Um inusitado gemido de gol

12/6/2014 08:28

Um inusitado gemido de gol

Um inusitado gemido de gol
Foi a primeira (e única) vez que vi um estádio inteiro celebrar um gol não com o seu tradicional grito, mas com um uníssono gemido de espanto:

— OHHHHHHH!

O Brasil estreava na Copa de 1982, na Espanha, o jogo era em Sevilha, no Estádio Sanches Pizjuan e o chute do soviético Bal, aos 34 minutos do primeiro tempo, fora de longe e com pouca força. Pois nosso goleiro Valdir Perez se agachou, preparou-se para encaixar a bola e...

— OHHHHHH!

A redonda lhe escapou por entre os braços e foi se aninhar no fundo da rede. Ato contínuo, todos os jornalistas brasileiros presentes ao estádio se viraram, na tribuna de imprensa, para Leão, goleiro preterido por Telê Santana, que assistia ao jogo como comentarista de uma rádio gaúcha...

Quem diria, o favoritíssimo esquadrão brasileiro via-se em desvantagem, num jogo e numa Copa em que pisara o gramado pela primeira vez como a aposta mundial para levantar o caneco.

Ah, as dificuldades de uma estreia! Antes mesmo de sofrer o gol, o Brasil já se vira em palpos de aranha. O zagueiro Luisinho, que chegara ao Mundial comparado a Domingos da Guia, não justificava o honroso paralelo.

Estava uma pilha de nervos e cometeu dois pênaltis, ainda no primeiro tempo: num deles, agarrou-se ao braço do atacante Shengelia e custou tanto a largar que houve uma sonora vaia dos espanhóis ao juiz Lamo Castillo, que nada marcou. No outro, deu uma autêntica cortada na bola cruzada sobre a área mas “sua senhoria”, igualmente, ignorou o toque de mão. A atuação do árbitro espanhol foi tão escandalosa que, no dia seguinte, o prestigiado jornal “El País” estamparia, como manchete:

“Lamo Castillo, verguenza nacional!"

Dizia-se, à época que o “ratón”, pouco antes da Copa, passara uma semana no Rio, acompanhado do dirigente brasileiro Mozart Di Giorgio, frequentando diariamente a Plataforma (badalada churrascaria e casa de show de mulatas estonteantes). Tudo às expensas da CBF. Mas isso já é outra história....

Voltando ao primeiro jogo do Brasil na Espanha, somente no segundo tempo, a seleção se encontrou. E que encontro foi esse! O gol de empate foi de Sócrates, aos 29 minutos, apanhando um rebote na entrada da área, driblando um zagueiro e disparando uma magnífica bomba no ângulo do goleiraço Dasaev, que pegava tudo até então.

Faltavam apenas dois minutos para acabar a partida quando veio o gol da vitória. Uma pintura, uma obra de arte daquele time de sonhos, que perderia a Copa, mas entraria para a história.

Paulo Isidoro tocou para Falcão que, percebendo a entrada de Éder, às suas costas, apenas abriu as pernas, desconcertando a zaga e permitindo que o ponta-esquerda do Atlético Mineiro recebesse a bola, livre, ainda a petequeasse uma vez e disparasse um míssil, inspiradamente batizado, por Nelson Motta, como “Edercet” (referência aos Exocet, da Guerra das Malvinas). Uma arma mortal que nos garantiu a sofrida mas empolgante vitória. O porquê dessas reminiscências? Apenas pra dizer: estreia é fogo na roupa...

1016 visitas - Fonte: O Globo


VEJA TAMBÉM
- Flamengo descobre informantes em festa que resultou na punição de Gabigol
- Indiferença do elenco e fim de ciclo: Bastidores da punição a Gabigol no Flamengo
- Desconfiança em relação a Gabigol cresce no Flamengo, afastando a possibilidade de sua permanência



Instale o app do Flamengo para Android, receba notícias e converse com outros flamenguistas no Fórum!

Mais notícias do Flamengo

Notícias de contratações do Flamengo
Notícias mais lidas

Comentários do Facebook -




Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!

Enviar Comentário

Para enviar comentários, você precisa estar cadastrado e logado no nosso site. Para se cadastrar, clique Aqui. Para fazer login, clique Aqui ou Conecte com Facebook.

Últimas notícias do Mengão

publicidade

Brasileiro

Sb - 21:00 - -
X
Vasco Da Gama
Flamengo

Libertadores

Qua - 21:30 -
4 X 0
Flamengo
Bolívar