Nessa de insistirmos em achar um culpado entre os que vestem a camisa de jogador e comissão técnica, esquecemos dos que trajam terno e gravata e são raramente citados. Fazem um trabalho simpático, pagam as contas, mas não arcam com a nossa paixão. Os tais homens fortes do futebol do clube.
Pagar as contas e, mais do que tudo, recuperar uma credibilidade raramente vista, é um ato de heroÃsmo admirável e, no mÃnimo, respeitável. O Flamengo deve estar no topo, sempre. E estar no topo tem significado passar por um processo que exige abrir mão de determinadas vaidades, exige paciência. Exige seriedade. Exige tanta coisa… Exige até tirar do estádio o rubro-negro desdentado, o rubro-negro do radinho de pilha, o rubro-negro da geral. O rubro-negro. O rubro-negro que faz jus ao que o Flamengo é hoje.
E são exigências que descaracterizam completamente nossa identidade. A identidade de um clube do povo, da gente, da massa. Da massa rubro-negra. De nós, apaixonados, loucos, doentes. De nós.
Doentes por tÃtulos, vitórias, Ãdolos, gols. Doentes por jogadores que vistam o mais sagrado manto de todos e entendam o compromisso que assumiram ao aceitar jogar aqui.
Descaracterizados. Doentes.
No último texto, perguntei à vocês sobre a crise. Ela existe? Já existiu? Pode existir? O "Mas e a crise?" foi apenas um convite à reflexão. O Flamengo não passa por crise, e nem passará por um bom tempo. Não porque está tudo bem e nadamos num belo mar de rosas. Mas com a atual polÃtica, que parece intocável, inabalável e quer nos convencer ser inquestionável, estamos estabelecendo um limite cada vez menor. Um limite inferior, um horizonte de possibilidades e vôos cada vez menores e mais baixos. Muito aquém do que podemos. Uma realidade que se confirma, conforma e preocupa. Se acostumar a jogar para ficar no meio da tabela, e após alguns anos ser rebaixado: crise ou profecia anunciada?
Independentemente do apelo, é inadmissÃvel passarmos um ano inteiro a mercê da boa vontade do acaso, como foi dois mil e treze. Mas automaticamente aceitamos a nova polÃtica e reconhecemos que o "clube não pode gastar no momento."
Não deverÃamos aceitar. De forma alguma deverÃamos aceitar essa imposição perversa, que é benéfica , mas não acalma nossa alma, nem muito menos alenta nosso coração enlouquecido e sedento por um pouco de paz, alegria e sossego.
Que é o que verdadeiramente importa: a nossa paixão.
Srn,
Pedro Caruso.
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