10/5/2014 07:57
Fla-Flu de Jayme e Cristóvão é um avanço. Mas o negro tem pouco a celebrar
Como o racismo impede que outros técnicos negros se destaquem no Brasil
Jayme e Cristóvão dividirão o banco de reservas pela primeira vez | Crédito: Montagem / Alexandre Vidal e Divulgação Fluminense
Ver treinadores negros no comando de grandes equipes é algo raro. Ver dois treinadores negros se enfrentando num dos maiores clássicos do Brasil nem se fale.
Neste domingo, Jayme de Almeida e Cristóvão Borges farão história. Em mais de 100 anos do confronto entre Flamengo e Fluminense, essa será a primeira vez em que dois técnicos negros dividirão o banco de reservas do Maracanã.
Mais do que protagonizarem um acontecimento emblemático, a dupla faz história por outro motivo. Ambos reconhecem que o preconceito racial impede que colegas negros tenham as mesmas oportunidades que eles demoraram a receber.
Ex-auxiliar, Jayme de Almeida assumiu o Flamengo em setembro de 2013, após o pedido de demissão de Mano Menezes, como interino. Tal qual Andrade no passado recente, demitido do clube cinco meses depois de ser campeão brasileiro e com 70% de aproveitamento.
Quando tem chance, o técnico negro é visto como 'tampão', uma solução temporária dos dirigentes. Com Cristóvão Borges não foi diferente. Ele só ascendeu ao posto de interino por causa do AVC de Ricardo Gomes.
Depois de efetivado como treinador, fez o Vasco jogar seu melhor futebol dos últimos tempos no Brasileiro de 2011 e na Libertadores de 2012. Acabou demitido e sofreu ofensas racistas de torcedores em São Januário.
Apesar do sucesso de Jayme e Cristóvão, os negros não têm muito que comemorar no próximo Fla-Flu. Seguem afastados das posições de liderança e comando no futebol, um reflexo do mercado de trabalho no Brasil.
Quantos negros presidem federações? Quantos negros presidem clubes ou ocupam cargos de dirigente? Quantos negros presidem tribunais de justiça de desportiva?
Conte nos dedos. Jayme e Cristóvão são os únicos treinadores negros na série A do Campeonato Brasileiro. Um progresso, já que no início do ano passado não havia sequer um negro escalando entre os 40 clubes das séries A e B.
No entanto, o embate histórico do próximo domingo não ameniza a condição subalterna a que o negro tem sido historicamente relegado no futebol. Algo inexplicável para um país com tantos jogadores negros que brilharam nos gramados.
A desigualdade social não explica a predominância de técnicos brancos. Assim como os negros, a maioria deles também é composta por ex-jogadores que, assim como os negros, provém majoritariamente da parcela mais pobre da população.
Na verdade, há uma explicação mais clara que a pele dos engravatados que decidem os rumos do futebol brasileiro para o negro servir apenas como mão de obra nos gramados: racismo.
1015 visitas - Fonte: Placar
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