21/4/2014 08:24
Chocolate e boa sorte!
Era Páscoa e o avô, o pai e o filho resolveram ir ao jogo juntos. Todos torciam pelo mesmo clube que, naquela tarde, enfrentaria um time pequeno, no Maracanã. Joguinho mole, perfeito pra alegrar o domingão. Mas havia um detalhe: naquele ano a equipe do coração do trio estava longe de ser um esquadrão. E o que era para ser uma tarde de puro prazer logo foi se transformando em filme de terror.
Mal a bola rolou, num contra-ataque veloz, o modesto adversário balançou a rede: 1 a 0. Algo completamente fora da programação daquele tarde sagrada.
— Com mil demônios! — praguejou logo o avô.
— Calma, há tempo pra virar — confortou o pai.
Tempo havia. Mas jogadores de qualidade, não... E apesar da pressão, exercida a partir dali, poucas vezes o goleiro rival teve trabalho. Era só bola alta na área, num jogo medíocre e improdutivo.
— Chuta certo, infeliz!
— Acerta pelo menos um passe, desgraçado...
— Vai ser ruim assim no diabo que o carregue, perna-de-pau!
Pois é... À medida que a partida rolava, sentimentos nada cristãos afloravam na arquibancada. E, obviamente, sobrava também pro juiz:
— Foi pênalti, safado! Vai pro inferno... — esconjurou o avô.
— Aproveita e leva a sua mãe junto! — emendou o pai, fazendo o filho arregalar os olhos de espanto.
Veio o intervalo e o incômodo 1 a 0 seguia firme no placar. Mastigando um cachorro-quente do Geneal, o guri, candidamente, sugeriu:
— Não é melhor a gente antecipar a volta pra casa da vovó, pra eu procurar os ovinhos e os presentes, com calma, antes do lanche?
Os mais velhos nem consideraram a proposta. Erro fatal pois no segundo tempo o panorama só piorou. Em novo contragolpe, na metade do segundo tempo, o azarão marcou mais um e liquidou a fatura, levando milhares de torcedores irritados a se retirarem do estádio antes do apito final. Entre eles, claro, avô, pai e filho, num silêncio sepulcral.
Já a bordo do intimorato fusquinha da família, no trajeto do Maracanã para Copacabana, João Saldanha e Ruy Porto, através das ondas do rádio, excomungavam a atuação dos derrotados. E eram aplaudidos, com entusiasmo, pelo avô e pelo pai:
— Esse time só tem pereba!
— E o técnico? Vai ser burro e teimoso assim no raio que o parta!
— Pior é essa diretoria: não contrata ninguém que preste! Só porcaria...
Em sua inocência infantil, o pequeno já se desligara do mundo da bola. Sonhava com os ovos de chocolate e os presentes que sua avó e sua mãe, certamente, tinham escondido pela casa, aproveitando-se da ida dos três ao Maracanã.
Tão logo a porta da sala se abriu, o menino disparou à procura do que era seu. Um ovo atrás da poltrona, um carrinho escondido embaixo da cama e um livro junto aos potes da cozinha iluminaram o seu rosto. Que contrastava com as caras emburradas do avô e do pai, ainda amuados e rabugentos.
Na hora do lanche, entretanto, a avó fez valer sua condição de matriarca e decretou que a partir daquele instante “não se falaria mais em futebol”. Desligou até a TV, pra evitar a resenha esportiva, permitindo assim que as mulheres da família tomassem a palavra e as rédeas da noite, amenizando o ambiente. Foi quando o pequeno teve um estalo:
— Vô e pai, já sei o que houve! O coelhinho da Páscoa escondeu muito bem o futebol e o nosso time não o achou...
Todos acabaram rindo e mergulhando, com prazer, nos quitutes e doces servidos na farta mesa.
Fica, pois, o conselho para os jogos de logo mais, pela primeira rodada do Brasileirão: assista à partida, comendo chocolate! Pelo menos isso adoçará o seu espírito e afastará um pouco o amargor da bola quadrada que anda rolando na maioria dos nossos campos, hoje em dia, e é bem parecida com a que foi jogada naquele longínquo domingo já perdido na história. Boa Páscoa e bom Brasileirão pra todos!
Devendo e sem poder pagar
Flamengo e Botafogo estreiam, hoje, ainda carregando nas costas (e na cabeça de seus torcedores) o peso das eliminações vexaminosas na fase de grupos da Libertadores. O Glorioso contratou Emerson para reforçar o ataque. Mas um “sheik” só não creio que seja o bastante para tornar a equipe, dirigida agora por Wagner Mancini, realmente competitiva. Já o Mais Querido segue apostando em jogadores de clubes menores e na base da equipe que venceu o Carioca — com a decisiva ajuda de um erro de arbitragem, na última partida.
É fato que ambos enfrentam grandes dificuldades financeiras e não podem, nem devem, fazer loucuras. Mas se permanecerem com estes elencos, salvo grandes surpresas, o Brasileirão deve ser de sofrimento do início ao fim para as duas torcidas...
1358 visitas - Fonte: O Globo
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