Filme mostra fim da geral do Maracanã como reflexo da elitização do RJ

15/4/2015 13:55

Filme mostra fim da geral do Maracanã como reflexo da elitização do RJ

Filme mostra fim da geral do Maracanã como reflexo da elitização do RJ
Geral do Maracanã, palco da final da Copa do Mundo entre Argentina e Alemanha, está fechada desde 2005





O documentário “Geraldinos”, dez anos após o final do setor popular, prova que o Maraca não é mais nosso. Selecionado pelo festival “É Tudo Verdade”, o documentário que mostra o fim da geral como um reflexo da elitização do Rio de Janeiro estreia nesta quarta-feira, em São Paulo.

Geraldinos foi dirigido por Pedro Asbeg e Renato Martins. Frequentadores do Maracanã, os dois resolveram filmar as últimas dez partidas da geral, realizados no ano de 2005, antes do fechamento do estádio para a reforma voltada aos Jogos Pan-Americanos 2007.

Os diretores pretendiam lançar o filme nos anos seguintes, mas resolveram esperar no momento em que o Maracanã foi confirmado como sede da final da Copa do Mundo – a arena também será usada nos Jogos Olímpicos 2016. Os megaeventos, portanto, mudaram o foco do documentário.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), um dos depoentes do filme, transcende o aspecto meramente esportivo ao analisar o fechamento do setor mais popular. “O fim da geral é o fim de uma concepção de estádio e a derrota de um projeto de cidade”, constatou.

Embora claramente separadas – e com os mais pobres à mercê dos dejetos atirados pelos mais ricos -, diferentes classes sociais estavam representadas no velho Maracanã. Na nova arena, com assentos no modelo padrão Fifa, o diretor Pedro Asbeg vê paralelos com a cidade.

“O que ocorreu no Maracanã é um reflexo daquilo que nós, cariocas, estamos vivendo há alguns anos: uma bolha imobiliária falsa e especulativa. O processo de exclusão, elitização e até de limpeza que aconteceu no estádio vem acontecendo na cidade. O Maracanã é apenas o microcosmo. Tem o mesmo endereço e o mesmo nome, mas é outro estádio”, disse.

Com preços populares e visão desfavorável, a geral colocava no mesmo plano craques consagrados e gente que reunia o dinheiro para entrar com pedidos do lado de fora. No espaço anárquico, sem divisão de torcida, o espectadores eram livres para atacar junto com seus times, xingar os técnicos incessantemente e até desprezar o jogo. “A geral era uma possibilidade”, resume o historiador Luiz Antônio Simas.

No documentário, Zico revela que tinha vontade de comemorar seus gols com os torcedores da geral, Romário conta que começou a acompanhar futebol torcendo pelo América-RJ ao lado do pai no setor popular e Júlio César Uri Geller fala que jogadores reservas distribuíam alimentos para os fãs em troca de pedidos por suas entradas durante os jogos.

Pedro Asbeg dirigiu bem-sucedido Democracia em Preto e Branco, lançado no ano de 2014


Os depoimentos dos geraldinos são ainda mais saborosos. Celebridades como Mister M (Vasco), Vovó Tricolor (Fluminense), Chapolim (Botafogo) e Índio da Geral (Flamengo) foram entrevistados. Assim como o torcedor que invadiu o campo do Maracanã em um Fla-Flu de 1982 para pedir clemência a Zico e se gaba de ter impedido uma histórica goleada rubro-negra.

“Fomos descobrindo a geral enquanto filmávamos. Pouco a pouco, as pessoas se sentiam mais à vontade, e percebemos que naquele setor existiam situações muito específicas, apesar das condições desfavoráveis para assistir uma partida”, contou Asbeg.

O documentário mostra o polêmico processo de concessão do estádio. Marcelo Frazão, diretor de marketing da concessionária, classifica a geral como um espaço “extremamente incômodo, inseguro e quase insalubre”, do qual “ninguém sente saudades”.

A visita das antigas celebridades da geral ao novo estádio, devidamente caracterizadas nas cores dos respectivos times, prova que o executivo está equivocado. “Foi um momento de tristeza, saudosismo e melancolia. Eles já não reconheceram aquele como o lugar em que viveram boa parte dos momentos positivos de suas vidas”, contou Asbeg.

Os preços dos ingressos no Maracanã, pano de fundo da discussão entre os quatro grandes e a autoritária Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), mudou o perfil do público e alijou alguns torcedores do estádio, segundo o diretor do documentário.

“Não tenho a menor dúvida de que a maior parte dos geraldinos não vai mais ao Maracanã. Isso afeta a relação dessas pessoas e dos filhos delas com o futebol. A partir do momento em que a relação passa do estádio para a televisão, dá no mesmo torcer pelo Flamengo ou pelo Barcelona”, declarou Asbeg.

Com orçamento de aproximadamente R$ 300 mil e rico material de acervo, Geraldinos tem sua primeira exibição no Rio de Janeiro marcada para quinta-feira, com parte dos entrevistados presentes. Futuramente, o documentário será veiculado pelo Canal Brasil.

“A Copa passou, e o Maracanã já dá sinais de depreciação e prejuízo. O estádio não é mais um bom negócio. A mesma coisa vai acontecer com o Rio de Janeiro, os preços atuais são insustentáveis. Acho que esse é o principal trunfo do filme: mostrar como o futebol ilustra a sociedade”, reiterou Asbeg.

1090 visitas - Fonte: Gazeta Esportiva


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