Além da derrota para o Grêmio, no sábado, o Flamengo lamentou que a presença de sua torcida não tenha sido a dos sonhos do clube. Não que a massa rubro-negra não tenha atendido ao chamado para comparecer ao jogo. Pelo contrário. A multidão rubro-negra que lotou o Maracanã — 59.680 presentes, com 51.858 pagantes, recorde do campeonato — poderia ser mais numerosa se uma série de “nós” burocráticos e exigências legais não limitassem a 52.400 a carga de ingressos à venda.

A capacidade do Maracanã é de cerca de 78 mil lugares. Mas o Gepe (Grupamento Especial de Policiamento de Estádios), da PM, exige o bloqueio de 6.000 assentos para um cordão de proteção à torcida rival. Além disso, há 7.000 gratuidades (crianças, idosos, acompanhantes de portadores de deficiência etc.), 1.000 cortesias e cerca de 5.000 cadeiras cativas. Tantas exigências derrubaram o número de ingressos à venda a cerca de 52.400, incluídos os 10% bloqueados exclusivamente para torcida adversária.

O técnico Vanderlei Luxemburgo sabe que o Flamengo entra no segundo turno do Campeonato Brasileiro em posição mais cômoda do que quando assumiu o time, então na briga contra o rebaixamento. Mas insiste que o alerta continua o mesmo de quando chegou: é preciso entrega, doação e humildade para encarar os confrontos, superá-los e “sair da confusão”. Por isso, continua contando com o apoio da torcida.

Para quarta-feira, contra o Goiás, na Arena Pantanal, o treinador terá as voltas de Éverton e Wallace. Como conhece bem o grupo, Luxemburgo celebra o retorno dos dois. O meia-atacante e o zagueiro cumpriram suspensão automática na partida contra o Grêmio.

Para Luxemburgo, com os dois, o time ganha qualidade. Com eles, o Flamengo conquistou cinco vitórias seguidas. A volta de Éverton, sobretudo, é considerada importantíssima. Como é leve, tem boa visão na organização das jogadas de meio de campo pelo lado esquerdo, e é capaz de atuar em alta velocidade e ditar o ritmo da equipe. A ponto de Luxemburgo dizer:

— Velocidade no futebol é tudo hoje em dia. O Éverton está em grande momento, assim como Wallace, que também faz falta. Não é uma questão de criticar quem jogou contra o Grêmio. O Flamengo fez uma boa apresentação, mas faltou um pouco de sorte nas conclusões. O importante é que a torcida reconheceu o esforço de todos. Viu entrega e aplaudiu os jogadores na saída de campo — disse o técnico, que lamentou a ausência de Paulinho. O atacante será operado pelo médico José Luiz Runco, na quinta-feira, para corrigir lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito, e só deve voltar a jogar no próximo ano.

— Paulinho é um outro jogador veloz, que se movimenta por todos os lados do campo — afirmou Luxemburgo. É o tipo de jogador que nos ajuda muito. Sempre faz falta. Agora, vamos em busca de uma solução, pois sinto todo o grupo envolvido no objetivo de fazer um grande segundo turno.

O apoio da torcida, diz ele, será fundamental para o time fazer um bom segundo turno, segundo o treinador:

— A torcida do Flamengo é fora do comum. Constatou a entrega de todos, está prestigiando e vai ser fundamental para a gente vencer os jogos dentro de casa. Fora, é acreditar e partir com tudo para somar mais alguns pontos — disse o técnico. — Temos um início de segundo turno difícil, com muitos jogos contra equipes fortes, mas estamos dispostos a fazer um grande papel. É questão de acreditar nas vitórias e ir com tudo, sem perder a cabeça por uma ou outra derrota que possa acontecer. A meta continua a mesma de sair da confusão e tentar ir o mais longe possível, com os pés no chão.

Os jogadores ganharam um dia de descanso, ontem, e, hoje, vão se reapresentar no Ninho do Urubu. Como o jogo contra o Goiás será na Arena Pantanal, em Mato Grosso, Vanderlei está confiante em grande presença da torcida, já que o número de rubro-negros no estado é muito grande.

— Temos de tirar proveito. Vamos jogar com um número maior de torcedores. Uma boa chance para iniciarmos o segundo turno com uma vitória fora de casa — concluiu Luxemburgo.