6/4/2014 11:22
O primeiro é inesquecível
Flamengo e Vasco começam a decidir hoje o título do mais deplorável Campeonato Carioca dos últimos anos. O mínimo que se espera é que, pelo menos nestas duas últimas partidas, as arquibancadas se encham e um futebol minimamente razoável seja visto em campo — coisas raríssimas nesse tétrico estadual do senhor Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Rio.
A primeira decisão entre rubro-negros e cruzmaltinos que acompanhei, já como jornalista, foi em 1976, na Taça Guanabara, o primeiro turno do campeonato daquele ano. Eu era apenas um estagiário, no Jornal do Brasil, e o editor de esportes, João Máximo, me incumbiu de produzir um texto com todas as reações e declarações do treinador do Fla, Carlos Froner: antes, durante e depois do jogo. Outro repórter, Arlérico Jácome, se encarregaria de matéria idêntica com o técnico do Vasco, Paulo Emílio.
Naquela tarde, nas gigantescas arquibancadas de cimento, nas cadeiras especiais e azuis e na geral do velho Maracanã, o público pagante foi de 133 mil torcedores. O presente deve ter beirado os 160 mil. Ou seja, o dobro da capacidade atual.
Em campo, o Mais Querido alinhou Cantarele, Toninho, Rondinelli, Jaime (Dequinha) e Júnior; Tadeu, Geraldo e Zico; Caio (Edu), Luisinho e Zé Roberto — sim, o Jaime daquela partida é o mesmo que hoje dirige o Fla.
Já o esquadrão do Gigante da Colina formou com Mazaropi, Gaúcho, Abel, Renê e Marco Antônio; Zé Mário, Zanata (Luís Augusto) e Dé (Jair Pereira); Luís Fumanchu, Roberto e Luís Carlos.
Dois times fortíssimos, cheios de grandes jogadores, como Toninho, Júnior, Tadeu, Geraldo, Zico, Edu, Marco Antônio, Zé Mário, Zanata, Dé, Jair Pereira (ainda que em final de carreira) e Roberto. Sem medo de errar, garanto: NENHUM dos atuais titulares dos finalistas de hoje teria vaga nas equipes que disputaram a final da Taça GB de 1976.
E que decisão foi aquela! Com poucos minutos, Rondinelli e Roberto se estranharam, numa bola alta sobre a área, o zagueiro do Flamengo agrediu o centroavante vascaíno com uma cotovelada e o juiz marcou (corretamente) pênalti. Vasco 1 a 0, graças à cobrança habitualmente perfeita do Dinamite.
O empate só veio no segundo tempo, após linda jogada de Eduzinho (o irmão de Zico). Um autêntico golaço de Geraldo Assobiador (artista da bola que, infelizmente, morreria pouco tempo depois, numa prosaica operação de amígdalas). E, com 1 a 1, acabou a partida.
Na decisão por pênaltis, uma cena inesquecível. Sentado atrás da baliza onde as cobranças eram feitas (naquele tempo os repórteres não tinham a menor dificuldade para entrar no gramado), vi o lateral Toninho Baiano, o quarto rubro-negro a bater, balançar a rede e, punho erguido para a massa rubro-negra, puxar o coro ensurdecedor de “é campeão”. Ato contínuo, do outro lado da arquibancada, a imensa massa vascaína começou a deixar o estádio.
Isso porque Abelão (ele mesmo, o atual treinador) desperdiçara logo a primeira cobrança da turma de São Januário e, depois de Toninho, faltava apenas Zico cobrar para confirmar o título. Mas o Galo perdeu, a torcida cruz-maltina voltou. E Geraldo também falhou, já nas cobranças extras. Resultado: Vasco campeão, com um chute mascado do inexpressivo lateral Luís Augusto. Que jornada!
Expressão de espanto, em frente ao túnel do Fla, o gaúcho Carlos Froner parecia não acreditar no que acabara de ver. Naquele momento, nem tive coragem de lhe perguntar nada. Apenas acompanhei, discretamente, o seu caminhar até o vestiário. Perplexo, ele balançava a cabeça como se dissesse: “Não acredito”! Nenhum flamenguista, naquele momento, acreditava...
Que diferença!
Detalhe: o campeão carioca daquele ano não foi o Vasco nem o Flamengo. Quem levantou o caneco foi o Fluminense, com a famosa “Máquina” do presidente eterno Francisco Horta — venceu a final, contra os vascaínos, por 1 a 0, gol do argentino Narciso Doval. E se garanti que nenhum dos atuais jogadores rubro-negros e cruz-maltinos teria vaga nas suas respectivas equipes em1976, veja se algum tricolor atual engraxaria as chuteiras da turma que desfilava pelas Laranjeiras, na mesma época: Renato, Carlos Alberto Torres, Miguel, Rubens Galaxie e Rodrigues Neto; Carlos Alberto Pintinho, Rivelino e Paulo César Caju; Doval, Rivelino e Dirceu.
Fred no lugar de Doval? Pra mim, nem isso...
Atração à parte
Além do título, Flamengo e Vasco disputam a artilharia do campeonato. No momento, Edmilson tem um gol a mais do que Alecsandro (11 x 10). A contusão do Brocador facilitou a vida do Alecgol, que até então tinha bem menos tempo em campo.
1299 visitas - Fonte: Blog do Renato Maurício Prado
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