Fanático FC: ex-goleiro do Fla invadiu torcida do Vasco por final no Maraca

13/4/2014 08:43

Fanático FC: ex-goleiro do Fla invadiu torcida do Vasco por final no Maraca

Terceiro reserva do time rubro-negro nos anos 90, Luís Claudio sofreu para assistir ao tricampeonato carioca em 2001. Atualmente, tem um ponto de encontro de torcedores

Fanático FC: ex-goleiro do Fla invadiu torcida do Vasco por final no Maraca
Arena do Jogador tem um símbolo do Flamengo logo na entrada (Foto: Filipe Rodrigues)

Luís Claudio, o Cacá, se considera um flamenguista privilegiado. Afinal, quantos fanáticos conseguem se tornar jogadores profissionais e defender o clube de coração? Ele conseguiu. Terceiro reserva do Flamengo entre 1991 e 1999, o ex-goleiro tem mais histórias como torcedor do que como atleta. Em 2001, por exemplo, não conseguiu ingressos no setor do Flamengo para assistir à final do Campeonato Carioca contra o Vasco, no Maracanã. Não pensou duas vezes: invadiu a torcida adversária usando uma camisa rubro-negra. Foi hostilizado, xingado, mas saiu campeão graças ao gol salvador de Petkovic, aos 43 minutos do segundo tempo.

Como profissional, preferiu ficar à sombra de goleiros como Gilmar Rinaldi, Julio César e Roger a aceitar propostas de outros clubes. Seu momento de maior glória foi quando pegou quatro pênaltis com uma mão quebrada, em 1994, na sua estreia pelo profissional, durante a Copa Rio. Hoje aposentado, Cacá ainda respira Flamengo. Seu campo de futebol soçaite, em São José dos Campos, interior de São Paulo, funciona como um ponto de encontro da torcida e já chegou a reunir 700 pessoas na reta final do Brasileiro de 2009, conquistado pelo time carioca.

Jogar no Flamengo foi mais do que uma profissão para Cacá. Foi a oportunidade de conviver com os goleiros Gilmar Rinaldi e Zé Carlos e os ídolos Junior e Zinho, além de iniciar a carreira junto com atletas que ganhariam títulos mundiais, como o zagueiro Juan, atualmente no Internacional, o goleiro Julio César, da seleção brasileira e do Toronto FC, e o atacante Aloísio Chulapa. Tão torcedor, só deixou a Gávea ao receber em 1999 uma proposta de Zico para se juntar ao CFZ. A proposta do Galinho, feita pessoalmente, foi irrecusável à época. Defendendo o time de Zico, Cacá até tentou se controlar para não torcer publicamente pelo Flamengo, mas havia rivalidade demais na final contra o Vasco para afastá-lo do Maracanã naquele dia 27 de maio de 2011.

INFILTRADO NO RIVAL

A vontade de ir ao estádio apareceu de última hora. Sozinho, driblou o churrasco que tinha combinado com os amigos para ir comprar ingressos, mas a carga do Flamengo estava esgotada. Foi quando descobriu que havia bilhetes no setor do Vasco. Mesmo com uma camisa do Rubro-Negro, decidiu encarar a fila. Não sofreu violência porque o policiamento foi reforçado. Mas se lembra da hostilidade.

– Jogaram cerveja, saco com urina em mim. Me xingavam de tudo que é nome. Uma hora, um policial se aproximou. Achei que fosse me defender, mas disse que era para eu sair. Não saí. Já estava chegando minha vez. Então ele mandou que eu tirasse a camisa, pelo menos, para evitar a confusão. Tirei, comprei o ingresso e entrei no estádio. Quando deu uma brecha, mudei para o setor do Flamengo e coloquei a camisa de volta.

Entre os 60 mil torcedores, Cacá assistiu a uma das vitórias mais históricas do Fla sobre o rival. Após perder o primeiro jogo por 2 a 1, o Flamengo precisava vencer por dois gols de diferença. Ex-calouro de Cacá na base, Julio César fechou o gol. De pênalti, Edilson abriu o placar, mas Juninho Paulista empatou na sequência. No segundo tempo, mais uma vez Edilson. O camisa 11 usou a cabeça para deixar o jogo em aberto. Nada de retranca. Vasco e Fla atacavam em busca do gol para liquidar o rival.

O grito de alívio de Cacá só se somou ao dos demais flamenguistas aos 43 minutos do segundo tempo. Edilson só foi parado pela zaga do Vasco com falta perto da meia-lua da área. Com uma cobrança perfeita de falta, Petkovic deu o título ao Rubro-Negro. Desta vez, Cacá testemunhou de longe a conquista do Flamengo. Mas como jogador, chegou a ver bem de pertinho ídolos consagrados e aqueles que estavam nascendo.

CRESCENDO COM ÍDOLOS


Cacá durante aquecimento pelo Flamengo. Juan ao fundo (Foto: Arquivo pessoal)

Luis Claudio chegou ao Flamengo em janeiro de 1991, após ser aprovado num teste na Gávea. Nos primeiros treinos, a expectativa de ver os profissionais foi frustrada, mas não demorou para que o sonhado encontro acontecesse. Cacá tinha 15 anos recém-completados. Após o término de um trabalho coletivo das categorias de base, era a vez de o time adulto treinar. Enquanto os jovens iam para o vestiário, o novato parou na grade. Junior, Marcelinho Carioca, Zinho, Nélio, Ailton... Seus ídolos não paravam de entrar.

