O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) adiou, na última segunda-feira (10), a definição da pena do atacante Bruno Henrique, do Flamengo. O julgamento, realizado na sede da entidade no Rio de Janeiro, foi interrompido após o auditor Marco Aurélio Choy solicitar vista do processo. Uma nova sessão foi agendada para quinta-feira (12), às 15h (horário de Brasília), sendo este o único caso em pauta. Apesar de o colegiado ter mantido a condenação do jogador, a pena ainda não foi estabelecida.

O relator Sérgio Furtado Filho votou a favor de uma punição meramente financeira, sugerindo uma multa de R$ 100 mil, e descartou a aplicação do artigo 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que poderia acarretar até 12 jogos de suspensão. De acordo com o relator, Bruno Henrique deveria ser penalizado apenas pelo artigo 191, que se refere ao descumprimento de deveres regulamentares. Anteriormente, no dia 4 de setembro, Bruno já havia sido punido com 12 jogos de suspensão no Campeonato Brasileiro e uma multa de R$ 60 mil.

A defesa do jogador, composta pelos advogados Michel Assef Filho, Ricardo Pieri Nunes e Alexandre Vitorino, reiterou a tese de prescrição do processo, argumentando que o STJD ultrapassou os prazos estipulados pelo CBJD. Segundo a defesa, a Procuradoria deveria ter apresentado a denúncia em até 60 dias após tomar conhecimento do ilícito, o que não ocorreu, visto que a denúncia foi protocolada apenas em 1º de agosto, apesar das provas terem sido recebidas em 7 de maio de 2025.

O subprocurador-geral Eduardo Ximenes, que representou a Procuradoria, contestou a argumentação da defesa, afirmando que não houve quebra de prazo, uma vez que o acesso completo às provas só foi possível após a conclusão da apreensão de documentos e celulares pela Polícia Federal. Em suas palavras: "A Procuradoria só teve acesso quando foram apresentadas as provas, após a busca e apreensão. Se acatado o pedido de prescrição, veríamos a primeira invenção jurisprudencial."

Michel Assef, um dos advogados da defesa, criticou o tempo de sustentação apresentado pela Procuradoria — 22 minutos — e reiterou que o caso deveria ter sido julgado anteriormente. Ele lembrou que a situação era de conhecimento público, em virtude da jogada de Bruno Henrique e do alerta sobre apostas, e que a Justiça Desportiva carecia de uma investigação mais robusta. Alexandre Vitorino, também defensor de Bruno, insinuou que o julgamento estava sendo influenciado pela pressão da opinião pública.

O STJD retornará à análise do caso nesta quinta-feira (12), prosseguindo a partir do ponto em que foi interrompido, com a expectativa de que o tribunal defina se Bruno Henrique cumprirá suspensão, pagará apenas a multa ou enfrentará outro tipo de sanção. Enquanto isso, o atacante continua à disposição do Flamengo, que aguarda o desfecho da situação para saber se poderá contar com ele na fase decisiva do Campeonato Brasileiro.