Feliz, o técnico Jayme de Almeida deixa o banco de reservas querendo comemorar. Sem a presença da taça no gramado e com apenas tímidos gritos de 'É campeão' vindos da arquibancada, o comandante se dirigiu ao vestiário esperando encontrar alguma festa por lá. Quando chegou, não tinha ninguém no local.
Quando voltava para o campo, deu de cara com os jogadores. O episódio foi contato aos risos pelo próprio Jayme na entrevista após o clássico deste domingo contra o Botafogo, no Maracanã. E retrata bem o que o técnico resumiu como uma 'conquista diferente'.
- Foi diferente, né? Quem ganha quer comemorar, mostrar o título, tirar foto. Talvez tenha sido inesperado, não sei. Ainda faltavam três rodadas, ninguém esperava o tropeço do Fluminense. Mas nada tira a nossa alegria e felicidade de ver o trabalho bem feito. Quando acabou o jogo, eu pensei: 'Será que vai ter festa'?. Sai do campo, fui para o vestiário e não tinha ninguém lá. Ai fiquei pensando: 'Será que a festa já está rolando no campo e eu não estou lá?' (risos).
Fui correndo para o campo de novo e encontrei o time no meio do caminho para o vestiário. Fiquei meio perdido. Mas o sentimento era de dever cumprido - frisou.
Sereno como de costume, Jayme de Almeida rasgou elogios a seu grupo e ao planejamento que possibilitou a conquista da 20ª Taça Guanabara do Flamengo, seu segundo título como treinador. Como o primeiro objetivo da temporada alcançado por antecipação, o treinador deu o recado para seus jogadores: é hora de pensar apenas na Libertadores.
- Agora é foco total na Libertadores. Vamos jogar quarta no Maracanã e na outra quarta em La Paz. Serão dois jogos muito importantes para a nossa caminhada.
Após o título, o elenco do Flamengo se reapresenta já na tarde desta segunda-feira. Na próxima quarta, o Rubro-Negro volta a campo para enfrentar o Bolívar, às 22h (de Brasília), no Maracanã, pela terceira rodada da fase de grupos da Libertadores. Com três pontos ganhos em dois jogos, a equipe ocupa a segunda posição do Grupo 7.
Confira a íntegra da entrevista abaixo:
(Foto: Edgard Maciel de Sá)
Taça Guanabara
Sempre valorizei o Campeonato Carioca por ter sido criado no Rio, sei da importância desse título. Por ter minha história no clube desde pequeno, sei que títulos do Carioca são importantes. A torcida do Flamengo gosta de ganhar, tem a rivalidade.
Por isso sabíamos que não poderíamos abrir mão de disputar e de ficar entre os quatro. Ser campeão foi muito legal pelo o que fizemos nesse período. Se não me engano, apenas Cesar, Luan e Fernando não jogaram na Taça Guanabara.
Esse título é de todos os jogadores. Eles foram fantásticos. Em momento algum tive dúvida do potencial deles e provaram isso com as várias equipes que entraram em campo. Todos corresponderam acima da média.
Reforços
Em todo o time do nível do Flamengo a tendência é sempre qualificar mais. Não podemos estacionar. Temos opções, o time está forte, todos estão sendo utilizados e correspondendo. Mas sempre podemos ver no mercado algum jogador que tenhamos interesse e condição de contratar. É sempre bom qualificar ainda mais o grupo.
Vantagem
Lutamos pelo título pelo simbolismo da Taça Guanabara e, acima de tudo, pela vantagem. Se a Taça Guanabara podia nos dar isso, lutamos por ela. Agora vamos com a vantagem até o fim.
Caminho certo?
Futebol é resultado. O que eu vejo é a evolução de todos. Temos um grupo grande, mas todos estão motivados e os resultados estão vindo. Isso que nos dá confiança. Quem entra rende bem. O ambiente é tranquilo e muito bom de se trabalhar. Os resultados nos dão a certeza de que podemos seguir com o trabalho.
