Pés pelas mãos: Paulo Victor se destacou em 2014 defendendo a meta do Flamengo

24/12/2014 11:11

Pés pelas mãos: Paulo Victor se destacou em 2014 defendendo a meta do Flamengo

Filho de atacante, Paulo Victor agarrou a vaga de titular do Flamengo com a mesma segurança que tem demonstrado em campo. Sorte dos rubro-negros

Pés pelas mãos: Paulo Victor se destacou em 2014 defendendo a meta do Flamengo
"Pô Paulo Victor, assim não dá!" O goleiro rubro-negro já perdeu as contas de quantas vezes ouviu essa frase, ou outras de sentido parecido, dos companheiros. Tudo porque ele faz questão de dar atenção e luvas para cada filho de jogador que vai acompanhar o pai nos treinos.

A garotada volta para casa pensando em trocar os pés pelas mãos, justificando a cobrança brincalhona de quem joga na linha. Filho do atacante Vidotti, que jogou no Corinthians nos anos 80, Paulo Victor explica que só repete o que fizeram de bom por ele.

“Sempre que eu acompanhava meu pai nos treinos, ficava perto dos goleiros. Meu pai jogou com o Rodolfo Rodrigues e o Palmieri, e os dois sempre me deram atenção”, recorda ele, que se diz louco por criança.


Com o pai Vidotti, ex-atacante de Lusa e Corinthians, nos tempos de Comercial-RP | Crédito: Arquivo Pessoal

Filhos já estão nos planos. Há cerca de um mês, Paulo Victor se casou no civil com a dentista Priscila, de 24 anos. O casamento no religioso vai acontecer em dezembro. Apesar de recém-casado, o goleiro de 27 anos está planejando o primeiro rebento para logo. “Quero que meu filho me veja jogar, vá aos treinos, entre em campo comigo. Quero que ele lembre”, diz ele, que acompanhou de perto parte da carreira do pai. Agora é Vidotti que acompanha a sua, mesmo morando longe, no Mato Grosso. “Só hoje falei com ele três vezes por telefone”, conta Paulo Victor, sorrindo.


O jovem Paulo Victor | Crédito: Arquivo Pessoal

O goleiro de 1,87 metro anda mesmo rindo à toa. Depois de dez anos de Flamengo, nove deles no profissional, finalmente chegou sua chance de brilhar e se firmar como titular. E ele a agarrou com a mesma segurança que tem demonstrado em campo. Prova disso foram os dois pênaltis que defendeu no jogo contra o Coritiba, em 4 de setembro, no jogo que classificou a equipe para as quartas de final da Copa do Brasil — fora outro, defendido em cobrança de Rogério Ceni em um empate em 1 x 1 com o São Paulo em 24 de setembro. O Flamengo já está fora da Copa do Brasil e não tem chances de título no Brasileiro, mas recuperou-se de um momento terrível com a ajuda das atuações de seu goleiro. “A gente treina para pegar pênalti, tem uns truques. Mas é segredo”, despista o preparador de goleiros rubro-negro Wagner Miranda, que treinou Paulo Victor na base, em 2005, e desde 2013 o treina nos profissionais: “Ele tem uma técnica apurada e uma velocidade de deslocamento muito boa. Para o Paulo Victor, só faltava jogar mais. Quanto mais ele jogar, melhor vai ficar”, diz Wagner.


Paulo Victor teve um ano regular no Flamengo, pegando dois pênaltis | Crédito: Getty Images

O resultado das boas atuações é uma idolatria com a qual ele não estava acostumado. Um amigo, dono de loja de material esportivo, outro dia ligou para Paulo Victor para contar que sua camisa era a mais vendida do momento. “Ele me disse que inclusive fazem questão do meu número, 48. Ouvir isso foi uma das coisas mais emocionantes da minha carreira”, lembra o goleiro, que viu o assédio crescer enormemente desde que assumiu a vaga de titular, com a chegada de Vanderlei Luxemburgo, em julho.

O momento atual, diz Paulo Victor, está fazendo toda a espera valer a pena. Nos últimos nove anos, ele foi reserva de Diego, Getúlio Vargas, Marcelo Lomba, Bruno e Felipe. Jogou 89 partidas, entre 2006 e 16 de novembro deste ano. Chegou a passar três anos — 2007, 2008 e 2009 — sem entrar em campo pelo time principal. Teve um bom momento em 2012, com Joel Santana. Com a chegada de Dorival Júnior, voltou a sentar no banco. “Na hora a gente fica magoado, mas ele teve os motivos dele. Tive um convívio de oito meses, e ele sempre esteve do meu lado, conversando comigo. Passei por mais de 20 técnicos nesses anos, e todos foram importantes. Aprendi com todos”, diz, sem esconder que Joel e Luxemburgo ocupam um espaço especial em sua vida. “O Joel foi o primeiro a confiar em mim como titular. E o Luxemburgo não só me promoveu, mas eu também sou grato pelo que ele fez pelo Flamengo. Porque esse é o mesmo elenco que estava em último lugar no Brasileiro quando ele chegou. Não conseguimos chegar agora onde o Flamengo merece, mas o que conquistamos é uma vitória. Ele resgatou a confiança dos jogadores.”

A confiança do próprio Paulo Victor nunca se abalou nesses nove anos de luta. É claro que ele teve momentos de tristeza, mas nada que tirasse seu foco: ser titular do Flamengo. “Muitas vezes eu fui para casa chorando no caminho, no carro. Pedia: ‘Senhor, me dê forças!’. E voltava no dia seguinte e trabalhava. Foi bom para eu entender que as coisas não acontecem quando a gente quer, elas requerem esforço. Posso dizer que sou feliz hoje. E que fui feliz nesses dez anos, por fazer parte desse clube”, afirma, revelando que tem uma frase na qual sempre se escorou: “O elogio não me tira do chão e a crítica não me derruba no chão”.


