Aos 48 anos, Jorginho crê ter amadurecido o suficiente para assumir o Flamengo. Crucificado pela crítica por demonizar a imprensa e, supostamente, dar preferência a jogadores religiosos quando era auxiliar de Dunga na Seleção, o treinador tenta exorcizar os estigmas do passado. Nesta segunda-feira, ao ser apresentado na Gávea, garantiu que não mistura mais fé com trabalho e prometeu manter uma boa relação com os jornalistas. O velho conhecido dos rubro-negros jura seguir agora uma nova filosofia.

“A questão é muito clara: aqui é profissional. Religião é uma coisa extra, cada um na sua, como diz o Aílton (Ferraz, auxiliar técnico). O tempo passou, e a gente amadurece. Sei que tivemos algumas situações difíceis em termos de Copa do Mundo, mas já passou. Como eu disse, nós amadurecemos com o tempo”, disse Jorginho, que, no primeiro contato com a imprensa, buscou a remissão seus pecados. Inclusive dos que ainda não cometeu.

“Vou procurar sempre ser educado. Se em algum momento perder o rebolado, vai ser de momento, mas procuro ter sempre um bom relacionamento”, afirmou.

Em 2005, Jorginho começou a carreira de técnico no América. De cara tentou mudar a mascote do time de diabo para águia. Não conseguiu, mas fez um bom trabalho.

Na Seleção, conheceu o céu e o inferno em quatro anos. A eliminação na Copa do Mundo de 2010 o obrigou a buscar a ressurreição como treinador. Mas quase se queimou ao ficar apenas dois meses no Goiás e deixar o time quase rebaixado. Depois de boa passagem pelo Figueirense e campanha discreta no Kashima Antlers, do Japão, Jorginho quer a redenção.

“É uma enorme satisfação retornar após a passagem de 1984 a 89, quando tive a honra de defender o Flamengo. Tive a chance de ser campeão brasileiro, carioca, e jogar com o nosso maior ídolo, o Zico. Ele me ensinou muito sobre ser profissional. Trabalhamos juntos no Kashima. É uma alegria, um grande desafio, mas estou muito bem preparado”, concluiu.