Vitória da Conquista perdeu final para o Bahia (Foto: Romildo de Jesus / LANCE!Press)


As Séries A e B do Brasileirão começaram no último fim de semana. No próximo sábado, a bola rola para a Série C. Por fim, a Série D tem seu início previsto para julho. Mas às margens do calendário do futebol nacional, 584 clubes registrados pela CBF estão fora de tais competições e, portanto, inativos até o início de 2016.

A grossa lista vai de clubes tradicionais, como CSA, a recém-fundados, como Maringá. Um exemplo emblemático é o Vitória da Conquista: vice-campeão estadual, o clube se garantiu na Copa do Nordeste de 2016, mas automaticamente perdeu vaga na Série D, por causa de falha no regulamento.

Quem também se encontra em situação delicada é o Moto Clube. O segundo maior campeão maranhense não conseguiu vaga à Série D e corre risco de se despedir nesta quarta-feira da Copa do Brasil (visita a Ponte Preta, em Campinas, após perder a ida por 2 a 1). A perspectiva de voltar a jogar só em 2016 assusta...

– O Moto Club é um clube de tradição. Acaba ficando sem calendário, o que deixa muitos jogadores, funcionários e até ambulantes desempregados. Todos são prejudicados – disse Waldemir Rosa, diretor de futebol do Moto Club, ao L!.

Para amenizar o problema da falta de jogos, a Federação Brasiliense, com apoio de demais federações (como a maranhense), se revoltou e agora tenta alterar o regulamento da Série D junto à CBF. Ao invés de 40 clubes (27 representantes estaduais, quatro rebaixados da Série C e mais nove equipes indicadas pelo ranking das federações de SP, RJ, MG, RS, PR, SC, GO, PE e BA), a ideia é aumentar as vagas para 48. Assim, os estados de CE, RN, AL, PA, MT, PB, MA e DF ganhariam mais uma equipe cada.

– Que os dirigentes responsáveis pelo nosso futebol se sensibilizem e não deixem esses jogadores pais de família desempregados a partir de maio – acrescentou Rosa.

Independentemente da decisão da CBF, cerca de 20 mil jogadores ficarão sem trabalho. Diante das dificuldades, são muitas as equipes que simplesmente deixam de existir: segundo levantamento da Pluri, 80 agremiações fecharam as portas nos últimos três anos.

A FORMAÇÃO DAS DIVISÕES NO BRASILEIRÃO

Séries A, B e C
As três principais divisões do futebol nacional têm 20 clubes. Na Terceira, em razão dos gastos elevados com deslocamento para clubes de menor expressão, há uma subdivisão regional. A Série C também acaba antes de A e B.

Série D
Serão 40 clubes, também subdivididos regionalmente nas fases iniciais. Cada Estado tem pelo menos um clube, mas GO, SP e RJ têm três e MG, PE, BA, PR, SC, RS e PB têm dois. Vagas são obtidas a partir dos Estaduais. Há cinco dúvidas.

Série E?
Proposta do Bom Senso FC visa dar calendário nacional com pelo menos 17 datas a todos os clubes que deixarem os Estaduais no primeiro semestre. Proposta já foi apresentada à CBF, mas ainda não houve qualquer resposta.

EXEMPLOS DE TIMES SEM CALENDÁRIO

CSA

Maior campeão alagoano da história, com 37 taças, não tem mais nenhum torneio profissional em 2015.

Vitória da Conquista

Clube foi vice no Baianão, mas por regulamento a vaga ficou com o Colo Colo.

Santo André

Campeão da Copa do Brasil de 2004, clube abdicou de sua vaga na Copa Paulista por receio de ter prejuízo.

Paulista

Equipe de Jundiaí venceu a Copa do Brasil de 2005. Hoje em dia não tem vaga nem na Série D.

Itabaiana

Terceiro maior campeão do estado de Sergipe, equipe é mais uma a sofrer sem jogos até 2016.

Bangu

Time carioca chegou ao vice-campeonato brasileiro em 1985. Hoje já vive à espera do ano que vem.

Inter-SP

A Inter de Limeira foi campeã do Paulistão de 1986. Quase 30 anos depois, sofre sem calendário nacional.

Maringá

Equipe foi fundada apenas em 2010. Se perder do Santos nesta quarta, encerra as atividades na atual temporada.

Moto Club

Com o segundo maior número de títulos do MA, time quer jogar a Série D. Sem vaga, chances são remotas.