Nos próximos dias, ele promete dominar o noticiário por ter em mãos os dois reforços mais cobiçados do mercado brasileiro: Alexandre Pato e Robinho. Centro das atenções, Adriano Galliani é vice-presidente do Milan, “cria” assumida de Silvio Berlusconi e ostenta, com mais de 20 anos como cartola, um currículo recheado de beldades conquistadas e escândalos.

O homem forte do clube italiano tem 68 anos de idade e começou sua carreira empresarial em pequenas empresas da cidade de Monza, onde ele nasceu. Seu primeiro grande projeto foi justamente aquele que levantou sua carreira. Ainda nos anos 1970, ele comprou uma empresa de recepção de sinais de televisão e passou a negociar com empresários do setor.

Um deles, é claro, foi Silvio Berlusconi, que à época já detinha a Telemilano e anos depois seria um dos maiores magnatas do setor. Os dois se tornaram sócios em empresas de comunicação e passaram a prosperar. Galliani faria sua primeira incursão no futebol em 1984, ao assumir um cargo no Monza.

Dois anos depois, quando Berlusconi resgatou o Milan da falência comprando o clube, Galliani virou o CEO da equipe. O cargo mudou sua vida. A partir daí, ele tornou-se conhecido e começou a exercitar o lado conquistador. Em todos estes anos, se acumulam as beldades conquistadas.

Três delas viraram casamentos. O primeiro foi com a apresentadora de TV Daniela Rosati, que acabou em 1999. De 2004 até meados de 2010 foi a vez da modelo marroquina Malika El Hazzazi, que logo daria lugar à brasileira Helga Costa.

Só que a história de Galliani no Milan não se resume às mulheres que ele levou aos camarotes do estádio San Siro. Seu primeiro grande momento aconteceu em 1991, no auge do Milan de Maldini, Rijkaard, Gullit e Van Basten.

A equipe disputava um mata-mata contra o Olympique de Marselha e perdia por 1 a 0. O resultado que eliminaria os italianos pareceu inevitável quando o juiz apitou aos 45 minutos do segundo tempo e houve uma invasão de campo. O árbitro se apressou a informar que não tinha terminado o jogo, mas a confusão somada a um apagão parcial no estádio estimulou Galliani.

Ainda no campo, ele deu a ordem para que o Milan abandonasse o jogo, sob a alegação de falta de condições de jogo. A partida acabou sob protestos, o próprio clube italiano admitiria a malandragem dias depois e seria eliminado das competições europeias no ano seguinte.

O episódio lamentável não destruiu a carreira de Galliani. Em 2002, ele viveu o auge do seu poder ao assumir a presidência da Liga, que até hoje organiza o Campeonato Italiano. Era o começo de mais uma época de escândalos. Em 2006, ele abandonaria o cargo em meio às investigações sobre o Calciopoli, o gigantesco escândalo de corrupção do futebol italiano que levou a Juventus à Série B.

Galliani, que teve seu telefone interceptado, foi punido pela justiça local com cinco meses de gancho do futebol, mas seguiu no Milan. Com a derrocada política do padrinho Berlusconi, assumiu de vez o status de cartola mais visível do clube.

Sempre com orientação do dono do clube, Galliani foi o responsável por algumas das principais transações envolvendo o Milan nos últimos tempos, como a venda de Kaká ao Real Madrid e as compras (e posteriores vendas) de Ibrahimovic e Thiago Silva. Hoje, cabe a ele decidir o futuro de Robinho e Alexandre Pato, que já declararam interesse em retornar ao futebol brasileiro.