O Flamengo, um dos gigantes do futebol brasileiro, formalizou uma proposta junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que visa promover a melhoria e padronização dos gramados no país. Entre as principais solicitações, destaca-se a luta contra a utilização de gramados sintéticos, que prometem se intensificar no Campeonato Brasileiro a partir de 2026. Denominada "Programa de Avaliação e Monitoramento da Qualidade de Gramados do Futebol Brasileiro", a proposta busca aprimorar as condições para a prática do futebol e alinhar o nível do esporte nacional com os padrões internacionais.

Durante uma cerimônia de encerramento do Campeonato Brasileiro em Copacabana, o presidente do Flamengo, Bap, expressou veementemente a posição do clube. Ele enfatizou que o uso de gramados artificiais é inaceitável: “Estamos fazendo uma campanha contra o gramado de plástico. No próximo ano, teremos 18 estádios, sendo seis com esse tipo de superfície. Na Europa e na América do Sul, não encontramos espaços que utilizam esse material. É vergonhoso que aceitemos essa realidade no Brasil.” Bap sugeriu que, em vez de priorizar o lucro com shows, as autoridades deveriam focar em manter a qualidade do futebol.

Ainda que o presidente da CBF, Samir Xaud, tenha evitado aprofundar o tema, ele reconheceu que é um assunto que demanda futura discussão. Para o Flamengo, os gramados sintéticos não oferecem as condições adequadas para um futebol de alta performance. Um levantamento realizado pelo clube revelou que nenhuma liga europeia ou sul-americana permite o uso de superfícies artificiais, ressaltando que o Brasil é um dos poucos países que ainda aceita essa prática, ao contrário dos campeonatos que já conquistaram a Copa do Mundo.

Além disso, a preocupação com os gramados sintéticos não é restrita ao Flamengo. Jogadores têm se manifestado contra essa superfície em competições de elite e, em alguns casos, recusam jogar em campos de plástico. Esse cenário gera preocupação sobre a possibilidade de talentos, tanto brasileiros quanto estrangeiros, deixarem de considerar o futebol nacional devido a essas condições inadequadas. Pesquisas indicam que as superfícies sintéticas podem aumentar o risco de lesões e outros problemas de saúde associados ao contato com o material.

Para mitigar os impactos financeiros nos clubes que já utilizam gramados sintéticos, o Flamengo propõe um período de transição. A ideia é substituir esses campos na Série A até o final de 2027 e, na Série B, até 2028, garantindo uma adaptação sem comprometer a qualidade do esporte. Mesmo durante esse período, a qualidade das superfícies de plástico deve ser aprimorada, com padrões mínimos que abranjam aspectos como tipo e material da fibra, altura da grama e densidade de pontos.

Adicionalmente, o Flamengo acredita que não basta apenas proibir os gramados de plástico; é necessário estabelecer um padrão de qualidade mínimo para os gramados naturais, em conformidade com as normas da FIFA e UEFA, adaptadas à realidade brasileira. O clube apresentou um documento que sugere padrões técnicos para aferir a qualidade dos gramados de todos os tipos, incluindo testes de rolagem da bola e absorção de impacto. Atualmente, falta um protocolo claro que assegure que todos os estádios, independentemente de seus gramados, atendam a padrões internacionais.

Por fim, o Flamengo enfatiza a importância de estabelecer normas mínimas para a infraestrutura que sustenta os campos de jogo, abrangendo sistemas de irrigação, equipamentos de manutenção e controle de pragas. A expectativa é que até 2026, todos os campos de futebol ofereçam uma experiência de jogo uniforme, beneficiando o desenvolvimento do esporte no Brasil.