Pela primeira vez desde que assumiu a presidência da Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro) em 2006, Rubens Lopes tem forte oposição da maioria dos clubes grandes cariocas. Mesmo assim, por ser candidato único e ter o apoio das equipes menores, será reeleito nesta terça-feira para continuar no comando da entidade até 2018.

Nesta segunda-feira, um dia antes da votação, Flamengo, Fluminense e Vasco se reuniram e divulgaram uma nota oficial em conjunto atacando a atual administração da Ferj. Dirigentes dos três times ouvidos pela reportagem do ESPN.com.br, que preferiram não falar abertamente, fizeram diversas críticas à gestão atual da federação.

O Botafogo, que apoia Rubens Lopes, não se juntou aos rivais. Insatisfeitos com o prejuízo financeiro em um deficitário Campeonato Carioca com estádios vazios, os três clubes assinaram o documento que, entre outras coisas, pede principalmente transparência à federação e a diminuição do número de datas de disputa da competição.

O Flamengo foi o primeiro a se irritar com a postura da Ferj este ano, depois de sofrer uma redução das cotas de TV em relação a 2013. As quatro parcelas de R$ 2 milhões caíram para quatro de R$ 1,3 milhão. Ou seja, prejuízo de R$ 2,8 milhões.

O Vasco também perdeu dinheiro com as cotas de TV na mesma proporção. O Fluminense, que ano passado tinha sido alvo de críticas de Lopes por escalar jogadores reservas no Estadual, também ficou descontente com a maneira que a federação está gerenciando o Carioca.

O fracasso de público reflete diretamente nos cofres de Fla, Flu, Vasco e Botafogo. O regulamento determina que os grandes clubes, em confrontos com os pequenos, dividam obrigatoriamente sua renda. O vencedor leva 60%, o perdedor 40%.

Em caso de empate, 50%. Caso a partida tenha mando dos pequenos, mas seja disputada fora do estádio da equipe, o prejuízo da partida cabe integralmente ao clube grande. Além disso, a taxa de 10% da renda bruta cobrada pela Ferj em cada jogo é motivo de queixas. Os clubes pedem que aconteça uma redução para 5%, assim como ocorre nos Estaduais de São Paulo e Rio Grande do Sul.

Por causa do calendário apertado em ano de Copa do Mundo no Brasil, o Carioca de 2014 teve sua fórmula alterada e passou a ser disputado em apenas um turno, ao invés dos tradicionais dois turnos, com Taça Guanabara e Taça Rio.

Esta é a razão principal apontada como causa do fracasso de público nas partidas da atual edição. A vontade dos grandes é diminuir o número de equipes na disputa, fator que não agrada a Rubens Lopes, que conta com o apoio dos dirigentes de times menores.

Oito anos no comando pós-Caixa D'Água - Médico, ex-presidente do Bangu e há quase oito anos na presidência da Ferj. Rubens Lopes, de 57 anos, não terá concorrência nas eleições desta terça-feira à tarde para seguir no comando por mais quatro anos. A votação começa a partir das 12h30, na sede da entidade, na região do Maracanã.

Ele assumiu o cargo após a morte do ex-presidente Eduardo Viana, o Caixa D'Água, em agosto de 2006. Mais discreto do que o antecessor, Rubens Lopes se envolveu em poucas polêmicas até então. Em 2007, foi reeleito para seguir no comando ao superar Francisco Horta, ex-presidente do Fluminense, na votação. Na ocasião, Flamengo e Botafogo eram contra Lopes, mas Flu e Vasco e a maioria dos times pequenos o apoiavam.


Em dezembro de 2008, Lopes teve o seu mandato estendido até o fim de 2014 em função da organização da Copa do Mundo no país, medida que outras federações estaduais também adotaram. Flu, Vasco e Botafogo estiveram presentes naquela assembleia e deram o aval, mas nenhum dirigente rubro-negro compareceu e o procedimento foi questionado pelo clube.

Agora, pela primeira vez Rubens Lopes vai começar uma nova etapa de sua administração tendo a oposição de três dos quatro clubes grandes do Rio de Janeiro, que afirmaram em nota conjunta: "Não nos sentimos, hoje, em condições de votar para reeleger o atual mandatário da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro".

Lopes, no entanto, conta com o suporte da maioria das equipes pequenas e amadoras do estado, que também têm direito a voto. Mais de cem dirigentes já assinaram documento manifestando apoio a ele.

Ao tomar conhecimento da postura de Fla, Flu e Vasco nesta segunda, o presidente da Ferj rebateu: "Acho uma posição que nos causou surpresa. Durante todo o tempo presente conosco o presidente do Fluminense manifestou apoio.

Às vezes em que esteve aqui, não para reunião, mas para pedir adiantamento de cotas, sempre atendemos isso. O presidente do Vasco sempre teve boa relação conosco durante todo o tempo. A Federação se manteve ao lado de Fluminense e Vasco no fim do Brasileiro do ano passado. E apoiaram nossa candidatura realizada dentro do maior rigor estatutário. Não sei o que esses clubes estão pretendendo", disse Lopes.