28/2/2014 08:33
Magnano exalta convite, apoia Nenê e não descarta Marcelinho: 'Nunca diga nunca'
Técnico argentino destaca profissionalismo do jogador do Flamengo e afirma que não terá dúvida em recorrer ao ex-capitão se achar que ele ainda pode ser útil à seleção
Se dentro de quadra o argentino Rubén Magnano não costuma ceder a qualquer tipo de pressão, seja por parte de seus atletas, adversários e, principalmente, árbitros, em casa, o técnico da seleção masculina de basquete não canta de galo e costuma obedecer às "ordens" da mulher Patrícia. Pelo menos na hora de mudar o visual e raspar o famoso bigode. Mas quando o assunto é trabalho, só ele opina. De cara limpa e com a mesma transparência de sempre, o campeão olímpico nos Jogos de Atenas com a Argentina falou pela primeira vez desde que a Federação Internacional de Basquete (FIBA) confirmou o Brasil como um dos quatro países convidados para o Campeonato Mundial da Espanha, entre agosto e setembro desse ano. Em entrevista concedida ao GloboEsporte.com, quinta-feira, na sede do Comitê Olímpico Brasileiro, no Rio de Janeiro, os assuntos abordados foram muitos, mas nenhum chamou tanta atenção quanto a um possível retorno do ala Marcelinho Machado, aposentado da seleção desde as Olimpíadas de Londres, para a disputa do principal torneio do ano.
- Aprendi uma frase que diz "nunca diga nunca". Por isso tenho que avaliar muito bem essa possibilidade antes de tomar qualquer decisão. Eu soube que ele voltou matando muita bola e que está jogando muito bem. Fico contente por ele, pois é um cara que ama o basquete. Se eu avaliar que ele ainda pode ser útil à seleção brasileira, pode ter certeza de não terei nenhuma dúvida em pegar o telefone e pedir para ele voltar - afirmou o treinador da seleção.
Mas não foi só o tradicional bigode do comandante argentino que ficou no passado. A trágica campanha na Copa América de Caracas e as rusgas com os jogadores que pediram dispensa da competição também. Com a vaga para o Mundial assegurada, Rubén Magnano prefere olhar para frente e rechaça qualquer tipo de veto nas próximas convocações.
- Não posso me permitir ter rancor ou guardar mágoas de situações amargas que existiram no passado como técnico da seleção. Tenho que pensar apenas no que é melhor para o basquete brasileiro no momento e convocar os melhores - destacou.
Apesar de ser um dos jogadores mais ausentes nas convocações de Magnano desde que o argentino assumiu a seleção em 2010, Nenê ainda tem crédito de sobra com o treinador. Ciente de que na maioria das vezes o pivô de 31 anos e 2,11m não se apresentou por problemas de contusão, o argentino deixou claro que conta o jogador do Washington Wizards no Mundial.
Confira a entrevista na íntegra:
GloboEsporte.com: Em algum momento o senhor temeu que o Brasil não recebesse o convite da Fiba e ficasse fora de um Mundial masculino pela primeira vez na história?
Rubén Magnano: Claro que sim. Na verdade nunca tive certeza de que nós seríamos convidados, até porque tínhamos 15 países lutando por essa mesma vaga. Muitos deles, inclusive, com tradição e muita história dentro da modalidade. Não era seguro.
Incomoda o fato de o Brasil ter pago pela vaga e, consequentemente, conquistado presença no Mundial apenas através desse convite?
A mim não, mas é claro que preferia ter conquistado a vaga durante a Copa América de Caracas, dentro de quadra. Não me incomoda principalmente pelo que o Brasil representa no cenário do basquete mundial, já que uma das condições avaliadas pela Fiba era justamente o passado e a história de cada país ao longo dos anos na modalidade. E o Brasil tem uma trajetória rica, com grandes atletas, grandes treinadores e grandes dirigentes. Nomes como Amaury Passos, Vlamir Marques, Marcel, Oscar Schimdt.... Sem falar que atualmente o basquete brasileiro é um produto importante para a Fiba.
Nunca pensei em deixar a seleção brasileira e não cumprir meu contrato até o fim, mas deixei os dirigentes da CBB à vontade para avaliarem meu trabalho e tomarem a decisão que eles achassem a mais acertada
Rubén Magnano
O senhor citou o Oscar como um dos grandes nomes do basquete brasileiro. O fato de ele ter pedido sua demissão após o fracasso na Copa América te deixa triste?
Entendo a declaração dele e respeito sua opinião. O que não consigo entender é que antes da Copa América ele apoiava e apostava 100% no nosso trabalho, e, de repente, mudou completamente de lado. Só isso que é difícil de entender. Mas nós treinadores sabemos que vivemos de resultados, por isso acho que ele está no direito dele de externar sua vontade e pedir mudanças.