Planejamento
Acho que o título veio através disso. Apostamos na qualidade dos nossos jogadores, confiamos no grupo. Começamos com uma equipe totalmente modificada. Mesmo com pouco tempo para treinar, ela deu conta do recado. Isso nos deu tranquilidade para mesclar o time no início. Era complicado, muito calor, jogos desgastantes.
Fizemos um planejamento muito legal, tanto que conquistamos o título faltando ainda duas rodadas. Utilizamos todo o plantel, os jogadores pegaram ritmo de jogo e agora temos mais opções para mandar a campo.
Trabalho
É chato falar de mim. Essa avaliação tem de vir de vocês (jornalistas). Fiquei muito satisfeito com a forma como o Flamengo se portou nesse jogo. Com seriedade e atenção, controlamos bem a partida. Foi um grande resultado. Fico feliz pela segurança que o time demonstrou hoje. O Botafogo era franco atirador.
Ausência da taça
Foi diferente, né? Quem ganha quer comemorar, mostrar o título, tirar foto. Talvez tenha sido inesperado, não sei. Ainda faltavam três rodadas, ninguém esperava o tropeço do Fluminense. Mas nada tira a nossa alegria e felicidade de ver o trabalho bem feito. Entramos para ficar entre os quatro primeiros e para ganhar o título. Estamos muito felizes.
Reação pós-jogo
Quando acabou, eu pensei: 'Será que vai ter festa'?. Sai do campo, fui para o vestiário e não tinha ninguém lá. Ai fiquei pensando: 'Será que a festa já está rolando no campo e eu não estou lá?' (risos). Fui correndo para o campo de novo e encontrei o time no meio do caminho para o vestiário.
Fiquei meio perdido. Mas o sentimento era de dever cumprido. Estamos desde janeiro nessa luta e muita gente desconfiou quando iniciamos com o time B. Mas deu tudo certo e chegamos ao título. Estou muito feliz principalmente pelo fato de usar todos os jogadores e eles corresponderem.
Motivação
Quando perdemos para o Fluminense, falaram que poderia atrapalhar no jogo contra o Léon. Apesar da derrota, jogamos bem. Hoje vencemos e com certeza a motivação vai continuar em alta para quarta-feira. Esperamos a torcida em peso no Maracanã e isso nos deixa com a certeza de um bom jogo, com luta, vontade e equilíbrio. Vamos jogar com intensidade ao lado da torcida. Precisamos do resultado e uma vitória será um passo importante para a classificação.
Bolívar
É um time que se defende bem, que tem jogadores bons que atuam pelos lados do campo, um centroavante grande... Eles jogaram no erro do Emelec em Guayaquil e tiveram chances de ganhar. Mas desperdiçaram as oportunidades e foram derrotados com um gol de escanteio. O time deve vir fechado, apostando nos contra-ataques. Temos de ter muito cuidado e não tentar resolver o jogo de qualquer maneira. Não podemos dar espaços.
Léo Moura
Ninguém gosta de perder jogador. Léo Moura é o nosso capitão e é dúvida para a partida. Vamos ver como ele vai reagir ao tratamento. Mas confiamos em nossos atletas. Se ele não puder jogar, tomara que não aconteça, temos o outro Léo que vai entrar e dar conta do recado.
Baixo público
É sempre melhor ir para uma decisão com casa cheia. A motivação cresce. O que precisa ser feito? Com certeza planejar melhor o campeonato. Não pode ter esse público. Mas isso não faz parte da minha função. É constrangedor ir para um jogo de um time como o Flamengo, e ver 375 pagantes em uma quarta-feira de Cinzas, às 22h, em Volta Redonda. Alguma coisa está errada.
Tranquilidade
Agora é foco total na Libertadores. Vamos jogar quarta no Maracanã e na outra quarta em La Paz. Serão dois jogos muito importantes para a nossa caminhada. O título dá uma motivação maior, mas não tem nada ganho.
Não tem jogo fácil na Libertadores. Vamos ter que jogar para ganhar do Bolívar. Foi muito bom ser campeão, mas já falei para o grupo: agora é descanso e repouso porque quarta-feira vai ser muito difícil.
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