É comum dizer no futebol que as derrotas ensinam mais do que as vitórias. Certamente isto tem relevância e, para o bem do futebol carioca, é preciso que os vexames de Botafogo e Flamengo ensinem isso.

O Rubro-Negro viu sua imensa torcida lotar o Maracanã e bater o recorde de público nesta nova arena. Mais 50 mil pessoas assistiram a derrota e a consequente eliminação do time da Gávea da Libertadores, o que pôs fim ao sonho do Bi. Na Argentina, uma massa também tomou o estádio Nuevo Gasómetro, mas era a da torcida do San Lorenzo – ARG que, com a vitória por 3 a 0 sobre o Botafogo, tirou o alvinegro da competição.

A derrota do Flamengo por 3 a 2 para o León-MEX tem uma explicação: falta de criatividade. Os dois gols marcados deixam claro isso, já que foram mais frutos das trapalhadas da defesa mexicana do que da capacidade flamenguista. No primeiro, o goleiro Yarbrough saiu mal do gol e André Santos empatou de cabeça, enquanto que no segundo Alecsandro bateu bem, mas se não fosse o desvio no defensor adversário, a bola poderia não ter entrado. Essa eficiência ofensiva, que transforma em gol as poucas chances que tem, daria mais uma vez resultado se não fosse a péssima atuação do sistema defensivo da Gávea. Foram dois gols sofridos em jogada aérea e um em contra-ataque que selou a eliminação do time carioca.

Na Argentina, o Botafogo padeceu mais uma vez da falta de identidade, vibração e atitude. Ferreyra, Lodeiro e Jorge Wagner foram exceções a isso e, com uma garra impressionante, fizeram de tudo para o Glorioso sair de lá com a vaga, mas não deu. Airton, que substituiu Marcelo Mattos, fez a pior partida de sua vida. No primeiro gol, avançou para o ataque enquanto o Botafogo começava a sair do seu campo de defesa. Jorge Wagner tentou lançar a bola, mas ela foi interceptado pelo San Lorenzo e terminou em um bom chute de Villalba que, caprichosamente, desviou em Julio Cesar e matou o goleiro Jefferson. Na segunda etapa, Airton cortou mal uma bola na entrada da área e Piatti aproveitou para fazer 2 a 0. Com a derrota, o Botafogo lançou-se ao ataque, mas sem oferecer perigo, ainda levou o 3º gol, novamente através de Piatti.

De cabeça doendo, torcedores e jogadores de Botafogo e Flamengo estão até agora tentando entender os motivos da queda. Isso não foi culpa apenas deste jogo, mas também de partidas chaves que ambas as equipes fizeram no Maracanã. O Botafogo, até a derrota para o União Espanhola-CHI, estava com a vaga assegurada, mas a tragédia no Maracanã os obrigou a ao menos não perder na Argentina. O Flamengo, por sua vez, levou um gol do Emelec-EQU em casa (quando venceu por 3 a 1) que, nesta última rodada, fez uma grande diferença já que foi determinante para que o León jogasse pelo empate. Contra o Bolívar-BOL, sofreu o empate após ter virado o placar e estar com a partida sobre controle. E, por fim, contra o León, foi derrotado.

Se pensarmos no fraco desempenho que os times cariocas tiveram no ano passado e as eliminações de ontem, é possível perceber que o futebol do Rio de Janeiro está em perigo. Em 2013, o Flamengo foi campeão da Copa do Brasil, mas fez uma campanha pífia no Brasileirão, assim como Fluminense e Vasco. O Botafogo, apesar da boa campanha no campeonato nacional, viu seu time ser desmontado em 2014, ficou de fora da fase final do Cariocão e, agora, da Libertadores.

Espera-se que as derrotas de ontem sirvam de lição e aviso de que as coisas como estão sendo conduzidas no Rio de Janeiro podem jogar o futebol carioca na lama.