A análise do faturamento dos grandes clubes brasileiros em 2012 revelou um recorde: o volume de receitas vindas da televisão rompeu a barreira do bilhão (R$ 1,026 bilhão), o que representa um aumento de 44% em relação a 2011.

O crescimento acumulado de 80% em dois anos impulsionou a receita dos 14 principais clubes brasileiros, que chegou a R$ 2,75 bilhões, segundo relatório produzido pela empresa de auditoria Mazars. Em relação a 2011, o aumento foi de 37,6%.

O Corinthians, campeão de receitas, foi quem mais faturou com a televisão: R$ 153,8 milhões. O segundo colocado foi... o São Paulo! O Tricolor embolsou R$ 112,4 milhões e ultrapassou o Flamengo graças a um crescimento de arrecadação que chegou a 67,4% nesse quesito. O Fla só cresceu 10%. Percentualmente, o melhor resultado com a TV foi do Atlético-PR: 166%.

A fatia das cotas de televisão representou 37,3% do montante total das receitas dos clubes grandes. No segundo posto ficou o marketing (17,1%), que, por mais um ano, foi mais eficaz que a venda de jogadores (14,7%). As receitas adicionais tiveram o mesmo percentual que as negociações, enquanto o quadro social significou 9,4% do bolo.

O sumiço de torcedores das arquibancadas tem seu efeito: a bilheteria representou só 6,8% da arrecadação, com a menor taxa de crescimento entre as fontes de renda, subindo 11,8% no ano.

Com a palavra
Carlos Aragaki
Sócio da Mazars e Especialista em auditoria

Marketing cresce e craques ficam mais
Nos últimos quatro anos, as receitas de televisão estão em primeiro lugar em relação às demais para os principais clubes do Brasil, com base nos balanços divulgados em 31 de dezembro de 2012.

A alteração de cenário mais significativa dos últimos anos refere-se às receitas decorrentes do marketing (patrocínios, entre outros), ultrapassando, desde 2009, a receita proveniente da negociação de atletas, que, em anos anteriores, chegou a ser a maior do montante, com as negociações de jogadores como Robinho, Diego e Kaká, entre outros.

Se futebol brasileiro tem conseguido reter talentos que estariam jogando no exterior e contratar jogadores pagando salários que chegam perto dos europeus, a justificatica é que, em 2004, as receitas dos principais clubes, segundo nossas listas, eram de R$ 838 milhões e agora alcançaram R$ 2,7 bilhões. Portanto, aumento de 228% nos últimos oito anos.

Porém, um fator negativo para os clubes, e que justifica em parte a queda da receita com negociação de atletas para terceiro lugar desde 2009, é o “fenômeno” da venda de direitos econômicos, em fatias, praticada por muitos clubes brasileiros, com o objetivo de antecipar caixa para melhora momentânea dos seus fluxos financeiros. Assim, quando ocorrem vendas, parte significativa das receitas ficam nas mãos de agentes e/ou empresas.
Mais destaques de Aragaki

Corinthians
“Em 9 de dezembro de 2008, o Corinthians contratou Ronaldo. Coincidência ou não, desde o balanço de 2009 até o último, encerrado em 31 de dezembro de 2012, o clube é o campeão em receitas totais dos principais clubes brasileiros. As receitas relacionadas ao marketing (R$ 101 milhões) são praticamente o dobro do segundo colocado (Santos, R$ 50 milhões). Também liderou as receitas de bilheteria em 2009, 2010 e 2012, perdendo para o Santos, campeão da Libertadores, só em 2011. A cota de TV do Timão ainda subiu 23%”.

Internacional
“O Inter foi o clube que mais arrecadou com negociação de atletas em 2012 (R$ 71,6 milhões), substancialmente pela venda de Oscar ao Chelsea, mesmo com o clube não ficando com 100% da receita. O Colorado já vem de um histórico de bons negócios: Giuliano, em 2011, e Alexandre Pato, em 2007. Outro destaque do Inter são suas receitas sociais de R$ 46 milhões, a maior de todos os clubes, inclusive nos anos anteriores. Embora suas notas explicativas não detalhem o tipo dessas receitas, o programa de sócios-torcedores é a principal alavanca”.

Atlético-PR
“O Furacão surpreendeu com aumento de 200% em suas receitas de 2012, com relação a 2011, mas a maior fonte não foi com televisão, como em anos anteriores, ou com a venda de atletas, como o goleiro Neto, em 2011, para a Fiorentina. Sua principal receita de 2012, em números, foi decorrente do ‘repasse de títulos a venda’. As notas do clube não explicam qual o tipo dessa receita, que rendeu R$ 130 milhões”.

Palmeiras
“O Verdão, que tinha histórico de maiores receitas com os direitos de transmissão e marketing, registrou, excepcionalmente, sua maior fonte de dinheiro na ‘receita com prédios’, com base no custo da construtora responsável pela reforma do Palestra Itália para erguer os prédios administrativos transferidos ao clube”.