Foram muitas críticas após a campanha do Brasil na Copa América de Caracas. Em algum momento o senhor pensou em deixar a seleção e não cumprir seu contrato até 2016?
Nunca pensei em deixar a seleção brasileira e não cumprir meu contrato até o fim, mas deixei os dirigentes da CBB à vontade para avaliarem meu trabalho e tomarem a decisão que eles achassem a mais acertada. Mas eu jamais abandonaria o barco. Só tomaria uma atitude como essa se alguma coisa muito importante interferisse no meu trabalho ou fosse contrário à minha forma de pensar.
Depois de ter tido tempo de sobra para refletir a campanha brasileira na Venezuela, o que o senhor acha que deu errado?
Acho que tivemos muitos problemas, mas para poder ter lutado pela classificação nós tínhamos que ter jogado melhor, no limite. Eu saí da Copa Tuto Marchand, em Porto Rico, com uma sensação muito boa e otimista que lutaríamos pela vaga na Venezuela. Mas depois infelizmente a equipe não jogou bem e nunca esteve à altura das expectativas. Muitas ausências, gente machucada, minha desqualificação contra o Canadá que acabou me tirando da partida contra o Uruguai, tudo isso atrapalhou bastante Vários atletas também sofreram com alguns problemas em Caracas, mas não quero usar nada disso como justificativa para nossa eliminação. Sabia que tínhamos que joga 110% para garantir a vaga.
Dentre os muitos argumentos que a Confederação Brasileira de Basquete usou para sensibilizar a FIBA, o mais emblemático talvez tenha sido uma carta assinada pelos atletas se comprometendo a defenderem a seleção na Espanha. O senhor acredita que finalmente terá os melhores à sua disposição?
Eu não intervi nessa conversa, isso foi um pedido da própria Fiba junto à CBB. A CBB apenas repassou a mensagem aos jogadores e pediu esse comprometimento por parte deles. Felizmente, acabou dando tudo certo. Acho que essa garantia dada pelos atletas que atuam na Europa e na NBA pesou bastante na decisão da Fiba.
O senhor chegou a conversar com os atletas que não estiveram em Caracas após o Brasil ter sido confirmado como um dos quatro países convidados pela FIBA?
Ainda não. Acabo de vir de uma reunião com os dirigentes da CBB onde falamos sobre a nossa preparação e de como será feito meu contato com os jogadores que atuam fora do Brasil. Eles me adiantaram que já tiveram um primeiro contato e que todos se mostrados comprometidos a ajudar e voltar a defender a seleção brasileira. Agora só falta eu me encontrar com cada um deles individualmente para esclarecer alguns pontos e deixar tudo acertado antes da convocação.
Dos "estrangeiros" convocados desde que assumiu a seleção, o Nenê foi o jogador que por mais vezes não pôde se apresentar e o Vitor Faverani te deu um bolo e não compareceu a um encontro com o senhor na Espanha. Existe alguma veto a eles em futuras convocações?
Sãs dois casos completamente diferentes. A gente não sabe o que realmente acontece com o Nenê. Muitas vezes ele realmente não pôde vir, bem diferente de não querer vir. Tem uma diferença enorme entre querer e poder. A lesão da fascite plantar que ele teve no pé o impediu muitas vezes de estar conosco. Mas pelo que a CBB me passou ele tem muita vontade de defender o Brasil e estar novamente conosco. E eu conto com ele. Já o Faverani é uma dúvida muita grande porque já foi convocado em três ou quatro ocasiões e por um motivo ou outro nunca se disse presente. Isso realmente me incomoda como treinador da seleção. Eu conversei com ele em Valência antes da Copa América e ele se mostrou pronto para jogar e com muita vontade de estar na seleção. Mas na hora da convocação ele não apareceu, mesmo eu tendo esperado uma semana a mais por ele. Preciso conversar com ele para saber se existe uma maneira de recuperar o comprometimento dele com a seleção e se o jogador ainda tem interesse de defender o país. Hoje, infelizmente, não sei dizer se ele realmente tem vontade de ajudar.
Falando no Nenê, o senhor ou alguém da CBB já teve algum contato com ele após a lesão no joelho?
Eu ainda não, mas fiquei triste muito por ele como ficaria por qualquer jogador que ama jogar basquete. Ele realmente vinha jogando muito bem.
Muitas pessoas ligadas ao basquete, como o ex-jogador Marcel, por exemplo, acham que não existe mais clima para o senhor trabalhar com os jogadores que atuam na NBA. Como está sua relação com esses jogadores após os inúmeros pedidos de dispensa?
Não posso me permitir ter rancor ou guardar mágoas de situações amargas que existiram no passado como técnico da seleção. Tenho que pensar apenas no que é melhor para o basquete brasileiro no momento e convocar os melhores.
754 visitas - Fonte: Globoesporte
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