A preocupação com o predomínio de Corinthians e Flamengo na distribuição do dinheiro da televisão no futebol brasileiro chegou a Brasília nesta sexta-feira, quando um grupo liderado por André Horta, filho do ex-presidente do Fluminense Francisco Horta, emitiu comunicado alertando sobre a "espanholização" do futebol brasileiro e pediu ajuda ao senador Romário.

O temor é que aconteça no Brasil o mesmo que ocorre na Espanha, onde a dupla Barcelona e Real Madrid leva praticamente metade de todo dinheiro da TV. Mas, pelo cenário atual, isso ainda está longe de acontecer.

Segundo números do consultor Amir Somoggi, com os dados dos balanços financeiros dos clubes de 2014, o Flamengo faturou R$ 115,1 milhões com direitos de TV e o Corinthians R$ 108,7 milhões.

Isso significa que o Palmeiras, o terceiro da lista, com R$ 80,6 milhões, faturou o equivalente a 70% da receita flamenguista e 74% da corintiana. Já o Grêmio, o décimo no ranking (R$ 59,7 milhões), levou 52% do dinheiro do time da Gávea e 55% do alvinegro paulistano.

Na Espanha, o abismo entre a dupla Barça e Real e o resto dos competidores do Espanhol é muito maior. Foi o que aconteceu, por exemplo, na temporada 2013/2014.

Naquele campeonato, os dois gigantes do futebol mundial receberam, cada um, 140 milhões de euros por direitos de TV, ou cerca de R$ 490 milhões pelo câmbio atual.

Já o Valencia, o terceiro no ranking, ficou com 48 milhões de euros (R$ 168 milhões), ou só 34% da receita dos gigantes. Pior aconteceu com o décimo que mais faturou com TV: a Real Sociedad, que com seus 25 milhões de euros levou o equivalente a apenas 18% das receitas da dupla Barça e Real.

A partir de 2016, haverá um aumento na cota de TV do Brasileiro, que deve fazer crescer um pouco a diferença entre Corinthians e Flamengo e os demais clubes, mas que ainda ficará longe da perversa realidade do Campeonato Espanhol.