Contra o Cruzeiro, fez uma de suas melhores partidas no ano | Crédito: Getty Images

Ele também não se abala quando seu nome é vinculado ao de Bruno, ex-goleiro de quem era muito amigo e que atualmente está preso acusado de ser o mandante da morte de Eliza Samúdio. Nem às noitadas, que, garante, ficaram no passado. “O Bruno foi um cara que me ajudou muito aqui no Flamengo. Foi um ídolo do clube. Não cabe a mim falar sobre o lado de fora do futebol. Cada um trilhou sua vida, cada um seguiu seus passos”, diz ele, que é evangélico. E completa: “Todo jovem sai, é natural do ser humano. Não fiz nada de mais, nada diferente. Se tivesse feito algo errado, o primeiro a me punir teria sido o Flamengo, e isso nunca aconteceu”.

Em vez disso, Paulo colecionou amizades ao longo de seus anos no clube. Ronaldinho Gaúcho já disse que um dia eles vão jogar juntos de novo. Entre seus padrinhos de casamento, por exemplo, estarão Éverton, Vágner Love e Dedé. A lua de mel atrasará uma semana, já que, antes de viajar, ele próprio será padrinho nos casamentos de Dedé e Vágner Love, que ocorrem alguns dias após o seu.

Com Dedé, por sinal, ele nunca jogou. Mas o destino os aproximou, já que a noiva do zagueiro do Cruzeiro é amiga de infância da mulher de Paulo Victor.

Homem de linha

Quando era criança, o goleiro jogava na linha, como seus futuros compadres. Foi volante e lateral-esquerdo até os 13 anos no Assisense, clube do interior de São Paulo que disputa a quarta divisão no estado, mas sempre quis defender — no gol, de preferência. Seu técnico da época, Roberto Carlos, o Mé, não deixava: “Fica na linha, você é bom aí!” Até que, um dia, o goleiro faltou a um jogo e Paulo Victor foi improvisado na posição. Defendeu um pênalti, fez um gol de falta e convenceu o treinador de que seu lugar era aquele. O pai o acompanhava de perto e fazia questão de ser sincero nas avaliações das atuações do filho. Também o ensinou a não desistir. “Sou um cara paciente, mas bota um pouco disso na conta dos meus pais. Herdei isso deles.”


Os primeiros passos, ainda garoto, jogando na Ilha | Crédito: Arquivo Pessoal

Tão paciente que, mesmo na reserva, recusou inúmeras propostas de outros clubes brasileiros da primeira divisão, que o procuraram em diversos momentos de sua carreira. “Eu entrava no time, saía, e as sondagens e propostas apareciam. Só que meu objetivo era conseguir vencer aqui, ser titular aqui. Porque não há lugar maior. Não há clube maior.” A oportunidade, por exemplo, veio quando o time estava em último lugar na tabela do Brasileirão e a torcida já sofria com a ideia de cair para a série B no próximo ano e ter que abandonar a provocação com os rivais, aquela que avisa a eles que “time grande não cai”. “Cada jogo era uma final. Claro que a gente prefere entrar em bons momentos, mas tem que estar preparado para o pior.”

Mas e agora, que o objetivo de ser titular no Flamengo foi alcançado, o que quer Paulo Victor? Não é mais um garoto, mas ainda tem uns dez anos de futebol pela frente, no mínimo. “Já estou no maior do Brasil. Agora posso, sim, pensar em seleção e em grandes clubes da Europa. Mas sou feliz no Flamengo. Terminar a carreira aqui também seria importante”, afirma ele, que admira o palmeirense Marcos, em primeiro lugar, mas também Rogério Ceni. “Acho que goleiro tem que ser o mais simples possível. Mas pela característica do Rogério Ceni de sair bem do gol, de jogar com os pés, é importante saber isso também”, analisa ele, que de uma coisa tem certeza: não quer ficar no mundo do futebol quando pendurar as luvas.


Com Wagner Miranda, preparador de goleiros do Fla | Crédito: Juan Dias

O xará tricolor

Outro Paulo Vitor fez sucesso no Flu nos anos 80. Mas Vidotti diz que o nome do filho nada tem a ver com o tricolor, e sim com a sua fixação pelo nome Victor — seus outros filhos são Victor Hugo e Marcello Victor.


Paulo Victor era o nome de goleiro ídolo no rival, Fluminense | Crédito: Ignacio Ferreira

A sombra

Acostumado a ser “sombra” de outros goleiros que passaram pelo Flamengo nos últimos nove anos, Paulo Victor agora tem sua própria sombra. Aos 22 anos, o reserva César já mostrou do que é capaz e que está pronto para deixar o banco. Ao entrar pela primeira vez com a camisa 1 na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013, numa partida contra o Cruzeiro, ele deixou torcedores boquiabertos ao fechar o gol com cinco defesas daquelas chamadas impossíveis e demonstrar segurança incomum para um estreante.

César chegou ao Flamengo em 2010. No ano seguinte, foi destaque do time campeão da Taça São Paulo de Juniores de 2011 e, convocado para a seleção sub-20, fez parte do grupo que venceu o Mundial da categoria, na Colômbia. Também integrou a equipe comandada por Ney Franco que disputou os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara. O treinador de goleiros Wagner Miranda enaltece as qualidades de César: “Ele sai muito bem do gol e tem ótimo posicionamento”. Resta saber se, tal como Paulo Victor, ele possui outra virtude: a paciência para agarrar a chance na hora certa.


César, de 22 anos, é o principal concorrente de Paulo Victor | Crédito: Futura Press

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