Um dia antes do confronto com o Minas, o técnico José Neto não escondia a preocupação. Raul, treinador adversário, já tinha deixado claro durante uma conversa que gostaria de entrar para a história do NBB como a equipe que pôs um ponto final na sequência de 18 vitórias do Flamengo. Deu trabalho, fez o amigo quebrar a cabeça, mas não conseguiu. Quando a situação estava complicada, ali no segundo quarto, o banco de reservas disse presente. Duda, Feliz, Bruno Zanotti cumpriram seus papéis. E até o armador Kojo, que vinha sendo poupado devido a um edema ósseo na perna esquerda, e estava sentado ao lado deles, entrou em quadra e ajudou a mudar a cara do jogo. Neste sábado, no ginásio do Tijuca, o Rubro-Negro colocou mais um triunfo na conta: 90 a 77 (35 a 29), o 19º em 19 jogos no campeonato e liderança folgada na tabela. Com 30 pontos, Marquinhos, do Flamengo, foi o cestinha da partida. Pelo Minas, Beal e Crosby anotaram 18 cada.
- Hoje foi um bom exemplo da força do grupo, com os meninos que sairam do banco jogando o que a gente precisava para conseguir a vitória. No primeiro tempo, estávamos arremessando livre, e a bola não caía. Falei para eles continuarem chutando, para não perder a confiança. Então eles viram que a gente não dependia só do ataque, porque hoje a defesa nos sustentou - analisou Neto, que também elogiou o armador Kojo, pelo empenho em atuar mesmo com o problema na perna.
O jogo
Do banco, Kojo assistia ao jovem Gegê armar o time da Gávea. Com um jogo mais cadenciado, os comandados do técnico José Neto não encontravam muitos espaços no garrafão do Minas. O equilíbrio marcava o período, com as equipes se alternando na liderança do placar. Uma bola de três no aro chutada por Benite e outra de Caio Torres foram a senha para que o rival abrisse 12 a 9. A velocidade dos donos da casa só entrou em cena pouco depois da metade do primeiro quarto. Gegê subiu mais alto do que os pivôs adversários, ligou o contra-ataque com Olivinha, que recolocou a equipe na frente (13 a 12). Marquinhos recebia marcação dupla. O Flamengo também apertava a sua, mas no ataque as bolas teimavam em não cair. Apesar disso, foi para o intervalo em vantagem: 17 a 14.
Brilho do banco
Kojo veio para o jogo. Duda também. Mas as bolas continuavam procurando o aro. O Minas tinha um aproveitamento melhor. Abriu 26 a 21 e foi fazendo, aos pouquinhos, as testas na arquibancada começarem a ficar franzidas. Foram três minutos sem comemorar um pontinho sequer. Neto trocava as peças, até que chamou Feliz. Em seu primeiro lance, o novato de 22 anos pegou um rebote, ligou o contra-ataque e, lá na frente, Bruno Zanotti convertou a cesta do empate (26 a 26). A torcida respirou aliviada e começou a cantar novamente a plenos pulmões. O Minas já errava mais, e o Flamengo aproveitava. Kojo corria e fazia 30 a 29. Um arremesso longo de Duda e mais dois do armador deram aos anfitriões a vantagem de 35 a 29 no fim do primeiro tempo.
Fla dispara
Na volta do vestiário, nem parecia que estava ali o Flamengo que passou sufoco. O jogo fluía com a facilidade habitual e os números no marcador mudavam com rapidez. No meio da quadra, Duda roubou uma bola, partiu para uma enterrada de costas. E tomou um susto quando percebeu que tinha batido no aro. Atento, pegou o rebote e consertou tudo. O Minas, quando viu, já estava 12 pontos atrás (49 a 37). Restando três minutos, Marquinhos voltava ao jogo. Tudo seguia sob controle e o ala, da linha de três, também dava sua contribuição para aumentar a frente: 62 a 49.
Festa rubro-negra, e Brasília na mira
Os visitantes lutavam. Só que era difícil conter o ímpeto dos donos da casa. A defesa trabalhava bem e Marquinhos acertava a mão. Com 73 a 54, o ritmo continua intenso. Kojo já tinha feito a sua parte e foi descansar com 13 pontos no bolso. Olivinha brigava nos rebotes e os meninos Diego, Gegê e Feliz se empenhavam para não deixar o ritmo cair. Não havia mais muito que o Minas pudesse fazer. O Flamengo sobrava e a torcida já pensava no tradicional rival. Cantava: "Brasília, pode esperar, a sua hora vai chegar". Em quadra, os jogadores mantinham a concentração, queriam mais. Se lamentavam uma cesta perdida, caprichavam ainda mais na jogada seguinte. E assim, derrubaram mais uma vez o rival que estava entre aqueles que consideravam perigosos.
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