Mais de 30 edições de campeonato brasileiro foram disputadas antes que o formato de pontos corridos fosse adotado por aqui, em 2003.

Recordes foram quebrados, o calendário inchou e nunca se viu tanto dinheiro por aqui. Grandes talentos foram forjados e vendidos, times modestos realizaram campanhas memoráveis e gigantes caíram. A fórmula consagrada nos principais torneios nacionais mundo afora, no entanto, nunca foi unanimidade no Brasil.

Muitos atribuem a falta de emoção às conquistas antecipadas. O excesso de jogos, dizem, torna o campeonato desinteressante para torcedores – opinião fomentada nas baixas médias de público e ocupação dos estádios – e extenuante para os atletas. Os mais tradicionalistas apostam na “perda de identidade” do principal torneio nacional como argumento.

Mas mesmo em um formato diferente, o Brasileiro de pontos corridos manteve algumas tradições ocultas do antigo modelo. Por exemplo: em 11 edições, conhecemos seis diferentes campeões; rodízio maior que Portugal, Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha – e igual à França, que deve iniciar uma nova dinastia em breve. Mesmo com o manjado discurso de “planejamento”, tivemos campeões improváveis, com times remendados, mudanças de técnico e estrutura de treinamento precária. Pros que criticam a falta de emoção, em seis edições conhecemos o campeão na rodada final (fora os classificados pras competições continentais e os rebaixados).

Discordâncias a parte, fechamos 11 edições em pontos corridos recentemente. E como 11 é um número especial para os amantes do futebol, façamos um exercício para relembrar uma escalação de jogadores que marcou esse período do futebol brasileiro.

1. Rogério Ceni

KASHIMA, JAPAN - AUGUST 07: (EDITORIAL USE ONLY) Rogerio Ceni #1 of Sao Paulo FC looks on during the Suruga Bank Championship match between Kashima antlers and Sao Paulo FC at Kashima Soccer Stadium Stadium on August 7, 2013 in Kashima, Ibaraki, Japan. (Photo by Masashi Hara/Getty Images)
O goleiro desse time não poderia ser outro: tricampeão entre 2006 e 2008, Rogério é o jogador com mais jogos na história da competição e também está entre os 50 maiores goleadores dela.

Sempre defendendo a camisa do tricolor paulista, Rogério foi capitão nos três títulos e conquistou vários prêmios individuais.

2. Leo Moura

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - NOVEMBER 06: (L) Hernane, and Leo Moura celebrate a victory against Goias during a match between Flamengo and Goias as part of Brazilian Cup 2013 Semifinal at Maracana Stadium on November 06, 2013 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Buda Mendes/Getty Images)
Com mais de 300 partidas disputadas nesse formato (maior parte delas com a camisa do Flamengo), Leo Moura foi campeão em 2009 e conquistou resultados importantes em 2007, 2008 e 2011.

Vencedor de diversos prêmios individuais, incluindo Bola de Prata da Placar e duas vezes selecionado para o time da CBF de melhores do ano.

3. Lugano

MONTEVIDEO, URUGUAY - NOVEMBER 20: Diego Lugano of Uruguay runs with the ball during leg 2 of the FIFA World Cup Qualifier match between Uruguay and Jordan at Centenario Stadium Stadium on November 20, 2013 in Montevideo, Uruguay. (Photo by Friedemann Vogel/Getty Images)
O uruguaio foi peça-chave na reconstrução do time são paulino que viria a conquistar o tricampeonato. Lugano não participou de nenhuma das conquistas, mas ajudou o time a voltar a Libertadores e foi dos melhores zagueiros em 2004 e 2005, acumulando prêmios individuais.

4. Thiago Silva

JOHANNESBURG, SOUTH AFRICA - MARCH 05: Thiago Silva of Brazil during the International Friendly match between South Africa and Brazil at FNB Stadium on March 05, 2014 in Johannesburg, South Africa. (Photo by Lefty Shivambu/Gallo Images/Getty Images)
Foi, junto ao xará Neves, o melhor jogador do Fluminense de 2007, que terminou o ano em quarto. Naquele ano, disputou o prêmio Bola de Ouro Placar. Jogou bem em 2008, também, quando foi vendido para o Milan, deixando a defesa do tricolor muito vulnerável.

5. Leo

Rivaliza com Kléber, ex-Corinthians, Santos e Inter, como o melhor da posição na história dos pontos corridos.

