Mano Menezes some em meio às comemorações pelo título de 1988 (Foto: Folha do Mate)
O Flamengo é o novo grande trabalho de Mano Menezes, segundo o próprio disse no dia em que foi anunciado como treinador do clube. O vermelho e o preto, porém, já o acompanham há muito tempo. Em 1988, com a camisa rubro-negra do Guarani de Venâncio Aires-RS, à época ainda um clube amador, conquistou seu primeiro título: o de campeão gaúcho amador. Mais do que isso, ele foi o herói: converteu o último pênalti da disputada encerrada em 5 a 4 a favor do seu time contra a Associação Sapiranga.
Catorze anos mais tarde, novamente pelo Guarani-RS, agora já profissionalizado, foi contratado como treinador do Índio, como é conhecido o rubro-negro local, e comandou reação histórica. Diretor do jornal "Folha do Mate", o mais tradicional de Venâncio Aires, Sérgio Klafke cobriu a decisão daquele campeonato e recorda a festa feita pela conquista.
- É ídolo, tem uma história de atleta e técnico. Foi capitão do time que ganhou o campeonato amador de 1988. Em 2002, já como técnico, pegou o time na lanterna do primeiro turno, ganhou o segundo turno e decidiu com o São Gabriel. Eu fiz a cobertura, era repórter nessa época. Fui a São Gabriel e, quando o Guarani chegou em Venâncio, houve desfile com carro de bombeiros e tudo. É a maior conquista esportiva do Guarani. Foi campeão, ganhou o Campeonato Gaúcho. Campeonato Gaúcho esse sem a dupla Gre-Nal. Depois houve o Supercampeonato e o Inter foi campeão - explica.
O Campeonato Gaúcho de 2002 foi dividido em duas fases. Na primeira, Grêmio, Internacional, Juventude e Pelotas não participaram, pois estavam envolvidos na disputa da Copa Sul-Minas. São Gabriel e Guarani-RS, vencedores do primeiro e do segundo turno, respectivamente, decidiram. O Índio foi campeão, após empate por 0 a 0 em casa e vitória por 1 a 0 como visitante. Depois disso, participou de outra fase que ficou conhecida como Supercampeonato Gaúcho e acabou eliminado. O Inter precisou de apenas cinco jogos para levantar o Caneco do "Super" - três num quadrangular e dois contra XV de Novembro, seu adversário na finalíssima. Apesar de tudo, o Guarani se autodeclara campeão gaúcho de 2002, embora não conte com o reconhecimento da federação local.
Amigo de Mano, a quem acompanha desde a época do amadorismo, Klafke aposta que, caso seja respaldado pela diretoria flamenguista, Mano promoverá no clube da Gávea revolução semelhante à iniciada pelo próprio no Corinthians, em 2008.
- O Mano fez a escolha certa. Treinou o time mais popular de São Paulo, o Corinthians, pegando-o numa situação difícil. Deu ponto de partida para o que o Corinthians é hoje. Agora está pegando o clube mais popular no país num momento difícil. Se o deixarem trabalhar, ele e o Paulo Pelaipe farão do Flamengo o que o Corinthians é hoje em dois anos. Essa dupla tem tudo para fazer história no Flamengo se tiverem apoio - avisou.
Diretor de futebol do Guarani-RS, hoje disputando a modesta Série A2 (terceira divisão local), Elton Etges é outro a considerar Mano um grande ídolo do clube, utilizando praticamente os mesmos argumentos apontados por Klafke.
- Com certeza é ídolo do Guarani, tanto como jogador quanto como treinador. Como jogador, foi campeão amador aqui em 1988 e fez o gol do título na disputa de pênaltis, nos levando à Segunda Divisão (profissional). Em 2002, fomos campeões gaúchos de fato, mas não levamos o caneco. Mas esse título é a nossa maior conquista e ele era o nosso treinador. É um orgulho para nós ele ter saído daqui e depois ter passado por Seleção, Grêmio e Corinthians - encerrou.
Mano, que já comandara a base do Guarani-RS, depois treinou o time profissional (Foto: Folha do Mate)
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