goleada sofrida por 7 a 0 contra o Fluminense teve grande repercussão negativa na torcida do Flamengo, e os pedidos de mudanças na base rubro-negra são recorrentes nas redes sociais. Internamente, as cobranças também foram grandes e o clima ficou tenso. Nesta quinta-feira, foi realizada uma reunião entre o coordenador geral da base rubro-negra, Marcos Biasotto, e a comissão técnica dos juniores para falar sobre o jogo.

- Estamos juntando os cacos. Quando se perde de 7 a 0, é natural dar explicações, e a verdade é que só o Fluminense jogou em campo. Jogamos completos, não houve expulsões, e não há desculpa. Fomos muito mal, só o Fluminense jogou. Merecemos perder, mas não adianta entrar em desespero e achar que está tudo errado. O fundamental é resgatar a autoestima desses meninos, que já mostraram em outras oportunidades que têm qualidade - afirma Biasotto.

Algumas mudanças já foram feitas. Após a Copa São Paulo de 2014, o técnico Cleber dos Santos deixou o comando do time sub-20. Marcelo Buarque, com passagem por vários times profissionais, assumiu o cargo. Outro a sair foi o coordenador Toninho Barroso, que deu lugar ao ex-jogador Léo Inácio, vindo do Audax Rio. O time terminou a fase classificatória da Taça Guanabara na liderança com 31 pontos, mas foi eliminado pelo Nova Iguaçu na semifinal.

Mais do que de profissionais, há uma necessidade de mudança na cultura do clube. Dentro da Gávea, ainda é forte o legado da geração de Zico, que originou a frase 'Craque, o Flamengo faz em casa'. O clube, como um todo, investiu muito pouco na estrutura para formar jogadores desde então, e praticamente parou no tempo. Já há uma tentativa interna de mudança nessa mentalidade de que jogadores surgem por 'geração espontânea', mas trata-se de um trabalho a longo prazo, e que esbarra em outras dificuldades.

O orçamento para a base é limitado, inferior ao de equipes como Fluminense, São Paulo, Santos e Internacional. A equipe sub-20 é composta quase em sua totalidade por jogadores da geração nascida em 1995, que estão no time desde cedo. Alguns destaques nos infantis e juvenis, como Lucão e Renato Maceió, não evoluíram como o esperado, e não houve a contratação de reforços. Biasotto explica a decisão.

- A gente chegou à conclusão de que, para trazer jogadores de fora, é complicado, porque normalmente quem tem qualidade, já tem contratos longos com os clubes. E se você vê no mercado, poucos clubes investem em atletas sub-20. Já identificamos o que precisa ser feito, mas temos nossas dificuldades, e se formos analisar, nenhum time tem bons jogadores em todas as posições na base.

Sem poder competir financeiramente com outros clubes, o coordenador geral da base rubro-negra, Marcos Biasotto, investiu na observação de jogadores para categorias menores. Trouxe alguns observadores e atletas especialmente para o sub-17, como Matheus Sávio, meio-campista que veio do Desportivo Brasil, Rocha, lateral-direito que está emprestado pelo Red Bull-SP, Jean, do Audax Rio, e outros jogadores nascidos em 1996 que hoje integram o elenco de juniores, como o volante Daniel.

Os reforços agradaram, e logo se tornaram titulares, mas a derrota por 6 a 1 para o Atlético-MG na semifinal da Copa do Brasil Sub-17 também não foi digerida. O time viajou para a Dallas Cup, nos Estados Unidos, e chegou no Rio de Janeiro no mesmo dia da partida. Após 15 horas de voo, foi completamente envolvido pelos mineiros ainda no primeiro tempo.

- Não foi falta de planejamento. Ali, a Dallas Cup foi marcada antes da Copa do Brasil, e era uma competição do nosso patrocinador, internacional, importante para o clube dentro do campo. Poderíamos ter abdicado da Copa do Brasil, mas não o fizemos pela grandeza do clube. Ainda assim, mesmo com a goleada, temos um vice-campeonato e uma semifinal e estamos em primeiro no ranqueamento da Copa do Brasil Sub-17. É um sinal de que alguma coisa está boa no trabalho - completa Biasotto.