Foi só a carga de 52,4 mil ingressos para o jogo decisivo contra o León se esgotar para o Maracanã ser tomado por cambistas. Nas bilheterias, um papel indicava: “ingressos esgotados”. A metros dali, os bilhetes eram oferecidos com ágio de até 500% aos desavisados que sonhavam com um bilhete para a partida que vale a vaga do Flamengo nas oitavas da Libertadores.

O ingresso de sócio-torcedor, mais barato para estimular os rubro-negros a se associarem, virou uma excelente oportunidade de negócio para o mercado paralelo (e ilegal). Comprado a R$ 25 (para o setor Norte, com desconto de mais 50% para estudantes), era oferecido por incríveis R$ 150.

— Esse foi comprado há dois meses, quando lançaram o pacote. O jogo ainda estava marcado para as 22h. Não tem erro — justificou um cambista, garantindo a segurança do negócio:

— Nunca pediram nada. Pode levar tranquilo, sem medo. Te dou meu telefone, pode tirar foto do ingresso. Porque hoje em dia é assim: o cara que compra ingresso falso na rua é burro.

Ninguém passava pela calçada do Maracanã sem ser abordado por cambistas. Tudo diante dos olhos de agentes da Guarda Municipal e policiais militares. Eles estavam em bando nos arredores das bilheterias.

Procurado pelo Jogo Extra, o Flamengo informou que está tomando medidas para inibir o cambismo entre os sócios-torcedores. Dentro de 90 dias, todos os associados terão à sua disposição um cartão-ingresso, que será usado nas catracas do Maracanã em substituição aos bilhetes de papel. A partir daí, terá início uma campanha incentivando os sócios a ativarem o cartão.

Além disso, a diretoria do clube fez questão de lembrar que se o Gepe (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios) tivesse liberado a carga extra de cerca de oito mil ingressos não aproveitados pelos torcedores mexicanos, sua torcida teria mais uma opção e não estaria refém da exploração dos cambistas.