A afirmação de que o Brasil possui "12 grandes" clubes que tornam o futebol nacional imprevisível na disputa por títulos é amplamente contestável. Atuais protagonistas, Flamengo e Palmeiras, destacam-se em um nível superior, estabelecendo uma comparação válida com a supremacia de Barcelona e Real Madrid na Espanha. Este fenômeno, muitas vezes denominado "espanholização" do futebol, reflete uma realidade que se torna cada vez mais evidente.

Um dos principais fatores que contribui para essa discrepância é a geração de receita. Recentemente, ambos os clubes anunciaram previsões financeiras que prometem revoluções no cenário futebolístico brasileiro: o Flamengo espera um faturamento recorde de R$ 2 bilhões em 2025, com um superávit de R$ 300 milhões, enquanto o Palmeiras já acumulou R$ 1,4 bilhão em receitas até setembro, prevendo encerrar o ano com R$ 1,7 bilhão. Esses números podem variar entre 50% até mais que o triplo da arrecadação de outros grandes clubes do Brasil.

Graças a essa força financeira, Flamengo e Palmeiras têm conseguido investir em contratações que antes pareciam impossíveis. Jogadores avaliados em R$ 100 milhões são adquiridos como se fossem atletas comuns, mas essa capacidade decorre de trabalho árduo e planejamento estratégico, não de um aporte financeiro de um investidor bilionário que transforma clubes em Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs).

Apesar dessa "espanholização" ser uma realidade palpável, surge a questão de sua durabilidade. Não se pode afirmar que a superioridade destes dois clubes será eterna, tal como acontece com Barcelona e Real Madrid na liga espanhola. Clubes com históricos de grande sucesso, como Corinthians e São Paulo, têm o potencial de se tornarem verdadeiras máquinas de geração de receita, enquanto novas SAFs podem emergir e, quem sabe, encontrar o sucesso que ainda parece distante.

Entretanto, as atuais tendências indicam que o domínio de Flamengo e Palmeiras deverá persistir sem grandes desafios no médio prazo. Dificilmente se verá uma mudança significativa nessa dinâmica nos próximos 10 anos.