André Santos curtiu férias "forçadas" com amigos
(Foto: Reprodução / Instagram)
A última partida foi disputada há 72 dias. Tempo suficiente para o lateral-esquerdo André Santos deixar para trás a polêmica saída do Flamengo, respirar fundo e encarar um dos desafios mais inesperados da carreira. Ainda nesta semana, o jogador deve desembarcar na Índia, onde defenderá nos próximos três meses o FC Goa. Convidado pessoalmente por Zico, treinador da equipe, o ex-rubro-negro vai se aventurar na nova Indian Super League (ISL) e, por tabela, aprimorar a forma física para retornar ao alto rendimento em 2015.
Enquanto não embarca, André Santos desfruta os últimos dias das longas férias "forçadas". Na segunda-feira, chegou dos Estados Unidos, última perna do tour que fez na companhia da família - passando também por Florianópolis, onde tem moradia.
Enquanto estava na Disney, o telefone tocou. Do outro lado, um ídolo fez a proposta que mudou o rumo de seus últimos meses de 2014.
- O Zico me ligou diretamente e eu fiquei muito feliz. Isso é algo grande, e vai juntar o útil ao agradável. É um futebol que está crescendo, com a chegada de campeões. O Zico é um ícone, vai atrair os olhares para essa competição. Esses últimos dois meses foram bons para curtir família, amigos.
Curioso com o que vem pela frente, André Santos evita dar corda para polêmicas a respeito do passado recente. Apesar de campeão carioca e da Copa do Brasil, o jogador de 31 anos encerrou sua segunda passagem pelo Flamengo de maneira conturbada. Agredido por torcedores em Porto Alegre, depois da derrota por 4 a 0 para o Internacional, dia 20 de julho, foi demitido na reapresentação do elenco, dois dias depois, em episódio conturbado.
Na noite da segunda-feira seguinte à goleada, o diretor executivo do Flamengo, Felipe Ximenes, informou ao empresário Carlos Leite que o jogador não estava mais nos planos. Na manhã seguinte, confirmou o desejo de rescisão contratual a André Santos e o mandou para casa. Minutos depois, negou a dispensa em entrevista coletiva, mas foi desmentido pelo jogador logo em seguida. Dois meses depois, o lateral nunca mais sequer treinou no Ninho do Urubu e já tem seu contrato rescindido.
- Em momento nenhum eu quis deixar o Flamengo. Sempre coloquei a cara para bater, nunca fui covarde, não ia me esconder naquele momento. O Flamengo, sim, me mandou embora, mas passou. Não vem ao caso falar disso agora. Torço pelo clube e pelos meus amigos - disse André Santos.
Antes de se apresentar ao FC Goa, André Santos atendeu o GloboEsporte.com para falar do novo desafio e passar a limpo seus últimos episódios no Flamengo. O lateral deixou claro que não desejava deixar o clube e reafirmou tanto o comunicado de dispensa feito pela diretoria quanto a agressão sofrida em Porto Alegre, apesar de os clubes a terem descaracterizado em julgamento no STJD:
- As pessoas que são do futebol e estavam lá, viram. Não preciso mentir, nunca precisei disso.
André Santos manteve a forma jogando futebol soçaite (Foto: Anderson de Pádua/Majo Sports)
Confira a íntegra da entrevista:
GloboEsporte.com: Depois de mais de dois meses parado, você vai para um mercado ainda desconhecido no futebol mundial. O que te fez aceitar ir para a Índia?
André Santos: estava sentindo falta do futebol. Depois de toda turbulência no Flamengo, acertamos a rescisão, que foi boa para todo mundo. Tirei um tempo para curtir a família, mas tem hora que sentimos falta de estar com a bola, treinar, correr, sentir o clima de disputa. O Zico me ligou diretamente e eu fiquei muito feliz. Isso é algo grande, e vai juntar o útil ao agradável. É um futebol que está crescendo, com a chegada de campeões do mundo. O Zico é um ícone, vai atrair os olhares para esta competição. Esses dois meses foram bons para curtir família, amigos. Joguei as peladas que sempre joguei lá em Floripa, falaram que eu estava jogando soçaite, mas me mantive trabalhando a forma física. Agora, falta ritmo, o que é normal.
O que você tem de informação a respeito do que vai encontrar lá? É um país com cultura muito diferente, futebol ainda em fase de crescimento...
Tudo preocupa. Não vou tirar meu filho da escola, minha família está adaptada e gosta do Rio. Está no meu contrato que a família vai me visitar com frequência. Lá é tudo diferente, a comida, a cultura, mas conversei bastante com o Zico e com amigos, que me disseram que o país é bom, a cidade é desenvolvida e tem uma das melhores praias do mundo. É um grande desafio. Vou morar no hotel onde o Zico mora, que tem tudo, e vai ser importante para não ficar parado.
Quais são as suas pretensões para esse retorno ao Brasil no fim do ano?
Tenho algumas propostas, fui especulado por alguns clubes para o ano que vem (quando deixou o Fla, já tinha feito mais de sete jogos no Brasileirão). Fiquei feliz, mas ainda não sei o que vai ser do futuro. Não ganhei tantos títulos na carreira à toa. Quero voltar bem. Tenho somente 31 anos e muito para vencer no futebol. Mesmo com a turbulência no Flamengo, foi um período em que ganhei títulos, disputei. Esse tempo parado me fez sentir falta de tudo isso. Quero voltar ainda melhor em janeiro de 2015.
André Santos com a família na Disney
(Foto: Reprodução / Instagram)
Passados 70 dias, qual seu sentimento a respeito de tudo que aconteceu na sua saída do Flamengo? Houve alguns ruídos de comunicação no episódio da dispensa, você afirmou que o clube o informou da rescisão, a diretoria tentou contemporizar...
Fiquei triste com os acontecimentos, mas não tenho mágoa. Tenho certeza que não deixei nenhum inimigo. Pelo contrário, fiz grandes amigos, pessoas que sempre tento encontrar.
Prefiro até não comentar o que aconteceu para não dar margem
para que as pessoas falem. Todo mundo sabe o que houve. Não preciso mentir ou omitir nada. Fiz parte da formação desse time. Torço muito pelo sucesso do Flamengo, torço pelo Luxemburgo, que é um excelente treinador.
Diante de tudo o que aconteceu naquele fim de semana, com protestos no embarque para Porto Alegre e a agressão no Beira-Rio, você acredita que ficou mais cômodo para o clube agir daquela maneira, até para te jogar contra a torcida?
Acredito que talvez sim. Até pelo problema que tive com os torcedores. Em momento nenhum eu quis deixar o Flamengo. Sempre coloquei a cara para bater, nunca fui covarde, não ia me esconder naquele momento. O Flamengo, sim, me mandou embora, mas passou. Não vem ao caso falar disso agora. Torço pelo clube e pelos meus amigos.
Pouco depois, em julgamento no STJD, o Flamengo se defendeu afirmando que não havia provas de que você teria sido realmente agredido, colocando em dúvida sua palavra. O que você pode falar sobre isso?
As pessoas que são do futebol e estavam lá, viram. Não preciso mentir, nunca precisei disso. Sou um homem casado, pai de família. Se foi melhor para os clubes alegarem isso na defesa, não posso fazer nada. Sei o que houve, não conto histórias. Sou verdadeiro e honesto.
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