Para sul-americanos, jogos em casa tem maior garantia de vitória (Foto: Divulgação/ Site Oficial)
Sabe-se que os clubes que disputam a Copa Libertadores, principalmente quando jogam fora de casa, são "vítimas" de alguns costumes sul-americanos e da desorganização da competição. Só que esta postura dos donos da casa, mesmo que muitas vezes ilegal, resulta em maior garantia de vitórias. Quando comparados com os clubes de outra grande competição continental, a Liga dos Campeões, chega-se à conclusão de que os sul-americanos são realmente anfitriões menos cordiais.
Nesta edição da Libertadores, a diferença é gritante. Até esta incompleta quinta rodada, o torneio contou com 11 vitórias de visitantes em 74 jogos e um aproveitamento, em pontos, de 22,5%. A mesma fase desta Liga dos Campeões - com os 96 jogos completos - teve 29 vitórias e 30% de aproveitamento dos pontos disputados para os visitantes.
Para o meia Zé Roberto, do Grêmio, finalista da Liga dos Campeões em 2002 com o Bayer Leverkusen e com experiência em Libertadores com equipes como Santos e o próprio Grêmio, a explicação está não apenas na análise do jogo, mas em outros fatores como estrutura dos estádios e distância e desgaste das viagens.
- O jogo é mais difícil pela questão da estrutura e a distância. Vou dar um exemplo: o Grêmio jogou com o Nacional (URU) (13/02), e o Nacional joga em um estádio pequeno, com a torcida bem perto. Ainda tem a questão das viagens longas, que também atrapalham - disse o jogador ao LANCE!Net, comparando também os jogos fora de casa da Libertadores com os da Liga dos Campeões:
- Quando (Bayer) Leverkusen e PSG jogam, por exemplo, é um pouco mais fácil porque a estrutura é parecida, o gramado é da mesma qualidade, a torcida fica quase na mesma distância - disse.
A impressão de Zé Roberto é confirmada pelo seguinte dado: 16 dos 32 clubes que disputam esta Libertadores teriam de mudar de casa para jogar a final, que deve ser disputada em um estádio para, no mínimo, 40 mil pessoas, por exigência da Conmebol.
A UEFA atua com outra lógica. Os estádios são divididos em categorias, e, da última preliminar classificatória para a fase de grupos até as semifinais, são exigidos estádios de categoria 4. Nas fases anteriores, espaços de categorias 2 e 3 são aceitos. Lembrando que a final da Liga dos Campeões é em jogo único, e o palco escolhido tem os padrões de exigência mais altos.
Com arquibancadas de madeira, estádio Luis Franzini, do Denfensor, é um dos mais acanhados (Foto: Divulgação)
Visitantes europeus demostram mais equilíbrio
Pedras vindas das arquibancadas, árbitros acuados e bolas desaparecendo podem ajudar a explicar a participação mais tímida das equipes sul-americanas quando jogam fora de casa. E, para Zé Roberto, alguns costumes que persistem nos campos sul-americanos têm interferência real nos resultados das partidas.
- Isso também ajuda (catimba, suposta falta de jogo limpo), junto com outros fatores do próprio jogo. É uma coisa que está na cultura daqui e favorece muito o time da casa - disse ao LANCE!Net.
Mas, com a bola rolando, os times da casa em jogos da Libertadores, em média, realmente dominam com mais facilidade os adversários. Novamente tomando esta edição do torneio como base, os clubes visitantes trocam menos passes, chutam menos a gol e fazem menos gols. A diferença em gols é a média mais expressiva: as equipes fizeram 40% menos gols quando jogaram fora de casa. A frequência de passes caiu por volta de 20% quando os times jogaram fora dos próprios domínios, e o número de finalizações foi cerca de 24% menor.
Passando a análise para o continental europeu, as equipes demonstram mais equilíbrio. Os passes trocados caem apenas 5% quando jogam fora de casa, enquanto as finalizações caem 19% e os gols são 29% menos frequentes. Além de trabalhar mais a bola, chutar e fazer mais gols, as equipes europeias apresentam maior estabilidade quando se compara os números como mandante e visitante.
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