Vizeu na chegada ao Flamengo em 2013 Foto: Arquivo Pessoal
Eleito o melhor jogador da Copinha e chamado para integrar o elenco profissional do Flamengo, o atacante Felipe Vizeu nunca teve vida fácil. A perda do avô no dia da final contra o Corinthians foi apenas um dos obstáculos do jovem de 18 anos. Natural de Três Rios, Vizeu se destacou no América-MG, mas lá teve problemas com falta de comida e água, além de dinheiro para os estudos, e decidiu sair através da Justiça. O episódio fez o Flamengo e outros clubes interessados, como Internacional e Corinthians, esperarem. Depois de seis meses treinando em Cabo Frio sem esperança, a decisão saiu e o jogador fez o que seu coração mandou.
— Ele até pensou que nunca mais ia dar certo no futebol. Porque foram várias audiências e o juiz não dava nem um papel que ele poderia ir para outro clube — lembra Igor Vizeu, irmão mais velho, de 20 anos, que ao lado do pai, Marco, a mãe, Luciana e o caçula Kayky curtem a boa fase.
—Ainda não caiu a ficha dele. Ele não está acreditando — resume Igor.
A família sempre esteve ao lado de Felipe. Em 2012, quando faltou tudo para os atletas treinarem no América-MG, o atacante tinha que ir a pé para as atividades. Em uma das caminhadas, foi assaltado. O pai, que era dono de uma concessionária de veículos, buscou ajuda e resolveu desligar o filho do clube. Passado o pior, Felipe se apresentou em 2013 ao Flamengo e foi crescendo. Captado por Marcos Biasotto, que chegou naquele ano indicado pelo diretor Paulo Pelaipe para reformular a base, ele e outros jovens ganharam uma cozinha e um alojamento reformados.
— O mais importante foi limpar, demitir um monte de gente que atrapalhava, recuperar e reformar todo alojamento, cozinha, dar condições de trabalho para comissão técnica, sala de musculação que não existia, centro de acompanhamento de atletas, contratação de olheiros em todas regiões do Brasil, tudo isto foi realizado pelo Biasotto com ajuda do Noval — lembra Pelaipe, citando os principais responsáveis.
Com o mínimo de condições, Felipe Vizeu conseguiu mostrar seu valor. Na decisão contra o Corinthians, no entanto, mais um susto. Às 5h, seu avô, Arlindo, que o inspirou a jogar futebol, já que foi jogador do Botafogo, faleceu. O empresário Dudu Baptista e o pai de Vizeu decidiram preservá-lo. Três horas após a partida, Felipe ficou sabendo da perda. Em campo, Vizeu segue os passos do avô e as dicas do pai.
— Meu pai sempre diz: Felipe faz o simples bem feito depois tenta algo diferente. Se fosse escolher alguma palavra para ele eu falaria: humildade e simplicidade — conta o irmão, orgulhoso.
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