in loco, no Estádio Lindolfo Monteiro. Era o que faltava para o início de uma grande história de amor com o clube rubro-negro. Uma época mágica, quando o Lindolfinho era pequeno para o porte do clássico.
Desde então, o torcedor virou parte do clube. Presente sempre em todos os jogos, não demorou muito para ser escolhido como o mascote-mirim do time e ganhar o primeiro uniforme. A deficiência física, em decorrência da poliomielite, nunca foi empecilho para que o compromisso com o Flamengo-PI fosse afetado.
- Jamais deixei de participar de algum jogo ou evento por conta das minhas limitações. O clube sempre me ajudou em tudo. Quando entrava no gramado, a magia e o clima da torcida me faziam esquecer de todas as dificuldades - relembra o torcedor.
Inverso: Do Piauí para o Rio de Janeiro
Diante de tanta paixão, um fato curioso chamou atenção. Valdecy Xisto se tornara flamenguista por conta do time piauiense e não por causa do “primo rico” carioca, algo inverso que costumamos a presenciar na atualidade.
Somente em 1995, o "verdadeiro" Flamengo caiu nas graças do fanático torcedor. Naquele ano, a Raposa enfrentava o Vasco da Gama pela primeira fase da Copa do Brasil. Na segunda partida, no Estádio São Januário, no Rio de Janeiro, Valdecy estava nas arquibancadas e se encantou quando viu torcedores cariocas empurrando o rubro-negro piauiense naquela noite.
Valdecy Xisto: recordações na memória e em quadros (Foto: Abdias Bideh/GloboEsporte.com)
- Nós fomos eliminados, mas aquele dia foi inesquecível. Parecia que a gente era da mesma família, todos juntos torcendo pelo Flamengo-PI. A partir dali, meu coração ficou ocupado pelos dois times – explica o torcedor.
Aos 55 anos e recordando nos quadros as fotografias da época que era mascote do clube, Valdecy Xisto tem pela frente um final de semana especial de clássicos. Neste sábado (15), o Rivengo será o “prato principal” na programação dele, que promete ir ao Lindolfo Monteiro. No domingo (16), é a vez do derby entre Flamengo e Vasco. Ele tenta esconder a preferência, mas confessa que a emoção do jogo em Teresina tem um sabor especial.
- Os jogos no estádio são muito mais emocionantes. É um ritual que cumpro desde pequeno e sempre que tenho oportunidade eu vou. Hoje em dia gosto dos dois times do mesmo jeito. Na arquibancada eu grito, mas é tentando orientar o time. Na frente da televisão quando a equipe vai mal, culpo logo treinador – brinca Valdecy.
Episódio de Leão x Raposa gera bronca com a diretoria
Em meio a tantas alegrias, idolatria e amor ao clube de coração, Valdecy Xisto guarda uma grande mágoa antiga com a diretoria do Flamengo-PI. Mas isso não é recente. Desde a fundação do clube, em 1937, o mascote oficial adotado foi o leão. O animal reinou soberano no clube até a rivalidade com o River-PI vir à tona e tornar o Galo mais popular do que o “rei da selva” flamenguista.
Para não ficar atrás neste quesito, o clube tratou de buscar um novo mascote que se identificasse com a região. Sem pestanejar escolheram a raposa, já que devorava o galo. A mudança não foi bem aceita por boa parte dos torcedores, principalmente para Valdecy, que julgou como desrespeito a história do time.
- Foi um golpe duro para mim que cresci dentro do clube. O leão é um animal imponente e já havia caído nas graças da massa. Por detalhe bobo mudaram para a raposa. Se é porque a raposa come galo, o leão também come. É só botar para ver – comenta magoado o torcedor, que ostenta duas estátuas do animal “extinto” na faixada de sua residência.
Amor pelo clube levou Valdecy a personalizar casa e carro (Foto: Abdias Bideh/GloboEsporte.com)
Sonho, apelo e campanha contra as drogas
Não é à toa que na enfeitada faixada rubro negra da casa, Valdecy Xisto expõe uma placa com os dizeres: “Se toda criança tivesse uma bola não seria refém do crack”. O torcedor encabeça uma campanha na região onde reside que visa ao incentivo da prática do futebol para crianças carentes sujeitas à vulnerabilidade do tráfico de drogas. Sonho antigo do flamenguista "piauiense" e "carioca", ele deseja fundar uma escola usando a marca do clube de coração como suporte para um grande projeto social.
- Torço por um mundo melhor e para que isso aconteça. A educação é fundamental para nossa juventude. Meu sonho é ter uma escola com o nome do Flamengo, onde pudesse ter aula pela manhã e escolinha de futebol no turno da tarde. Tenho certeza que ajudaria muitas famílias através desse projeto – garante Valdecy Xisto.
Para que esse projeto saia do papel, ele espera contar com a ajudar das autoridades políticas locais e até do presidente do Flamengo do Rio, Eduardo Bandeira.
- Eu falei com o Cesarino (presidente da Federação Piauiense de Futebol) e ele me garantiu que vai convidar o presidente Eduardo para conhecer meu projeto. Tenho muita fé que realizarei esse sonho ainda em vida – revela Xisto.
Valdecy Xisto: amor pelas cores do Flamengo-PI desde os nove anos de idade (Foto: Abdias Bideh/GloboEsporte.com)
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