Fama e Paixão: é hoje que Ludmilla vive o funk e o Fla como nunca mais

14/8/2015 12:14

Fama e Paixão: é hoje que Ludmilla vive o funk e o Fla como nunca mais

Funkeira bate bola na Gávea com Adílio e Júlio César Uri Geller, ídolos do passado, mostra habilidade, fala de suas preferências e leva fé na dupla Guerrero e Sheik

Fama e Paixão: é hoje que Ludmilla vive o funk e o Fla como nunca mais
Parecia que Ludmilla conhecia a dupla rubro-negra há muito tempo: entendimento perfeito (Foto: André Durão)

Acima do peito, perto do ombro esquerdo, a tatuagem denuncia: "Viver cada segundo como nunca mais." Assim é a vida de Ludmila. A Ludmilla Oliveira. A MC Ludmilla. A ex-MC Beyoncé. Aos 20 anos, ela desfruta do sucesso, seja entre o público jovem, seja para quem curte sua música, o funk que pulsa cada vez mais Brasil afora. Ao chegar à sede da Gávea, vestiu logo a camisa do Flamengo. Não demorou para ser reconhecida e celebrada pelos sócios. E enquanto distribuía autógrafos parecia estar num parque de diversões. Olhava de cima a piscina, corria de um lado para o outro, registrava aquele momento todo no celular, tudo era novidade. Ao encontrar Adílio e Júlio César, o Uri Geller, craques dos anos 1970 e 1980, campeões na época de ouro, fez uma viagem ao passado e se impressionou com as histórias da dupla que pulava os muros do clube para ter a chance de treinar e vencer na vida.

- Vocês sempre andam assim, juntos? - perguntou a funkeira, ouvindo em seguida a origem dos dois ídolos: a Cruzada São Sebastião, ali por perto, um conjunto habitacional criado perto da antiga Favela do Pinto, incendiada e substituída pelo condomínio Selva de Pedra. Ludmilla logo se identificou. Criada em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, teve também, conforme Adílio mesmo lembrou, que superar "os muros" da vida para chegar ao sucesso.

Os dois ídolos estavam curiosos para saber se Ludmilla era boa de bola como ouviram falar e não se decepcionaram. "Faz o elástico!", ensinou Júlio César. E Ludmilla mandou ver logo na primeira tentativa. "Quero ver matar bonito no peito!", pediu Adílio, prontamente atendido. "Duvido dar essa lambreta!", provocou Uri Geller, que encobriu a funkeira mas levou o troco logo em seguida. Sim, as peladas da infância e adolescência entre os garotos em Caxias apuraram a habilidade - jornalistas também já a enfrentaram num duelo contra o time do pagodeiro Belo, confirmaram que a menina leva jeito e é "enjoada" para se marcar, conforme disse o repórter Richard Souza, do GloboEsporte.com.

- Os garotos odiavam levar ovinho e chapéu, mas eu nem queria saber. Só não gostava de ficar correndo pra marcar e roubar bola. Sou que nem o Romário - confessou Ludmilla às risadas, reconhecendo preferir a posição de atacante quando está "com gás" ou o meio-campo se estiver cansada da maratona de shows que vem fazendo -cerca de 20 por mês..

Ludmilla ainda joga, nos poucos horários disponíveis. Na Gávea, com a camisa 10 rubro-negra e o nome às costas, matou a saudade da bola com o altinho junto dos eternos ídolos e se divertiu a valer. Contou que a paixão pelo Flamengo começou com o pessoal do condomínio onde estudava, e o tio, conhecido como China, tratou de levá-la logo ao Maracanã. Não lembra do primeiro jogo em si - a primeira recordação remete a um Fla-Flu vencido por 3 a 2, em 2010, com dois gols do argentino Bottinelli -, mas se arrepiou com a torcida, o bandeirão e as músicas nas arquibancadas. Sempre a música... Fã de Léo Moura e Paulinho, teve como maior vibração como torcedora a conquista da Copa do Brasil em 2013 e leva fé na dupla Emerson e Guerrero. Tem até versão para as arquibancadas de seu grande sucesso, "Hoje". E torce para que um dia seja cantada.

- Hoje, o Mengão dá sacode, a galera explode, e arrepia a massa toda - começa a cantar no vídeo (assista acima), com o jeito extrovertido escancarado nas mensagens gravadas para os filhos e netos de Júlio César e Adílio. "Seu pai e avô é f...!!!!!", mandou o palavrão, no aumentativo, para a família de Uri Geller. "Seu pai e avô é o p... do bagulho!!!!", repetiu para os parentes do eterno camisa 8 rubro-negro, arrancando risadas de todos no campo da Gávea. Autenticidade é pouco.


Ludmilla ganha camisa de Adílio, bate bola com ele e Júlio César e surpreende ídolos (Foto: André Durão)

Essa coisa de jogar bola, como começou? Controle de bola você tem...
Ah, comecei a jogar lá perto de casa, em Caxias, no colégio, no condomínio onde morava... Sempre gostei. E eu ficava misturada mesmo com os meninos. Nunca teve problema não. Mas eles sempre ficam na bronca quando dou ovinho, chapéu. Eles não gostam. Mas não quero nem saber. Parto pra cima...

