Dívida bilionária amplia caos financeiro do futebol brasileiro e faz grandes sentirem efeitos

7/2/2013 10:37

Dívida bilionária amplia caos financeiro do futebol brasileiro e faz grandes sentirem efeitos

Dívida bilionária amplia caos financeiro do futebol brasileiro e faz grandes sentirem efeitos
Quem olha para o noticiário esportivo brasileiro desde o início do ano já sabe. O Vasco enfrenta sérias dificuldades desde o ano passado. O time que chegou perto de eliminar o Corinthians da Libertadores-2012 foi desmanchado aos poucos e hoje o clube sofre para pagar em dia os atletas que ficaram. O Flamengo, desde que trocou de presidente, embarcou em um processo semelhante, com atletas deixando o clube não pelo rendimento esportivo, mas pelo alto custo de seus salários. O mesmo acontece no Palmeiras: a nova diretoria assumiu há pouco e já avisou que não serão feitas grandes contratações e que os tempos são de contenção de gastos.

Os três exemplos são a prova de que a situação financeira precária do futebol brasileiro, aos poucos, vai vencendo os clubes. O processo é rápido e cresce com velocidade ainda maior do que a evolução das receitas. Desde 2003, os maiores clubes do país aumentaram em 235% a verba que entra nos cofres, passando de R$ 800 milhões em 2003 para R$ 2,7 bilhões em 2011. No mesmo período, porém, as dívidas cresceram 306%, de R$ 1,2 bi para R$ 4,7 bi.

“Muita gente fala que a gestão dos clubes está melhorando só porque tem mais dinheiro entrando. Mas essa análise mostra que os dirigentes estão fazendo o que sempre fizeram: trabalham com o dinheiro futuro. O custo do futebol atual está no patamar de 2016, mas está sendo praticado em 2012. Nesse modelo, os custos vão subir sempre. O déficit é garantido”, diz Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão esportiva. A pedido do UOL Esporte, o especialista calculou uma série de números que mostram o tamanho do buraco em que o esporte nacional está entrando.

Os R$ 5 bilhões em dívidas

O principal indicador de que as contas do futebol brasileiro não vão bem é a análise das dívidas que os clubes acumulam. Como já foi dito, esse rombo é de R$ 4,7 bilhões até 2011 e deve crescer mais quando os números de 2012 forem divulgados. Além disso, levando em conta apenas os clubes com as 12 maiores arrecadações do país, nenhum deve menos que R$ 100 milhões.

Em alguns casos a situação é controlável. O Corinthians, por exemplo, tinha dívidas de R$ 178 milhões até 2011. Mas, com receitas de R$ 390 milhões, precisaria, hipoteticamente, de pouco mais de meio ano para zerar as contas.

Em outros, o problema é gigantesco. Em 2011, por exemplo, o Botafogo arrecadou apenas R$ 59 milhões. Sua dívida, no entanto, batia R$ 564 mi. O indicador é de 9,6 – o que significa que o clube precisaria ficar quase dez anos sem gastar um centavo, mas mantendo a arrecadação, para quitar seus débitos.

E o patamar caótico não é exclusivo do Bota. O indicador do Fluminense, por exemplo, é de 5,1. Mesmo lembrando que o patrocinador do clube, a Unimed, banca o salário de boa parte do elenco. A situação de Atlético-MG e Vasco da Gama também é parecida. O indicador mineiro é de 3,7. O carioca, de 2,8.

Nos demais clubes, essa nota não passa de dois. E apenas Corinthians, Cruzeiro (0,9), Internacional (1) e São Paulo (0,7) estão em um patamar que seria aceitável em empresas privadas. “No mercado financeiro, a partir do indicador 1 você pode considerar a empresa em situação falimentar. Isso quer dizer que a maioria dos clubes brasileiros está em situação falimentar atualmente”, diz Somoggi.

