Shamell recebe o passe de Smith, faz a infiltração e erra a bandeja. Em alto e bom português, em terceira pessoa, o americano reclama da própria falha: "Não, assim não Shamell". No Brasil desde 2004, com idas e vindas entre passagens por China e Croácia, o ala, atual campeão da Liga das Américas pelo Pinheiros, já se sente mais um brasileiro e não esconde que chegar a mais um Final Four, desta vez em solo nacional, no país que escolheu viver e o acolheu, tem significado especial.

Apaixonado pelo Brasil, o californiano de 33 anos tentou por diversas vezes ingressar no Draft da NBA (principal liga de basquete dos Estados Unidos). Não conseguiu, e após dicas de Leandrinho, que o conheceu na Liga de Verão americana, ele topou a aventura. Agora, foca no Halcones Xalapa, rival desta sexta-feira, na semifinal no ginásio do Maracanãzinho, às 19h, mas já sonha com uma final brasileira diante do Flamengo, querendo retribuir ao país que o adotou um pouco do carinho que recebe há dez anos.

- Parece um sonho estar de novo na decisão do Final Four. No ano passado foi muito legal, mas chegar por dois anos seguidos tem um sentido diferente. Faltam palavras para explicar. Ainda mais dentro do Brasil, para todos verem, meus filhos, meus amigos, todos podem ver os jogos. Mas só chegar não é o suficiente. Não termina nosso compromisso. Temos que mostrar em quadra por que merecemos isso. Jogar no Brasil tem um sabor especial. Imagina, ser bicampeão da Liga das Américas dentro do Brasil, nenhum time brasileiro nunca fez isso. É colocar meu nome na história do basquete das Américas e do Brasil - garante Shamell.

Na outra semifinal, Aguada, do Uruguai, e Flamengo, se enfrentam às 21h15m desta sexta. Mesmo podendo encarar na decisão uma equipe que o Pinheiros já venceu, e fora de casa, na segunda fase da Liga das Américas, Shamell coloca seu "patriotismo" nas arquibancadas e confessa a torcida pelo Rubro-Negro. Para o americano de alma brasileira, nada mais justo do que uma festa verde e amarela na decisão da "Libertadores do basquete".

- As duas equipes brasileiras não vão decepcionar ninguém. Vamos tentar lutar para um dos dois serem campeões. Torço por uma final brasileira. O torcedor brasileiro está torcendo por isso, por uma final entre Flamengo e Pinheiros para termos uma festa brasileira. Estamos querendo mudar o basquete do país - frisa Shamell.

Na conquista do ano passado, Shamell teve papel fundamental e vem repetindo o desempenho na temporada 2013/14 da Liga das Américas. Em seis jogos, a média é de 21,7 pontos por partida. Contra o Aguada, rival do Flamengo nas semifinais, o ala anotou 27 pontos. Ele acredita que a concentração faz a diferença nessas horas.

- Quando ficamos fora de São Paulo nos concentramos melhor, focamos mais nos jogos e conseguimos jogar melhor e pensar melhor. Acho que isso é importante, esse pensamento só no basquete. Ajuda demais em momentos como esse - finalizou Shamell.