Sem clube, mas ativo, Renato Abreu ainda sonha encerrar carreira no Fla

29/4/2016 07:39

Sem clube, mas ativo, Renato Abreu ainda sonha encerrar carreira no Fla

Meia admite tristeza por derrotas consecutivas do Rubro-negro contra o Vasco e brinca com boa forma aos 37 anos: “Nas peladas ainda continuo fazendo gols”

Sem clube, mas ativo, Renato Abreu ainda sonha encerrar carreira no Fla
O Fla ainda povoa a cabeça de Renato Abreu (Foto: Igor Rodrigues)

Renato Abreu não sabe o que é entrar em campo profissionalmente desde que deixou o Santos, no fim de 2013. Contudo, o longo período inativo não significa que o jogador abandonou a ideia de voltar aos gramados. Presente na Semana de Evolução do Futebol brasileiro, evento realizado pela CBF, no Rio de Janeiro, o meia lembrou com carinho dos tempos de Flamengo e afirmou que gostaria de encerrar oficialmente a carreira no clube.

Aos 37 anos, Renato admite limitações naturais por causa da idade, mas também faz questão de listar os pontos positivos que nem mesmo o tempo foi capaz de tirar, como a técnica e a resistência. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o jogador destacou a dificuldade de atuar em clubes de menor expressão no Brasil e mostrou ainda ter esperança de vestir a camisa do Flamengo, mesmo considerando difícil.

- Eu brinco que só jogaria hoje se fosse no Flamengo. O pensamento é jogar sempre, alguns clubes me procuraram, mas eu só voltaria a jogar em um clube que tivesse um pensamento que nem o meu, grande, de chegada, de conquistas de títulos. Eu já rodei bastante, a gente sabe como são os times pequenos, dificuldades de se pagar, jogar contra times grandes. Hoje, na situação que o país se encontra, a gente fica meio cabreiro de viajar, deixar suas coisas para trás e acabar somando uma série de problemas. Só jogo se for no Flamengo, no restante dos clubes não mais. Queria terminar minha carreira no Flamengo.

Muito identificado com o Rubro-negro carioca, Renato Abreu sente como se ainda estivesse no clube cada derrota para o Vasco. Campeão da Copa do Brasil de 2006 diante do maior rival, o meia não esconde que a sequência de nove jogos sem vitórias incomoda, mas acredita que a equipe vai reencontrar a boa fase contra o clube de São Januário em breve.

- Nossa... Quem jogou no Flamengo, né, sabe que Flamengo e Vasco, perder do Vasco não é fácil. Graças a Deus na minha época foi diferente, conseguimos um título importante em cima do Vasco, mas realmente deixa qualquer jogador que tenha jogado no Flamengo triste. Tenho certeza que isso vai mudar, talvez o momento não seja muito bom para o clube, um momento de reformulação. São muitos jogadores novos chegando, Muricy tentando implantar o esquema tático dele para poder conseguir ganhar os jogos. Mas agora, nessa segunda parte da temporada, que entra o Campeonato Brasileiro, as coisas vão se encaixar e aí o Flamengo vai seguir bem. Pode ter a possibilidade de encontrar o time deles na Copa do Brasil e vamos estar preparados para ganhar deles.

Confira a entrevista na íntegra:

Muitos flamenguistas se lembram do Renato Abreu até hoje, principalmente na hora das bolas paradas. Esse carinho ainda mexe com você?

- Esse carinho, sem dúvida, ainda mexe bastante comigo, ainda mais nesses casos, em qualquer derrota do Flamengo, qualquer jogo que tenha dificuldades, que não consegue fazer gols, sou sempre lembrado nas redes sociais ou quando saio para a rua. Para mim é gratificante, porque querendo ou não, os torcedores que hoje estão com 18, 20 anos, quando cheguei no Flamengo eram crianças pequenas. Eles se acostumaram a ver o Renato Abreu batendo a falta de longe, imitando o urubu, filmando com o celular e jogando nas redes sócias. Para mim é gratificante ver isso. Triste, ao mesmo tempo, porque eu saí do Flamengo, eu queria estar lá sempre para ajudar o Flamengo. A gente sabe que uma hora o ciclo vai acabar, mas para mim é muito melhor ouvir desses torcedores novos que ainda têm o Renato Abreu na lembrança.

E como você está hoje, é um ex-jogador, está sem clube, ainda volta a jogar?
- Eu brinco que só jogaria hoje se fosse no Flamengo (risos). O pensamento é jogar sempre, alguns clubes me procuraram, mas eu só voltaria a jogar em um clube que tivesse um pensamento que nem o meu, grande, de chegada, de conquistas de títulos. Eu já rodei bastante, a gente sabe como são os times pequenos, dificuldades de se pagar, jogar contra times grandes. Hoje, na situação que o país se encontra, a gente fica meio cabreiro de viajar, deixar suas coisas para trás e acabar somando uma série de problemas. Só jogo se for no Flamengo, no restante dos clubes não mais. Queria terminar minha carreira no Flamengo.

Não jogaria nem no exterior?
- Só nos países que joguei ou nos Estados Unidos, que era um sonho jogar por lá. Se não na Ásia, onde atuei nos Emirados. Fora esses dois em nenhum outro.

Mesmo com a idade, ainda tem bola para jogar em alto nível?
- Não vai sair na entrevista, mas pode ver que eu estou bem (risos). Apesar dos 37 anos, claro que já não tenho aquela juventude, vigor físico, não vou correr o tempo, explosão dos jogadores de 20 anos, mas a minha resistência, minha técnica, vontade, sempre permaneceram e vão permanecer sempre. Estou com 37 anos, continuo treinando a semana toda, fazendo algumas coisas com a minha esposa, jogando minhas peladas com meninos de 25 anos, até para eu ver em que nível estou. Ainda continuo fazendo alguns gols, algumas coisas boas (risos). Essa idade não quer dizer que você parou, mas realmente merece uma certa atenção, tem uma mente um pouco diferente, começa a pensar um pouco diferente.

