O momento de Hernane é mágico. O atacante, que por pouco não deixou o Flamengo depois de um início complicado no clube, marcou oito gols em oito jogos em 2013, é o artilheiro do Carioca e caiu nas graças da torcida. O encanto não veio por jogadas bonitas e dribles desconcertantes. Longe disso. Com simplicidade e eficiência, o jogador cumpre sua função de centroavante com características comuns em todos os gols que fez na temporada: bom posicionamento e finalização precisa.

Sempre que marcou, Hernane estava no lugar certo e na hora certa, como um típico goleador. Ele deixou a sua marca contra Quissamã, Volta Redonda, Nova Iguaçu, Friburguense e nos clássicos contra o Vasco e o Botafogo.

Contra o time de General Severiano, pela sétima rodada da Taça Guanabara, o camisa 9 marcou o gol mais emblemático pelo clube, de canela, na vitória por 1 a 0. A famosa frase do ex-atacante Dadá Maravilha - "não existe gol feio, feio é não fazer gol" - cai como uma luva para o artilheiro.

- Concordo plenamente com o Dadá. O importante é vencer. Fiz o gol meio de canela num clássico. Acho que foi bonito por ter sido contra o Botafogo. De canela ou de bico, quero é vencer. Foi o gol de canela que garantiu a classificação para a semifinal - vibrou o camisa 9.

Dadá Maravilha, que também jogou no Flamengo, rasgou elogios ao Brocador. O ex-atacante mandou um recado ao camisa 9 rubro-negro: ele deve fazer apenas o que sabe, sem inventar dentro de campo.

- Eu quero parabenizá-lo pela humildade de jogar simples. Ele sabe que o futebol dele é limitado, mas é de produção. Se ele jogar com essa humildade, o caminho dele é a Seleção. Mas, se for no palpite dos caras de que tem que jogar bonito, dar trivela e outras coisas, vai cair como um meteoro. Não tem que inventar e fazer o que ele sabe. O que foi o Dadá? Um homem humilde que tinha consciência de que não sabia driblar, tabelar e fazer jogadas bonitas. Eu corria oito metros para dar um passe de dois, porque, se eu desse de três metros, errava. Mas eu sei que dentro da área eu fui um fenômeno - disse Dario.

O caminho para se tornar ídolo do Flamengo está traçado. Se não nasceu com a técnica apurada, demonstra que o faro de gol está em dia. Gaúcho, atacante que brilhou no Rubro-Negro e conquistou o título brasileiro pelo clube, em 1992, e a Copa do Brasil, em 1991, lembrou que tinha características parecidas com a do Brocador.

- Eu acho o Hernane um bom centroavante. Chuta bem com as duas pernas e cabeceia bem. É do meu estilo. Não tem muito recurso técnico, mas sabe finalizar. É o típico homem de área. Tem tudo para se dar bem no Flamengo. É do jeito que a torcida gosta, tem vontade e raça. Não adianta ele querer inventar. Se fizer o que sabe, vai longe. Sou flamenguista e estou torcendo para ele nos dar alegria - comparou Gaúcho.

O maior centroavante da história rubro-negra tampouco gozava de um talento extraordinário. Porém, ele compensava com a presença de área. Nunes ficou conhecido como o Artilheiro das Decisões por balançar as redes nos jogos mais importantes do Flamengo. Com três títulos brasileiros, em 1980, 1982 e 1987, uma Libertadores, em 1981, e um Mundial, no mesmo ano, Nunes colecionou gols importantes e marcou o nome na história do clube.

- O Hernane está sabendo aproveitar as oportunidades. Está colocando a bola para dentro e isso é que vale. Vive um momento importante. Desejo sorte e que ele continue assim, fazendo os gols. É manter a humildade e a postura que vem tendo e continuar trabalhando - elogiou Nunes.

Hernane disputará o primeiro jogo decisivo dele pelo Flamengo contra o Botafogo, domingo, às 16h, no Engenhão, pela semifinal da Taça Guanabara. O Rubro-Negro joga pelo empate, mas, se depender da motivação do Brocador, a torcida pode esperar mais gols do artilheiro.

Gols de Hernane no Carioca
1ª rodada - Flamengo 2 x 0 Quissamã - 2 gols
3ª rodada - Flamengo 1 x 0 Volta Redonda - 1 gol
4ª rodada - Vasco 2 x 4 Flamengo - 1 gol
5ª rodada - Flamengo 1 x 0 Nova Iguaçu - 1 gol
6ª rodada - Friburguense 0 x 4 Flamengo - 2 gols
7ª rodada - Flamengo 1 x 0 Botafogo - 1 gol
* Raphael Bózeo, estagiário, sob a supervisão de Luciano Mello