A frase proferida por Neto após a notável vitória do Flamengo sobre o Vitória, com um impressionante placar de 8 a 0, gerou uma intensa discussão no círculo do futebol brasileiro. Ele afirmou que, caso os grandes clubes, como Corinthians, Santos, São Paulo, Internacional e Grêmio, não estejam atentos, o Flamengo poderia se tornar a versão sul-americana do Bayern de Munique. Mas será que essa comparação se sustenta, considerando a disparidade financeira e técnica que se observa entre o Flamengo e os demais rivais? Essa linha de raciocínio levanta a questão sobre a possibilidade de uma "espanholização" no futebol brasileiro, onde Flamengo e Palmeiras dominariam como Barcelona e Real Madrid fazem na Espanha.

Desde 2018, o Flamengo e o Palmeiras têm mostrado um domínio predominante, conquistando títulos tanto no Brasil quanto em competições continentais. O Flamengo contabiliza duas edições do Campeonato Brasileiro (2019 e 2020), duas Libertadores (2019 e 2022) e duas Copas do Brasil (2022 e 2024). Por sua vez, o Palmeiras obteve o Brasileiro em 2018, 2022 e 2023, as Libertadores em 2020 e 2021 e a Copa do Brasil em 2020. Esse cenário levanta a discussão sobre a possibilidade de um domínio semelhante ao que acontece na Europa.

André Donke, especialista em esportes, acredita que o futebol brasileiro, devido à sua rica história e ao equilíbrio competitivo, não deve se tornar igual ao da Alemanha ou da Espanha. Segundo ele, Flamengo e Palmeiras podem continuar a conquistar títulos, mas não numa escala comparável aos gigantes europeus. Além disso, ressalta que o calendário apertado do futebol brasileiro dificulta a manutenção de um domínio duradouro.

Por outro lado, Jailson Vilas Boas aponta que a "espanholização" é uma possibilidade viável, considerando a consolidação financeira do Flamengo e do Palmeiras. Ele menciona que a evolução nas estruturas dos clubes, aliada a uma organização e investimento eficientes, permite que essas equipes despertem um espaço singular no cenário do futebol nacional, desde que suas contrapartes não se organizem da mesma forma.

Em contrapartida, Pedro Ivo Almeida se opõe à possibilidade de uma flatização do futebol brasileiro, pelo menos num futuro próximo. Ele argumenta que, enquanto o Flamengo e o Palmeiras têm mostrado força, as flutuações do campeonato tornam qualquer comparativo com Bayern e Real muito precipitado. Para ele, a verdadeira "espanholização" só pode ser considerada quando um time começar a conquistar uma sequência significativa de títulos, algo que ainda não se concretizou.

Por fim, Vitor Birner conclui que, em termos de capacidade de contratação, o Flamengo já se destaca como o Bayern da América do Sul. Contudo, ele também observa que o Brasil, por seu tamanho e muitas alternativas de talentos, não vai permitir que o domínio se iguale ao observado em países menores como a Espanha. O alto número de equipes competitivas e a frequência de surpresas no futebol brasileiro significam que a hegemonia, mesmo que momentânea, pode ser difícil de sustentar a longo prazo.