Acompanhar Flamengo e Santos em Brasília e presenciar a possível despedida de Neymar significou uma saga que não refletiu o preço cobrado para o torcedor garantir um assento no Mané Garrincha logo mais.

Entre os problemas apresentados durante a venda dos bilhetes, um novo erro relacionado aos ingressos vendidos para a área 404 lesou cerca de 600 torcedores. Na semana que antecedeu a partida, a Ingresso Rápido, responsável pelas vendas, cancelou todos os lugares desse setor – anel superior, em frente ao campo – , que na verdade, é onde a imprensa estará.

A justificativa é de que a empresa foi informada pela Federação Brasiliense de Futebol somente depois que os ingressos foram comercializados, no dia 15 de maio, que o espaço seria ocupado por jornalistas. A entidade, por sua vez, após o LANCE! tentar contato por três dias seguidos não se manifestou.

Todos os 69.200 bilhetes disponibilizados, inicialmente, estavam sendo trocados apenas em um ponto: uma pequena loja com cinco atendentes em um shopping na região central de Brasília. A espera chegava de ser cinco horas.

Depois de ser notificada pelo Procon da capital federal, a Ingresso Rápido informou que aumentou de oito para 20 guichês, oferecendo mais dois endereços para compra e troca dos bilhetes. Resultado, talvez, não muito efetivo. Na sexta, no shopping, o tempo na fila caiu de cinco para cerca de três horas.

Torcedor lesado fica sem opção de troca
Eric Adrian Mattos Barreto Júnior foi ao Brasília Shopping no início da tarde de sexta-feira para retirar os oito ingressos trocados do setor 404 para 403. A alteração foi feita de maneira aleatória pela Ingresso Rápido, que mandou um email na segunda-feira, informando sobre a mudança sem consentimento do torcedor.

A empresa entrou em contato com Eric apenas na quinta-feira, depois de ele enviar mensagens, avisando que gostaria de ser deslocado para um setor melhor. Foi comunicado, porém, que o pedido não poderia ser atendido.

–Pedi para me colocaram no setor hospitality, que é mais caro. Disseram, na quinta, que estava esgotado, mas entrei no site e era possível comprar na sexta – contou.

O bancário e professor, então, teve de se contentar com a área disponibilizada. Se não aceitasse assistir o jogo do 403, teria de ficar atrás de um dos gols, conforme uma das opções oferecidas pela empresa. Eric, por sua vez, promete tomar medidas na Justiça contra a empresa.

O que dizem os envolvidos

Ingresso Rápido
Responsável pela venda dos ingressos, diz que atendeu o pedido do Procon, aumentando o número de postos de venda e trocas. Sobre a realocação dos torcedores que compraram bilhetes para o setor 404, garantiu que todos tiveram os lugares trocados com consentimento dos torcedores.

Federação Brasiliense de Futebol
Foi procurada para se posicionar após a Ingresso Rápido dizer que foi informada depois do início das vendas que o setor 404 seria destinado à imprensa. Depois de três dias de contato com a assessoria por telefone, não se pronunciou.

Santos
Vendeu o mando de campo para a Aoxy, uma das empresas ligadas a Wagner Abrahão, homem forte do setor de turismo, envolvido em diversos escândalos com a CBF desde os anos 90. O clube se isentou de qualquer responsabilidade, alegando ter negociado o mando.

Flamengo
Na condição de visitante, praticamente ficou sem qualquer tipo de informações sobre a partida. Clube diz apenas que disponibilizou uma bilheteria na sede da Gávea, no Rio de Janeiro, atendendo a pedido da Ingresso Rápido para venda dos bilhetes aos rubro-negros.