Oscar sofre com o jogo apertado entre Flamengo e Pinheiros no Maracanãzinho (Foto: André Durão)
Marcelinho sofre falta e vai para os lances livres. O Flamengo tem jogo duro contra o Pinheiros, pela final da Liga das Américas, com o Maracanãzinho lotado. A bola parece sair das mãos de Oscar Schmidt, o Mão Santa, tamanha ansiedade do maior ídolo da história do basquete brasileiro, quando enfim ele vê Marcelinho acertar. O ídolo cobre o rosto, bate palmas, coça a cabeça e admira a torcida. Ao lado da esposa, aponta para as bandeiras em vermelho e preto. A ola, as coreografias, ele não perde nada. O homem que já conduziu o Flamengo dentro de quadra desta vez é apenas mais um torcedor. Das arquibancadas, o eterno camisa 14 esteve entre os 8.701 Rubro-Negros que empurraram o Flamengo para o titulo inédito da competição ao vencer os paulistas por 85 a 78. E o jogo "pegado", decidido praticamente apenas na última bola a favor do time da Gávea, mostrou que o coração de Oscar, que sofreu com uma arritmia que o deixou internado por quase um mês, está novinho em folha.
- Foi inesquecível, inesquecível - disse Oscar aos torcedores ao final da festa Rubro-Negra, já no estacionamento do Maracanãzinho.
Marcelinho, eleito o MVP (jogador mais valioso) da decisão, confessa a felicidade por dar o título a Oscar.
- Ele foi pé-quente. É um ídolo do basquete brasileiro. Um ídolo do Flamengo. Todo o grupo fica feliz com a presença dele e por termos conseguido o título para dar de presente para o Oscar - garante o também ídolo da torcida do Flamengo, ao final do duelo.
emoção começa antes do jogo
Não bastasse a emoção de acompanhar o Flamengo em uma decisão, Oscar teve que testar seu coração antes mesmo de a bola subir para a final. Já com o Pinheiros e os cariocas em quadra, o Mão Santa foi chamado pela FIBA Américas para dentro do palco. Ali, minutos antes do início da partida decisiva da Liga das Américas, o Mão Santa recebeu uma homenagem. Uma placa pelos serviços prestados ao basquete e uma camisa branca do time de basquete do Flamengo, com seu nome e número 14 às costas. Das arquibancadas, a torcida gritava "Olê, Olê, Olê, Olá, Oscar, Oscar". O gigante acenava, sorria e começava a viver ali um misto de emoções que o acompanhou pelos próximos 40 minutos do cronômetro.
Mão Santa recebe homenagem antes do jogo entre Flamengo e Pinheiros (Foto: André Durão)
Torcida encanta o ídolo
O primeiro tempo foi de deslumbramento para Oscar. Sentado na tribuna de honra do Maracanãzinho, ao lado da esposa, o Mão Santa praticamente se desligou do jogo. Sua visão estava nas arquibancadas. Conversando com amigos, ele apontava para a massa Rubro-Negra e parecia não acreditar na festa que via. De volta ao jogo, foi só sorrisos ao ver Olivinha acertar cesta de três e colocar o Flamengo na frente por 18 a 11, com oito minutos do primeiro quarto. As palmas vieram quando Marcelinho também acertou de três, fazendo 21 a 13 para o Flamengo. Com os olhos fixos no jogo, agora Oscar quase não piscava ou perdia algo.
Torcida do Flamengo presta homenagem para Oscar em bandeira (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
mão santa preocupado
O segundo quarto começava com o Pinheiros pressionando o Flamengo e buscando o marcador. Era hora de entrar em cena o Oscar preocupado. O ídolo conversava com a esposa, gesticulava. Parecia mostrar algo errado no time do Flamengo. Naquele momento, Joe Smith acertava bola de três e os paulistas traziam a diferença para 35 a 30. Sem entender muito a queda de rendimento do Flamengo, ele coça a cabeça, leva as mãos ao rosto. Só fica aliviado e volta a bater palmas quando Marquinhos infiltra, faz bonita jogada e marca mais dois pontos para o Rubro-Negro. Lá se vão mais aplausos e o fim do primeiro tempo de sofrimento.
Segundo quarto deixa Oscar nervoso nas arquibancadas (Foto: André Durão)
Tietagem atrasa Oscar
Na volta do intervalo, Oscar se atrasou. Na área vip, fora das arquibancadas, o percurso de 20 metros vira uma avenida. São fotos, pedidos de autógrafos. Até mesmo quando chega nas arquibancadas, Oscar não consegue se concentrar no jogo. São pedidos e mais pedidos. Todos atendidos. Quando se vira para a quadra, já com quase três minutos de partida no quarto, o placar está em 50 a 50. Para desespero do Mão Santa, o Pinheiros ainda pula na frente, com 56 a 55. A tranquilidade só volta no fim do quarto, quando os paulistas cometem falta flagrante, e o Flamengo passa novamente na frente. Era hora de se desligar de novo e acompanhar com o rosto a festa da torcida.
- Quem não quer uma foto com ele. Ao lado do ídolo? - diz um torcedor, feliz com a foto ao lado de Oscar.
Coração 100% e festa do título
O último quarto colocou em prova o coração de Oscar. O jogo era lá e cá e o Mão Santa não perdia um lance. Lá de cima, viu Olivinha, equilibrado e sem marcação, desperdiçar cesta para três pontos. Típica bola que o camisa 14 certamente "mataria". O rosto, indo de um lado para o outro, era clara expressão de desagrado. Faltando quatro minutos para o fim do jogo, Marcelinho decide mais uma bola e empata o jogo em 70 a 70. Oscar não se levanta, mas os aplausos são os mais efusivos da noite. Ele festeja mesmo. Em seguida, Marquinhos crava, e o Mão Santa não se controla mais. A emoção já estava aflorada, e seu coração, passando pelo teste. No fim, com a confirmação do título e a vitória por 85 a 78, ele se levanta, bate palmas sem parar. Sorri, manda recados para os jogadores com gestos com as mãos, recebe cumprimentos. Era como se ele tivesse conquistado o título ao lado de Marcelinho & Cia. A festa estava completa.
Oscar viveu dia de torcedor no Ginásio do Maracanãzinho (Foto: André Durão)
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