Representou o Santos mais de 200 vezes no torneio, saindo vencedor em 2002 (última edição antes da mudança de formato) e em 2004. Venceu prêmios individuais, também.

6. Maldonado

Ponto de equilíbrio do meio-campo do Cruzeiro em 2003 e do Flamengo em 2009, anos em que conquistou títulos, o chileno fez muito sucesso em solo brasileiro.

Fez quase 200 jogos no torneio, também por Santos - onde viveu grandes dias - e Corinthians.

7. Hernanes

MILAN, ITALY - MARCH 09: Hernanes of FC Inter Milan looks dejected during the Serie A match between FC Internazionale Milano and Torino FC at San Siro Stadium on March 9, 2014 in Milan, Italy. (Photo by Claudio Villa/Getty Images)
Bicampeão pelo São Paulo em 2007 e 2008, Hernanes foi o principal jogador da equipe na última conquista. Vestindo a camisa 10, Hernanes arrebentou, sendo eleito para a seleção do campeonato e Bola de Prata da Placar.

Em 2006, foi emprestado ao Santo André por falta de espaço no meio-campo são paulino.

8. Paulo Baier

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - NOVEMBER 27: Wallace (R) of Flamengo competes for the ball with a Paulo Baier of Atletico Paranaense during the final of Brazilian Cup 2013 between Flamengo and Atletico Paranaense at Maracana Stadium on November 27, 2013 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Buda Mendes/Getty Images)
Maior artilheiro da história dos pontos corridos, o ex-lateral foi deslocado para a armação das jogadas, onde teve muito sucesso.

Andarilho da bola, jogou por Palmeiras, Sport, Goiás, Atlético-PR e Criciúma, para onde voltou nessa temporada.

Nunca foi campeão, mas sempre foi peça-chave de seus times.

9. Alex

Grande craque da primeira edição do torneio nesse formato, Alex teve, provavelmente, o maior desempenho individual da história dos pontos corridos, em 2003. Foi artilheiro do time, líder em assistências, capitão e principal jogador do time de campanha inesquecível do Cruzeiro.

Depois de anos na Turquia, voltou para o Coritiba, time que o revelou, onde, novamente, foi o principal jogador.

10. Borges

Segundo maior artilheiro da competição nesse formato, Borges é tricampeão do torneio (2007 e 2008, pelo São Paulo, e 2013, pelo Cruzeiro).

Em 2011, quando jogava pelo Santos, foi artilheiro da competição, com 23 gols. Brigou pela artilharia contra Romário em 2005, quando jogava pelo Paraná.

11. Fred

RIO DE JANEIRO, BRAZIL - AUGUST 31: Fred (L) of Fluminense struggles for the ball with Durval of Santos during a match between Fluminense and Santos as part of Brazilian Serie A 2013 at Maracana Stadium on August 21, 2013 in Rio de Janeiro, Brazil. (Photo by Buda Mendes/Getty Images)
Terceiro maior goleador da competição nesse formato, Fred guardou muitos gols pelo Cruzeiro e pelo Fluminense, onde foi bicampeão, além de artilheiro, em 2012.

Tem condições de passar Paulo Baier nessa corrida. É o maior artilheiro do Fluminense em campeonatos brasileiros, com 62 gols desde 2009.

12. Muricy Ramalho

Não poderia haver outro técnico no comando dessa equipe.

Tricampeão pelo São Paulo (2006, 2007 e 2008) e campeão pelo Fluminense (2010), Muricy entrou para a história da competição como o maior vencedor do torneio nesse formato.

Está de volta ao São Paulo, depois de ter passado por Palmeiras e Santos.

13. Menção honrosa

Brazilian footballer Romario of Vasco da Gama (left) during a World Club Championship first stage match against Necaxa at the Maracana Stadium, Rio de Janeiro, Brazil, 11th January 2000. Vasco Da Gama won the game 2-1. (Photo by Shaun Botterill/Getty Images)
Mesmo que não estejam presentes nessa equipe, é importante lembra-los, pois foram fundamentais na construção dessa história.

Romário - artilheiro mais velho da história do Brasileirão e segundo maior artilheiro da competição em sua totalidade, o Baixinho viveu seus melhores dias em outro formato.

Washington - maior goleador de uma edição dos pontos corridos (34 gols em 2004), o Coração Valente fez 82 gols em 4 edições de pontos corridos.

Cuca - grande montador de times do país nos pontos corridos, como São Paulo (2004), Botafogo (2007) e Atlético-MG (2012).