Juros e bloqueio de renda

A dívida não seria um problema se os clubes tivessem um plano para pagá-la. Sem esse planejamento, um time não tem como equilibrar gastos e ganhos. Funciona mais ou menos assim: sem dívidas, o dinheiro que entra de patrocinadores, acordos das TVs ou bilheteria cai na conta do clube e, ao fim de cada mês, é usado para pagar gastos como salários de jogadores.

Com dívidas, as verbas entram na conta do clube e são usados para pagar as contas atrasadas. Quando os salários vencem, os clubes têm de ir a um banco para pedir empréstimos. Apresenta o contrato de direito de transmissão, por exemplo, como garantia. Com esse dinheiro emprestado, paga os salários de um mês. No mês seguinte, porém, além dos gastos mensais, é preciso pagar ainda o que foi emprestado, mais os juros.

Nessa bola de neve, o valor de encargos financeiros que o futebol brasileiro paga chega a patamares impressionantes. Donos dos maiores contratos de transmissão com a TV, Corinthians e Flamengo gastaram, em 2011, mais de R$ 30 milhões cada só para antecipar contratos. Os paulistanos listaram R$ 33,8 milhões nessa modalidade no balanço de 2011, contra R$ 32,6 milhões dos cariocas. “Quem empresta dinheiro paga juro bancário. Isso é normal e as grandes empresas fazem. Só que clubes estão errando a mão. Esses números de Corinthians e Flamengo mostram isso”, analisa Somoggi.

Um exemplo de como um planejamento ruim para o pagamento de contas pode complicar um clube é o Vasco. Graças a dívidas não pagas com a Receita Federal, 100% das rendas de jogo são penhoradas. Pior ainda, por causa disso, o clube não tem certidão negativa e, consequentemente, não pode receber de sua patrocinadora, a estatal Eletrobrás. A média de salários atrasados é de três meses e os funcionários só recebem quando entram com uma ação junto ao Sindicato dos Clubes. O clube deve R$ 43,4 milhões apenas para a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e possui uma dívida total de R$ 387 milhões.

Cristiano Koehler, diretor geral, assumiu o Vasco nessa condição e está trabalhando para mudar o modelo de administração. Em contato por telefone, ele admitiu que a meta é manter os gastos abaixo do que o clube recebe, tornando o pagamento dos débitos a prioridade. Segundo ele, em entrevista anterior, esse processo será longo e o clube vai precisar de no mínimo cinco anos para se reestruturar financeiramente.

Salários atrasados

O resultado do aumento das dívidas, principalmente a com instituições bancárias, é a dificuldade dos clubes para pagar suas contas mensais. Pelo menos oito dos 20 clubes que disputaram a Série A do Brasileirão no ano passado atrasaram salários ou direitos de imagem. O Cruzeiro, por exemplo, atrasou salário de jogadores e funcionários em janeiro de 2012, referentes à folha de pagamento do mês de dezembro de 2011.

O clube precisou fazer um empréstimo para quitar a dívida, mas o problema se arrastou até 1º de fevereiro. Antes de pagar, porém, o presidente do clube, Gilvan de Pinho Tavares, criou um mal-estar com os jogadores com uma frase irônica: "Os atletas ganham muito pouco, ganham uma miséria. E atrasar três ou quatro dias faz uma falta danada”. Insatisfeitos, os jogadores reagiram e entregaram à imprensa uma carta de repúdio pelas declarações do presidente, afirmando que não deixaram de trabalhar, mesmo sem receber os vencimentos.

Outros dois clubes admitiram que venderam atletas (ou fatiaram direitos econômicos) para bancar a folha salarial. É o caso do Santos, que utilizou o dinheiro da venda de Paulo Henrique Ganso para pagar a salários de dezembro e 13º de 2012, e do Botafogo, que durante o ano se desfez de 40% do zagueiro Dória para não pagar seus jogadores em dia. “Hoje, o clube não precisa mais se desfazer do jogador para fazer dinheiro. Em 2012, por exemplo, vendemos 20% do Dória para o BMG por valor alto, fizemos dinheiro e o atleta seguiu no clube”, disse o vice de futebol do Botafogo, Chico Fonseca, em entrevista do início de janeiro.

1406 visitas - Fonte: Uol


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