As dívidas milionárias dos clubes brasileiros podem estar com os dias contados. Pelo menos, no que depender das previsões do recém-criado Movimento por um Futebol Melhor, a solução para elas já foi encontrada e está logo ali, nas arquibancadas. E o projeto, que aposta no programa de sócios de cada time do país e oferece benefícios unificados a eles, já deu mostras logo nos números dos primeiros quatro meses desde que ele foi lançado, de que pode mesmo render os milhões de que os clubes tanto precisam para sanar seus problemas financeiros.


De janeiro, quando o Movimento foi lançado com 15 clubes participantes, até maio, quando ele já alcançou 24 membros, foram mais de 300 mil novos sócios aderidos e um lucro milionário já garantido na receita anual dos times envolvidos no projeto. O Cruzeiro, por exemplo, que aumentou em 290% seu número de sócios-torcedores, terá mais de R$ 16 milhões injetados até o fim do ano simplesmente com os novos aderidos. Orçamento este que já permitiu ao clube celeste investir na contratação do zagueiro Dedé, que estava no Vasco, por R$ 14 milhões.

O time mineiro, inclusive, lidera a lista dos clubes que mais faturaram com o programa de sócio-torcedor em 2013 - foram 20.752 novos aderidos desde que o Movimento por um Futebol Melhor foi lançadi. Atrás dele vem o Flamengo, que sequer tinha um programa de sócios e apostou na iniciativa com o “Nação Rubro-Negra” a partir de março, chegando aos incríveis 21.786 aderidos até agora - número que renderá ao time carioca uma receita de R$ 12,5 milhões ao final do ano.

O São Paulo é o terceiro colocado nesse ‘ranking’ dos clubes que mais estão lucrando com o investimento no programa de sócios-torcedores. Reformulando sua proposta de 2012 para cá, o clube já conquistou 14.082 novos sócios e hoje já triplicou os quase seis mil que haviam aderido ao programa até o ano passado.

Todos esses números foram apresentados na última terça-feira em um evento realizado em São Paulo pelos próprios organizadores do Movimento por um Futebol Melhor, que tem como objetivo justamente multiplicar os sócios-torcedores brasileiros oferecendo a eles benefícios como descontos em produtos e lojas espalhadas pelo país. Já são dez empresas de diversos setores envolvidas no projeto (Ambev, Pepsico, Unilever, Seara, Danone, Netshoes, Bradesco, Sky, Burger King e Tim) e outras tantas ainda estão em negociação para fazer parte dele.

De acordo com as estatísticas divulgadas pelo Movimento, porém, o Brasil ainda tem um potencial muito maior e, com a evolução do projeto, poderá realmente resolver de vez os problemas financeiros dos clubes. Partindo do exemplo do Internacional, clube com a maior porcentagem de sócios entre seus torcedores do país - 1, 73% da torcida inteira do Inter já aderiu ao programa de sócio-torcedor do clube -, os organizadores do projeto fizeram uma simulação, fazendo de conta que todos os outros times brasileiros conseguissem alcançar os colorados e também chegassem a ter 1,73% de todos os torcedores como sócios. Na projeção, o Flamengo, clube de maior torcida no país, arrecadaria mais de R$ 330 milhões, enquanto o Corinthians, segundo maior em termos de torcida, teria mais de R$ 133 milhões anuais vindos somente dos sócios-torcedores.

Indo ainda mais além, o Movimento por um Futebol Melhor usou o exemplo do Benfica, clube que tem a maior porcentagem de sócios entre seus torcedores no mundo inteiro, com 4% deles sendo aderidos ao programa. Nesse caso, o problema do Flamengo, clube mais endividado do Brasil, estaria realmente solucionado, já que ao final de um ano, a equipe rubro-negra teria em caixa quase R$ 765 milhões provenientes apenas de seu programa de sócios.

E para chegar a essa porcentagem de sócio-torcedores, a ideia do Movimento é justamente tornar o programa algo cada vez mais atrativo para todos os tipos de torcida, tanto aquela que vai às arquibancadas regularmente, quanto aquela que prefere ver o jogo em casa pela TV. Por isso, os benefícios oferecidos vão além dos ingressos para as partidas e se tornam algo mais paupável no dia-a-dia do torcedor - são descontos em alimentação, bebidas, produtos de limpeza, roupas, etc.

“O programa sócio-torcedor da maneira que ele existia era muito mais para quem gosta de ir no estádio. Dessa forma, com esse benefícios que nós estamos oferecendo, o plano serve para todo mundo. O torcedor ganha sempre, o clube também ganha, todo mundo ganha”, explicou Marcel Marcondes, representante da Ambev, que é uma das maiores incentivadoras do projeto.

Os objetivos do Movimento por um Futebol Melhor agora são aumentar cada vez mais o número de clubes envolvidos no projeto e de sócios-torcedores. A primeira meta dele é conseguir, até julho, chegar a 500 mil sócios - algo bastante viável, já que até maio, o programa conta com 465 mil -, e a segunda é terminar o ano com um milhão de aderidos. E o alvo mais ousado é chegar a 3 milhões de sócios-torcedores até 2015.


As receitas de 2013 que os clubes já garantiram com os sócios-torcedores de hoje:
Cruzeiro – R$ 16,1 milhões
Flamengo – R$ 12,5 milhões
São Paulo – R$ 8,4 milhões
Palmeiras – R$ 7,7 milhões
Atlético-MG – R$ 4,8 milhões
Fluminense – R$ 2,9 milhões
Corinthians – R$ 2,5 milhões
Botafogo – R$ 1,9 milhão
Ponte Preta – R$ 1,7 milhão
Santos – R$ 1,5 milhão