Rubro-negros colhem os louros pelo título, e Olivinha diz: 'Parece futebol'

24/3/2014 19:40

Rubro-negros colhem os louros pelo título, e Olivinha diz: 'Parece futebol'

Ala-pivô admite poucas horas de sono e muitas entrevistas: 'Está sendo gostoso'. Técnico José Neto destaca determinação dos jogadores e crê em título Mundial

Rubro-negros colhem os louros pelo título, e Olivinha diz: Parece futebol
A conquista do título inédito da Liga das Américas no último sábado, contra o Pinheiros, por 85 a 78, diante de quase nove mil pessoas no Ginásio do Maracanãzinho, não sai da cabeça de nenhum integrante do basquete do Flamengo. Dois dias depois da maior glória da modalidade, os jogadores e o técnico José Neto desfrutam e colhem os louros do maior feito de suas carreiras.
Por dia, são várias entrevistas e fotos, com poucas horas para família, estômago e cama. Porém, a agenda cheia em nada incomoda os campeões continentais.

Nesta segunda-feira, Olivinha e Neto conversaram com a reportagem do GloboEsporte.com na sede da Gávea. Com o semblante de cansaço, mas a felicidade de uma criança, a dupla falou sobre a agitação dessas últimas 40 horas, posou para fotografias - geralmente, com o indicador da mão como o número um - e não largou o troféu tão cobiçado, que será exposto na loja oficial do clube nos próximos dias.

- Está uma loucura muito grande, já dei bastante entrevista, todos nos procurando. Acabou o jogo já teve a comemoração numa churrascaria, depois já emendou para uma boate. Cheguei em casa às 6h da manhã e acordei cedinho para mais entrevistas. Estamos parecendo jogadores de futebol, bastante requisitados. Mas está sendo gostoso - admitiu o jogador.

Ausente na festa na boate que fica praticamente em frente ao Flamengo, José Neto também só conseguiu pregar o olho com o dia amanhecendo. Ao contrário da agitação de seus comandados, o técnico preferiu o aconchego da sua casa para rever a emocionante vitória sobre os paulistas.

- Se eu falar que fui dormir umas cinco e pouco da manhã, todo mundo vai achar que fui para a balada, mas não. Não conseguia dormir mesmo. Vi o jogo de novo, queria ver como estava o ginásio. Na hora, a gente tem uma noção, mas não a dimensão daquilo, porque ali na quadra nós temos o foco no jogo. Sentimos o apoio, a energia que a torcida passa, mas não tinha noção da quantidade de gente que estava lá. Isso foi o que tirou mais o meu sono ainda. Não por preocupação, mas pela felicidade e a adrenalina muito grande que a gente teve. Foi uma conquista que veio de forma invicta e coroou um trabalho de equipe, isso é o mais importante. Foi o primeiro título da Liga das Américas de todos os jogadores da nossa equipe - disse.

De acordo com Neto, a diferença entre o elenco atual e o do ano passado, que sequer figurou entre os quatro primeiros, passa pela questão da experiência das equipes.

- É um grupo diferente, jogamos taticamente de maneira diferente. Mas um quesito muito importante é a determinação, isto que não pode faltar. Depois, taticamente e tecnicamente, a gente vai mudando o que pode. Isto existia nos dois grupos. Neste grupo, nós temos o fator maior de experiência, que é a participação maior do Marcelo, que contribui muito como líder, e as vindas do Tony (Washam), Jerome (Meyinsse) e o Nicolás (Laprovittola), que somaram muito para o grupo com suas experiências vencedoras.

O slogan "Craque o Flamengo faz em casa", em alusão ao maiores jogadores de futebol da história do clube, formados nas divisões inferiores, também serve para Olivinha. Com oito anos defendendo as cores vermelha e preta, nas suas duas passagens pela Gávea, o xodó da torcida frisou seu orgulho por conquistar o maior título da sua vida na "sua casa".

- Eu me sinto muito orgulhoso de fazer parte desta equipe e fazer história dentro do Flamengo, que é o clube onde me criei. Tem um sabor especial poder colocar o nome na história do Flamengo. Quando cheguei aqui nas categorias de base, jamais podia imaginar chegar a esse momento. Estamos realizados. A conquista da Liga das Américas tomou uma dimensão gigantesca. Temos que colher os frutos, pois trabalhamos bastante. Estou muito feliz - afirmou.

Maior reboteiro da final com oito recuperações de bola e terceiro de toda a Liga das Américas, com média de 6.5 por jogo, Olivinha costuma ser uma espécie de carregador de piano do elenco. Sem aparecer muito para a torcida, o camisa 16 é homem de confiança de muitos de seus técnicos por seu comprometimento diário e suas estatísticas pós-partidas.

- Talvez, ele não seja um jogador de tanto protagonismo no basquete brasileiro, mas é impressionante o quanto ele aparece. Se você pegar qualquer estatística no final do jogo, você vai vê-lo com, pelo menos, dez pontos e dez rebotes. Jogador que a gente gosta de ter, que sabe bem a sua função, que a executa muito bem. Nosso time também tem outros jogadores assim - elogiou Neto.
Mas o crescimento técnico e a regularidade apresentada jogo a jogo não são obra do acaso. Nos treinamentos, o ala-pivô costuma ser muito cobrado, principalmente na questão defensiva, pelo "chato" José Neto.

- É um técnico que cobra muito, na minha carreira foi o que mais me cobrou ao lado do Rubén Magnano (NR: neste momento, Neto fala ao fundo: "técnico chato"). Eu estou tentando puxar a sardinha para você (risos), mas já que você está falando.....Ele é chato mesmo, mas está certo, tem que pegar muito no pé para na hora as coisas beirarem a perfeição. Nossa equipe comprou a ideia, está dando certo, e esperamos manter o foco para conquistar muito mais títulos.

Este jeito perfeccionista do técnico o faz acreditar que nada é impossível, nem mesmo o título mundial contra o vencedor do forte campeonato europeu, que pode vir pela segunda vez para o basquete brasileiro (a primeira foi com o Sírio em 1979), na primeira semana de outubro, muito provavelmente no Rio de Janeiro.

- Primeiramente, nós temos que ter esta consciência de que podemos jogar contra eles de igual para igual e ganhar, que somos capazes disto. Isto é o fundamental. Depois, precisamos estudar o adversário. Tem uma frase que gosto de que dizer que é: "o impossível significa que eu tenho que trabalhar um pouco mais". Isso que devemos pensar - declarou o treinador, que gostaria de enfrentar algum time de camisa.

- Ficou pensando no time europeu estudando o nosso, pegando o vídeo da nossa final e olhando onde eles vão jogar, a quadra onde eles vão jogar, que é das melhores estruturas que nós vimos aqui. E, na hora que virem a torcida, vão pensar que este time não está para brincadeira. E vai ser assim. Isso empurra a gente demais, deixa o impossível cada vez mais longe. Tomara que seja uma grande festa para o basquete brasileiro - completou o treinador, que prefere o Maracanãzinho à Arena da Barra.

981 visitas - Fonte: Globoesporte


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