Com Flamengo e Palmeiras se destacando financeiramente e sendo protagonistas nos últimos anos do futebol brasileiro e sul-americano, surge uma pergunta: estamos caminhando para uma espanholização no Brasil, similar àquela vivida por Real Madrid e Barcelona na Europa? O ESPN.com.br investigou essa questão com figuras que desempenharam papéis cruciais na reestruturação dos clubes. Entre os entrevistados estão Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, e Ricardo Galassi e Luciano Paciello, da gestão do Palmeiras.

Bandeira de Mello expressou sua visão sobre o cenário atual do futebol brasileiro, ressaltando que, apesar da concentração de títulos entre Flamengo e Palmeiras, a competição permanece intensa e imprevisível, ao contrário do que ocorre em países como Espanha e Alemanha. Ele destacou que a recuperação do Flamengo e o sucesso recente do Palmeiras demonstram que há espaço para mais clubes serem competitivos no Brasileirão, desde que estes se organizem adequadamente.

Ricardo Galassi, por sua vez, ressaltou a natureza cíclica do futebol brasileiro, enfatizando que a ascensão de um clube ao topo é difícil e mantê-lo lá é ainda mais desafiador. Ele alertou para os riscos de uma postura arrogante e apontou exemplos históricos de clubes que perderam relevância devido a má administração. Galassi acredita que o futuro das disputas no futebol nacional dependerá da gestão dos clubes em geral, e que uma total 'espanholização' é improvável.

Luciano Paciello também é cético quanto à possibilidade de uma espanholização, acreditando que clubes como Botafogo, Fluminense e Atlético-MG têm potencial para serem campeões. Ele reconhece o aumento de investimento e estruturação nos clubes brasileiros, mas não vê Flamengo e Palmeiras monopolizando o cenário no futuro.

Embora esteja em dúvida quanto à espanholização, Bandeira e Galassi alertaram sobre a importância de uma boa gestão. Se os clubes rivais não se organizarem, a distância entre os times pode aumentar ainda mais. Bandeira enfatizou que o Brasil tem uma quantidade significativa de grandes clubes que, com a devida organização, podem continuar a ter relevância no cenário nacional e continental.

A discussão sobre a rivalidade e a ascensão de Flamengo e Palmeiras também é analisada por Edmilson, pentacampeão mundial, que considera que esses clubes estão à frente dos demais não apenas por sua história, mas pela capacidade de se reorganizarem e gerirem suas finanças nos últimos anos. Ele sugere que, caso outros clubes não adotem uma postura semelhante, podem surgir competidores ocasionais, mas não a ponto de desestabilizar o domínio de Flamengo e Palmeiras.

Independentemente da 'espanholização', ambos os clubes se preparam para uma nova final da Libertadores, marcando seu segundo enfrentamento em cinco anos. O Flamengo, que já foi campeão em 1981, 2019 e 2022, busca o tetra, enquanto o Palmeiras, que conquistou o título em 1999, 2020 e 2021, também visa a quarta estrela.

O grande confronto entre Palmeiras e Flamengo pela final da CONMEBOL Libertadores será realizado neste sábado (29), com transmissão ao vivo pelo Disney+, a partir das 18h (horário de Brasília).