Como ídolo da torcida do Flamengo, quem você olha do elenco atual que pode assumir essa função atualmente?
- Acho que todos eles têm potencial para isso. Olha, eu cheguei no Flamengo desacreditado, vinha de um time grande, que era o Corinthians, e cheguei com status zero. A partir daí fui entendendo como era o clube, o que era a torcida, o que o clube queria e fui implantando isso dentro dos treinamentos e dos jogos. Mesmo em 2005, com tudo que aconteceu, a gente muito tempo na zona de rebaixamento, eu fui um jogador que se destacou. Acredito que nesse momento é da mesma forma. Se o jogador se dedicar, ter a noção de que está em um clube de peso, que do mesmo jeito que te leva ao céu, te leva ao inferno, ele com certeza pode ser um grande ídolo também.

Com a passagem que teve pelo Flamengo, te incomoda essa sequência de derrotas contra o Vasco?
- Nossa... Quem jogou no Flamengo, né, sabe que Flamengo e Vasco, perder do Vasco não é fácil. Graças a Deus na minha época foi diferente, conseguimos um título importante em cima do Vasco, mas realmente deixa qualquer jogador que tenha jogado no Flamengo triste. Tenho certeza que isso vai mudar, talvez o momento não seja muito bom para o clube, um momento de reformulação. São muitos jogadores novos chegando, Muricy tentando implantar o esquema tático dele para poder conseguir ganhar os jogos. Mas agora, nessa segunda parte da temporada, que entra o Campeonato Brasileiro, as coisas vão se encaixar e aí o Flamengo vai seguir bem. Pode ter a possibilidade de encontrar o time deles na Copa do Brasil e vamos estar preparados para ganhar deles.

Hoje você estava presente na palestra sobre base na CBF...
- Eu como não estou trabalhando, a minha visão está sendo um pouco diferente. Está tendo um evento na CBF, que está sendo maravilhoso, do lado da minha casa. Hoje foi um debate que eu gostaria muito de participar, sobre categorias de base, ensinamentos aos atletas, o futuro deles daqui para frente. Fiquei muito feliz com o que ouvi hoje, porque é um pensamento que eu tenho não de agora, mas de algum tempo atrás, de poder ensinar alguns jogadores a lidar com a situação do profissional, de aprendizagem, de ser um jogador cidadão, aprender coisas novas, saber lidar no meio da população. Para mim foi muito boa a palestra por isso.

A torcida do Flamengo teve algumas decepções com jogadores da base do Flamengo, como Adryan, que tinha muita expectativa nele. Qual sua avaliação da atual geração que está surgindo no clube? Alguém que você olha e fala que pode vingar?
- Eu não digo que a geração do Adryan, do Thomás, Negueba, Diego Maurício, Luiz Antônio, tenha sido jogada no lixo. Eles foram aproveitados de uma maneira até correta pelo Vanderlei (Luxemburgo) na época, colocando no profissional, usando um pouco na base, mas não deu certo porque algo aconteceu nesse meio tempo. Talvez o próprio atleta não tenha criado a expectativa que queria. As vezes não jogou bem, a torcida pegou no pé... A gente sabe que o Flamengo tem uma torcida que está pressionando o tempo todo. Eu acredito no trabalho, se o jogador de hoje, como o (Felipe) Vizeu e outros, tiverem a consciência de que para dar certo no Flamengo tem que ter trabalho, vão conseguir, independente da hora. Acho que ainda não é o momento de entraram no time, o Flamengo tem jogadores para colocar no momento, mas se observarem, que nem na minha época eu observava os outros jogadores, eles vão saber fazer tudo certo. Tudo é tempo, o Muricy sabe o que está fazendo, colocando na hora certa. Quando entrarem, vão dar conta do recado.

Mudou muito o futebol de base da época que você começou para hoje?
- O que está acontecendo no futebol brasileiro não é de agora. Esse 7 a 1 (contra a Alemanha) foi só um alerta para aquilo que vem acontecendo. A verdade é que ficamos muito tempo parados, deixamos de progredir, de crescer, enquanto os outros países acabaram evoluindo. Eles buscaram a nossa técnica, matéria-prima que tínhamos de melhor, e implantaram no sistema deles lá fora para evoluírem. Nós, em matéria de habilidade, ginga, estamos ótimos, nota 10. Mas esse sistema extracampo, de atletas disciplinados, materiais e profissionais de qualidade, acabamos deixando para trás. No meu tempo a gente tinha isso, as vezes matava uma aula ou entrava um pouquinho mais tarde para ficar jogando bola. Se não era bola de capotão, era de meia ou uma lata, enfim, alguma coisa para jogar bola e passava o tempo todo brincando de jogar futebol. Era uma coisa maravilhosa que a gente tinha para brincar. Hoje os tempos são outros, é muita tecnologia e pouca prática de futebol, acaba ficando uma coisa mais robótica. Antes você vivia muito a paixão, eu mesmo me lembro olhando muito jogadores, como o Djalminha, Marcelinho Carioca, um pouco mais atrás da minha carreira, me espelhava neles. Hoje olham muito mais via telefone, deixam de praticar, de estar aprendendo isso no treinamento, passar 30 minutos a mais no treinamento.

12233 visitas - Fonte: Globoesporte.com


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