Mais de dois anos se passaram desde o polêmico jogo entre Santos e Atlético-GO que ficou marcado pela briga entre o craque Neymar e o técnico Dorival Júnior. Hoje no Flamengo, o treinador foi entrevistado por Cléber Machado no programa Esporte Espetacular, e serviu de ‘defensor’ do jogador em um momento em que o camisa 11 da Vila Belmiro vem recebendo uma série de críticas.

“Você não quer vir para o Flamengo?”, brincou Dorival ao final da entrevista. Ao contrário da maioria das opiniões, o técnico do time carioca não acredita que Neymar esteja em má fase? “Olha o que ele tem feito no Paulistão”, justificou o técnico, que deixou no passado o desentendimento que teve com o craque há mais de dois anos.

Na ocasião, Neymar xingou Dorival Jr. após ser proibido de cobrar o pênalti na vitória de 4 a 2 do Santos sobre o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro. “Naquele mesmo instante, ele entrou no vestiário, foi até a nossa sala e nós conversamos”, lembra Dorival, que acabou demitido pela diretoria depois de querer barrar Neymar em clássico contra o Corinthians, na semana seguinte

“A punição, ela é importante, mas quando ela envolve o seu clube, os seus atletas, não é importante. A educação ela acaba em qualquer condição. Você vai comprometer um jogo, ou até um título, mas pode ter certeza que vai ganhar outras coisas lá na frente”, acrescentou.

Extremamente sincero, Dorival não fugiu de nenhum assunto, e relembrou também a polêmica com Paulo Henrique Ganso, na final do Campeonato Paulista de 2010, contra o Santo André. O camisa 10 seria substituído pelo treinador, mas se recusou a deixar o campo. Durante a entrevista, o técnico contou a sua versão, e disse que o próprio Ganso havia dito que estava cansado.

“Nós tínhamos perdido o Marquinhos com 25min do segundo tempo, depois tivemos o Leo junto com o Nunes. Aconteceu uma falta bem próxima ao banco, e o Ganso abaixou e disse que estava muito cansado. Foi a colocação que ele fez. Então veio o momento da expulsão do [Roberto] Brum. Quando eu fiz a alteração, e ele disse ‘vou ficar’, eu fiquei vendido. Não sabia o que fazer. Quem me ajudou foi o Robinho, ele disse: ‘Professor, não tira ele não, tira o André. Foi instinto, porque na hora eu fiquei totalmente vendido”, relembra Dorival.

Deixando as polêmicas do Santos de lado, Dorival também aproveitou a entrevista para disparar críticas com os bastidores do futebol, entre eles o relacionamento que (não) existe entre os técnicos, além de falta de educação e compromisso dos jogadores de hoje em dia.

“Nossos erros são grandes. É uma falta de respeito entre nós mesmo, treinadores não se respeitam, não existe cumplicidade, amizade. Jogador não tem nenhum compromisso, é uma irresponsabilidade muito grande. Hoje nós valorizamos profissionais como o Ceni, o Marcos, o Seedorf, o Guiñazu... Mas vamos ver ser a gente preenche as duas mãos”, completou.