CBF e Bom Senso travam debate no Congresso sobre mudanças do futebol

7/5/2015 16:53

CBF e Bom Senso travam debate no Congresso sobre mudanças do futebol

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, representantes dos atletas e dos dirigentes divergem em temas como MP do Futebol e o calendário brasileiro

CBF e Bom Senso travam debate no Congresso sobre mudanças do futebol
Alex representa o Bom Senso F.C em audiência pública nesta quinta-feira (Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados)

Representantes da CBF e do movimento Bom Senso F.C. travaram nesta quinta-feira mais um debate acirrado sobre os caminhos necessários para a modernização do futebol brasileiro. Em audiência pública de mais de quatro horas realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, as duas partes demonstraram respeito entre si, porém, divergiram fortemente em alguns pontos. As principais controvérsias ocorreram nas discussões sobre as contrapartidas exigidas pela MP do Futebol e a questão do calendário do futebol brasileiro.

Durante o debate, que contou ainda com a participação de especialistas, parlamentares e do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, o jogador recém-aposentado Alex levantou duas das principais bandeiras do movimento Bom Senso: a reestruturação do calendário e a participação dos atletas nos conselhos deliberativos. Ele também foi incisivo ao defender a Medida Provisória 671, assinada pela presidência em março e que tramita no Congresso Nacional. Conhecida como MP do Futebol ou Profut, a medida renegocia as dívidas dos clubes com a União em troca de contrapartidas que incluem, entre outras coisas, o rebaixamento de inadimplentes e a obrigatoriedade de medidas de transparência e gestão como limitação de mandatos, participação de atletas nos conselhos e prestações de contas na internet. Além dos times, as regras atingiriam também as federações estaduais e a CBF, o que resultou em uma enxurrada de críticas por parte dos dirigentes, que consideram a MP intervencionista.

- Sinceramente, não vejo intervenção. O governo mais uma vez está dando as mãos aos clubes para que possam resolver o problema das dívidas. Se a CBF é uma entidade que não precisa esconder nada, somente coloca no regulamento das competições os critérios. Agora, isso é uma discussão política, que demanda tempo, interesses de vários os lados. Mas olhando como alguém que só quer o bem do futebol, não vejo intervenção do governo. As pessoas apenas querem clarear, colocar em forma de lei, para que não precisemos daqui a 20 dias estar novamente discutindo o problema - afirmou Alex.

O ex-jogador cobrou a participação dos atletas nos conselhos deliberativos e mais transparência nas entidades que administram o futebol. Para ele, há pessoas dentro das organizações que entendem muito pouco sobre a realidade do esporte no país.

- É preciso que tenhamos democracia nas federações, nos clubes, na CBF. Não vejo como ingerência uma entidade como a CBF ser mais democrática. Uma entidade que levanta R$ 500 milhões (valor aproximado de arrecadação da CBF em 2014), e os jogadores, que ajudam a arrecadar esse valor, não têm um voto dentro das federações e da própria CBF. Não participam desses conselhos para discutir o futebol... Chegou o momento de as coisas funcionarem de uma maneira diferente - completou o meia.

Pelo lado da CBF, participou do debate o secretário-geral, Walter Feldman. Ele disse que a nova gestão, iniciada com a posse de Marco Polo Del Nero no dia 16 de abril, concorda com medidas de modernização na entidade máxima do futebol brasileiro e nas federações, como a inclusão de atletas nos conselhos. Porém, defendeu que elas sejam aplicadas de forma independente e chamou as contrapartidas exigidas na MP de inconstitucionais.

- Temos balizados fundamentos jurídicos e constitucionais que levam a crer que a MP tem rasgos dramáticos de inconstitucionalidade, que não podem ser admitidos. As mudanças não podem vir com medidas intervencionistas. É no debate, na democracia das instituições (...) O sistema de funcionamento do futebol tem regras e é baseado no código civil. Não pode ser apenas uma vontade de mudar, tem que ter regras. O que não aceitamos é isso, vir através de uma lei, fora da independência e autonomia da organização do futebol. Mas o próprio Marco Polo acha que podemos começar a discutir nos arbitrais com os clubes a participação dos atletas. Ele, pessoalmente, acha que atletas, árbitros e treinadores poderiam dar suas contribuições. O que ele diz é que o mundo mudou, a democracia é mais constante e temos que nos adaptar aos novos tempos.

Feldman citou uma série de medidas já tomadas pela nova gestão da CBF, como a realização do seminário com os técnicos, outro encontro com profissionais da área médica dos clubes e a previsão de um grande congresso para discutir o futebol nacional que será realizado em data ainda não informada. Destacou ainda a criação de um grupo de trabalho para discutir a relação com os jogadores, a instituição de uma área de planejamento estratégico, a contratação de uma consultoria para coordenar o projeto de reestruturação e a adoção de regras de contabilidade e fluxo de processos.

