O Flamengo está desenvolvendo um novo projeto para viabilizar a construção de um estádio no terreno do Gasômetro. Durante uma apresentação ao Conselho Deliberativo do clube, na noite de quarta-feira (17), o presidente Luiz Eduardo Baptista, conhecido como Bap, apresentou detalhes dessa nova proposta. A capacidade do estádio foi reduzida de 78 mil para 71.916 lugares, diminuindo também a quantidade de assentos premium, o que resultou em uma diminuição do custo total da obra, que passou de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,2 bilhões. Apesar disso, a previsão é que o novo estádio seja inaugurado apenas em julho de 2036, bem após o prazo inicialmente proposto de novembro de 2029, durante a gestão anterior.

Bap enfatizou a complexidade do projeto, afirmando que não se trata de uma tarefa simples ou rápida. Foi dedicado um período de oito meses para estudos feitos pelas empresas FGV Conhecimento e Arena Events+Venues, que incluíram análises de topografia, vegetação, patrimônio histórico e a necessária descontaminação da área. Este último ponto é especialmente crítico, uma vez que, em setembro, a Naturgy, empresa responsável pela infraestrutura de gás natural na região, informou que o prazo de até quatro anos para descontaminação não se manterá. Assim, a prefeitura ficará responsável por esse custo, embora ainda não haja um prazo definido para a conclusão da descontaminação, que deverá levar entre 18 a 24 meses.

Durante a apresentação, foram apresentados três modelos de financiamento para o projeto. O primeiro contempla a obtenção de dívidas e financiamentos, que a diretoria considera inviável devido às altas taxas de juros atuais. A segunda abordagem propõe uma parceria privada, em que o clube buscaria um parceiro para financiar o estádio, dividindo a gestão e os lucros. Contudo, essa opção exigiria um longo período de 26 anos para retorno financeiro, além de indicar um saldo negativo de R$ 628 milhões entre as entradas e saídas iniciais.

O modelo mais viável, conforme indicado pela FGV, é o que utiliza reservas próprias e outras receitas, como direitos de nome e vendas de espaços VIP. O planejamento prevê o início do projeto em janeiro de 2026, com uma fase inicial, onde o Flamengo faria aportes mensais de R$ 5,8 milhões ao longo de 32 meses. A fase pré-obra, que se estenderia por 56 meses, demandará um aumento desse aporte para R$ 11,6 milhões mensais, permitindo ações como a limpeza do terreno e a negociação com a Naturgy.

Na fase de construção, que se estima durar 38 meses, o investimento mensal seria de R$ 12,5 milhões, totalizando 126 meses de planejamento e com R$ 204 milhões alocados para contingências. O clube também poderia arrecadar cerca de R$ 195 milhões com a venda do potencial construtivo da Gávea, iniciando em 2029, dependendo da aprovação legislativa.

Além disso, a análise de viabilidade econômica projeta receitas consideráveis, incluindo a venda de 40% dos camarotes por um período de cinco anos, que poderiam render R$ 214 milhões, e a venda antecipada de 30% das cadeiras, gerando R$ 128 milhões. Espera-se também arrecadar R$ 177 milhões em naming rights perto da inauguração do novo estádio, o que só deve ocorrer após o andamento significativo da obra.

Bap destacou que, para viabilizar o estádio dentro do cronograma inicialmente proposto, o clube teria que abrir mão de sua performance esportiva ou se transformar em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o que não é de seu interesse. O presidente destacou a dificuldade enfrentada pelo clube com um contrato anterior de televisionamento, que acarretou uma perda de R$ 500 milhões ao longo de cinco anos, e que poderia ter possibilitado um cronograma mais otimista para o novo estádio.

Embora os prazos tenham se prolongado, a expectativa permanece positiva. O sonho de ter um estádio próprio continua de pé, mas o clube reafirma que a construção não ocorrerá tão rapidamente quanto o desejado.