Na base, o goleiro também viu nomes de destaque do futebol "nascerem". Julio César era um ano mais novo, e em sua categoria estava o zagueiro Juan, que impressionou por sua liderança. Outro grande amigo de Cacá foi o atacante Aloísio Chulapa.

Mas profissionalmente, Cacá jogou pouco pelo Flamengo. Sua estreia foi também sua melhor atuação. Foi em 1994, no jogo da volta contra o Madureira pela Copa Rio. No primeiro jogo, vitória do Fla por 2 a 0. Para o duelo decisivo, Jorcey seria o titular para a vaga do lesionado Adriano. Então terceiro reserva, Cacá foi chamado para compor o banco. Logo no início do jogo, Jorcey foi expulso. Luís Claudio assumiu. Em uma dividida, quebrou quatro dedos da mão, mas se recusou a ser substituído. Com a vitória do Madureira por 1 a 0, o jogo foi para os pênaltis.


Julio César foi calouro de Cacá no Flamengo (Foto: Divulgação/ Site oficial do Flamengo)

– Tinha 17 anos, (à época) era o quarto goleiro do profissional. O Gilmar se machucou, o reserva imediato era o Adriano, que também teve um problema. Fui chamado às pressas para ficar no banco, e logo no início o goleiro Jorcey foi expulso. Era jogo de volta, foi para os pênaltis. Na prorrogação, eu quebrei a mão. O médico quis me tirar, mas eu quis continuar. Peguei quatro pênaltis de cinco, e o Flamengo venceu por 2 a 1 – lembra.

Mas a atuação de gala não fez com que Cacá ganhasse espaço. Chegou a ser emprestado ao Botafogo e deixou o Fla de vez em 1999, quando recebeu o convite para jogar pelo CFZ de Zico. A experiência durou dois anos. Com a ida de Zico para ser técnico no Japão, o clube passou a ter um trabalho mais de revelar do que de competir. Luís Cláudio começou a rodar pelo Brasil. Passou por alguns clubes até que decidiu parar em definitivo aos 28 anos, em 2004, quando voltou a se lesionar. Desta vez pelo Erechim-RS.

O 'MINIMARACA'


Cacá (à direita), com o pai e o irmão no Maracanã, durante a infância (Foto: Arquivo pessoal)

Aposentado, decidiu fazer faculdade. Formou-se em jornalismo e foi trabalhar num instituto de estatística. Com o dinheiro que juntou durante os tempos de jogador, decidiu abrir um negócio após terminar o curso superior. Pela familiaridade com o esporte, optou por um campo de futebol soçaite, em São José dos Campos, onde nasceu e cresceu.

Também aproveitou para voltar a acompanhar o Flamengo com "força total". Com o pai e o irmão, iam sempre ao Maracanã. O problema começou quando o campo de soçaite começou a ganhar popularidade. Os clientes aproveitavam os "rachas" para emendar assistindo a jogos no local. Sem estrutura para ter empregados, Cacá foi tendo que abrir mão de ir aos jogos do Fla para satisfazer os clientes com jogos dos grandes times paulistas. Foi necessário usar a criatividade, e o novo empreendedor descobriu um mercado em alta. Por sorte, envolvia o Flamengo.


Arena do Jogador chega a receber 700 torcedores durante jogos do Flamengo (Foto: Arquivo pessoal)

No dia de jogos do Fla, Cacá começou a chamar alguns amigos para ir ao bar. Comprou uma televisão extra. Em um aparelho, passava o jogo que os clientes pediam. Em outro, num cantinho isolado, o Fla era intocável. O ano era 2009, e o público de flamenguistas nos jogos crescia proporcionalmente ao desempenho da equipe na reta final do Brasileirão, na arrancada com oito vitórias em dez jogos. Os torcedores do Vale do Paraíba queriam um canto para criar o clima de estádio, comemorar os gols de Adriano Imperador, Emerson Sheik e vibrar com as cobranças de bola parada de Petkovic.

Na base do boca a boca, um amigo chamava outro, que convidava mais um, e por aí foi. A data do ápice de público na Arena do Jogador foi 6 de dezembro de 2009. Cerca de 700 flamenguistas compareceram ao local para cantar o hino do Flamengo e, enfim, soltar o grito de campeão após o gol de Ronaldo Angelim, na vitória de 2 a 1 sobre o Grêmio, pela 38ª rodada do Brasileirão.


Arena do Jogador durante jogo do Flamengo (Foto: Arquivo pessoal)

– O pessoal reunido aqui, cantando, é o que mais me faz lembrar o clima de estádio. Quem jogou em grande clube sabe como é. Não joguei como profissional em estádios lotados. Mas fiz preliminares nas categorias de base com mais de 100 mil pessoas cantando – lembra.

Depois do título, Cacá se empolgou e decidiu tornar o local a casa do torcedor rubro-negro no Vale do Paraíba. Pintou o bar de preto e vermelho. Colocou um símbolo gigante do Flamengo na entrada da Arena do Jogador, que passou a ser chamada de "MiniMaraca" pelos torcedores da região. No início deste ano, veio a decisão: transformar o local na embaixada do Flamengo em São José dos Campos.

As tratativas entre ex-jogador e clube estão em andamento. No entanto, segundo a assessoria de imprensa do Rubro-Negro, os novos pedidos para embaixada estão parados devido a questões de "burocracia interna". Há mais de 30 pedidos aguardando respostas.

6743 visitas - Fonte: Globo Esporte


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