Explica essa história de que o Fluminense já tentou te contratar...
Tem essa história, sim. Uma vez um cara do Fluminense me viu jogando e me chamou para treinar lá no time feminino. Mas tinha que ficar em Xerém, era muito longe, acabei não indo. Não lembro direito, devia ter uns 14, 15 anos. Na verdade, nunca pensei em ser jogadora. Meu negócio sempre foi a música. Queria mesmo era ser cantora.

Continua jogando? E em que posição?
Só consigo jogar quando tenho algum tempo, por causa dos shows. Gosto de uma pelada à noite, na Cidade de Deus. Quando eu tô cansada, prefiro jogar de meia, ali atrás. Quando tô com gás, jogo de atacante, é minha posição preferida. Mas não gosto de ficar correndo muito pra marcar, não, nem de ficar dando carrinho. Sou que nem o Romário... (risos).


Ludmilla mata a bola com categoria (Foto: André Durão)

Mas quando vira torcedora, aí gosta do jogador raçudo, né?
Ah, como torcedora adoro. Sempre que alguém dá um carrinho, salva alguma jogada perigosa, manda para a lateral, eu vibro muito. Flamengo é isso também.

O que está achando desse encontro com o Adílio e o Júlio César, dois ídolos do passado?
Ah, adorei. Dois ídolos da história do Flamengo, meu tio sempre falou deles, a geração do Zico, né? Faltou o Zico aqui... Deu pra ver o quanto eles ainda são bons de bola, fazem tudo com a maior naturalidade. É só encostar na bola que você já vê. Incrível.

Já disseram que vão te chamar para jogar com eles. Os dois excursionam com o time de masters do Flamengo e também participam de peladas por aqui. Vai topar?
É só combinar o dia, tô dentro. Quero muito. O horário só não pode é bater com show. Adorei bater bola com eles. Maior onda.

Como começou sua paixão pelo Flamengo?
Foi por causa do pessoal do condomínio onde morava, lá em Caxias. Devia ter uns seis, sete anos de idade. E todo mundo do condomínio era Flamengo. Quando tinha jogo era bandeira, era blusa, todo mundo pendurado. Aí falei: "Pô, vou entrar nessa moda." Aí torcia pro Flamengo. Depois meu tio me levou pro Maracanã. Aí, adeus...Com aquela torcida maravilhosa...

Você estava comentando sobre a relação do futebol com a música...
Acho que tem tudo a ver. A galera quando está num show meu vibra o tempo inteiro, canta todas as músicas, do começo ao fim. E a torcida do Flamengo é a mesma coisa, ou mais. É surreal a emoção de um flamenguista no Maracanã. Quando eu vou, eu fico toda arrepiada.

Qual sua música preferida das que a torcida canta na arquibancada?
"Tu és time de tradição, raça amor e paixão, ó meu Mengooo..." Muito linda, até canto essa nos meus shows..


Ludmilla se impressiona com história de ídolos que pulavam muros da Gávea (Foto: André Durão)

Gostaria de um dia ver uma canção sua adaptada pela torcida sendo cantada nos jogos?
Claro, ia adorar. Até tenho uma versão de "Hoje" para a arquibancada. "Hoje, o Mengão dá sacode, a galera explode, e arrepia a massa toda..."

Lembra do primeiro jogo?
Do primeiro jogo não lembro o placar, mas não esqueço quando cheguei ao estádio, vi aquela torcida linda na arquibancada. Aquele bandeirão desceu. Os gritos da torcida. Tudo isso me deixou arrepiada. Ali eu vi que era Flamengo mesmo. Mas meu tio fala sempre de um Fla-Flu, o Flamengo ganhou por 3 a 2, saí do Maracanã muito feliz, vibrei muito com os gols.

Costuma ir muito ao Maracanã?
Só quando dá, né? Muito show, gravação... Falta tempo. Gostaria de ir mais.

Também acompanha pela TV? Como é a torcedora Ludmilla?
Ah, seja no Maracanã ou em casa, pela TV, eu grito muito. Xingo, torço, como qualquer torcedor.

Algum jogador irritou muito você?
Eu xingava muito o Obina. Gostava dele, mas de vez em quando fazia umas besteiras.

Qual é seu grande ídolo rubro-negro?
Sempre fui fã do Léo Moura. Não só pelo futebol dele. Pô, o cara ganhou quase tudo no Flamengo.

E o jogador atual preferido?
Ah, o Paulinho, sempre gostei muito dele, foi muito importante também quando o Flamengo foi campeão da Copa do Brasil. Jogou muito. Do time atual, conheço também o Sheik, o Guerrero, o Canteros, o Paulo Victor, goleiro. Gostava também do Felipe.

Animada com a contratação do Guerrero?
Muito. Não só com ele, mas com o Sheik também. Esse ataque tem tudo para dar certo no Flamengo.

E o jogador mais bonito?
O mais bonito é o Canteros. Tem o Guerrero... Mas o Guerrero é casado...

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