- São 20 dias de gestão. Em qualquer administração, se esperam 100 dias para começarem as críticas ferozes e contumazes. A nós, nenhum dia foi dado. Imediatamente começou o processo de crítica feroz (...). Há um voto de confiança na sociedade democrática, e qualquer governante que se estabelece tem 100 dias para apresentar suas propostas e começar a ter os primeiros resultados. Não se pode dar um voto de confiança com condição. Tem que acreditar em um novo modelo, na administração diferente que estamos dispostos a fazer - afirmou Walter Feldman.

O problema do calendário

Além das questões que envolvem a MP do Futebol, outro ponto de embate entre Bom Senso e CBF foi a questão do calendário. O movimento voltou a questionar a discrepância entre o grande número de jogos em curtos períodos e a falta de agenda para outros.

Para exemplificar a questão o Bom Senso levou para audiência o jogador Pedro Ayub, capitão do Brasília, do Distrito Federal. O time disputou no primeiro semestre o campeonato brasiliense, a Copa do Brasil e a Copa Verde. Porém, sem conseguir o título candango - ficou com o vice-campeonato -, terá como calendário para o segundo semestre apenas a Copa Sul-Americana - vaga conquistada com o título da Copa Verde de 2014 -, onde poderá ser eliminado em dois jogos.

- Nesse primeiro semestre, fizemos 26 jogos em três meses. Quase um a cada três dias. Em alguns casos, tendo que fazer longas viagens como na Copa do Brasil e na Copa Verde. Agora, vamos ter quatro meses praticamente parados. Temos ainda essa situação da Sul-Americana. No DF, ainda são muitos outros atletas em situação difícil. Eram 11 times no campeonato candango, 10 fecharam as portas. Se contar atletas e funcionários, são cerca de 50 pessoas por time desempregadas. E são muitos clubes no país nessa situação. Não têm estrutura e calendário adequado para se adaptar e ter mais condições aos atletas e o pessoal de apoio - afirmou Pedro Ayub.

Questionado sobre a questão do calendário, Walter Feldman admitiu que há problemas. No entanto, ponderou dizendo que a solução não é algo fácil e destacou as melhorias que já foram feitas.

- Houve um aumento de seis para 13 competições (organizadas pela CBF), o que é algo difícil. Até porque cada competição tem a questão financeira, tem que pagar. Tem o conflito de datas, mas é uma grande mudança. Temos futebol praticamente o ano inteiro. A ideia da pré-temporada está sendo cumprida, o que é um fato também relevante. Há um problema real de uma quantidade considerável de jogadores que ficam sem atividade durante o ano. Como resolver isso? É uma questão complexa, mas vamos enfrentar

Segundo o secretário, a CBF tem a questão da melhoria do calendário como uma de suas prioridades, mas é preciso se estudar com calma as opções para que não sejam feitas mudanças que tornem a situação ainda pior.

- Na minha avaliação, dá para melhorar todo o calendário. Só temos que encontrar uma fórmula que seja melhor que a atual. Porque, quando se muda algo que já está enraizado, tem que saber as mudanças que isso trará em todo o sistema. Envolve muita gente, patrocinadores, torcedores. Às vezes, alguma coisa não se realiza como o esperado e causa um problema ainda maior. A mudança tem que ser cuidadosa. Criamos um grupo de trabalho para resolver as questões com clubes e jogadores, e o calendário é o primeiro item da pauta. Nesse grupo, todas as questões serão trazidas e levadas para um plenário maior para serem tomadas as decisões.

Alex também reconheceu não ser simples a questão do calendário, mas ressaltou que algumas melhorias são bastante viáveis e afirmou: há falta de disposição dos responsáveis pela agenda de mudar.

- Realmente é complexo. Mas há algumas soluções. A CBF tem que fugir desse discurso de complexidade e de se esconder atrás dele. Tem que tentar resolver. Existem situações no Brasil cada vez mais ridículas. Equipes que jogam a Copa do Brasil pensando em perder para ter a Sul-Americana. Existe o caso do Brasília, que tem vaga na Sul-Americana e não joga a Série D. Esse tipo de situação é simples de resolver. O calendário se torna complexo até pela preguiça das pessoas de pensarem e executarem. A dificuldade existe, mas tem solução para isso, e ela passa pelas pessoas que estão na CBF - concluiu o ex-jogador.

642 visitas - Fonte: Globoesporte


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