Campeão com o Fla em 2006 parou após lesões para virar dono de depósito de gelo

4/7/2017 14:57

Campeão com o Fla em 2006 parou após lesões para virar dono de depósito de gelo

Diego Oliveira fez parte do grupo campeão da Copa do Brasil de 2006, foi pupilo de Bebeto, mas encerrou a carreira aos 26 anos após romper ligamentos do joelho por duas vezes: "Já chorei muito"

Campeão com o Fla em 2006 parou após lesões para virar dono de depósito de gelo
Dia 19 de abril de 2006. Uma data inesquecível e um sonho realizado na vida do Seu Cláudio Lima. Pela TV, assistia com toda a família ao filho Diego Oliveira, ainda aos 17 anos de idade, substituir César "El Tigre" Ramirez e dar os primeiros passos como atacante profissional do Flamengo no Estádio Brinco de Ouro da Princesa. Foram poucos minutos em campo e nem a derrota do Rubro-Negro por 1 a 0 atrapalhou aquele momento, já que o clube carioca havia atropelado o Bugre no duelo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil e faturou, logo depois, a competição em cima do Vasco. (Veja o vídeo abaixo com o momento da entrada de Diego Oliveira contra o Guarani e alguns lances daquele jogo).


Mas o destino foi implacável com Diego. A euforia causada em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, logo após aquele dia nunca mais se repetiu. Aquele jovem atacante jamais voltou a entrar em campo com a camisa rubro-negra dos profissionais. Prejudicado por duas graves lesões no mesmo joelho direito, se aposentou aos 26 anos após quase correr o risco de ficar sem andar. Demorou a aceitar e a entender "tamanha fatalidade". Mas decidiu largar de vez a bola e tocar a vida. Abriu um depósito de água e de gelo no bairro natal, onde vive atualmente aos 29 anos.

- Ah, cara, é uma frustração, sim (não ter engrenado na carreira). Eu percebi isso mais no meu pai, sabe? Não é que ele tenha tristeza. Não, não é isso, mas ele sempre fala "Volta a jogar, meu filho". Meu pai não é de desistir nunca. Mas eu falei para ele "Pai, desiste, acabou, não quero mais jogar bola". A maior frustração mesmo que eu vejo na família foi do meu pai. Era um sonho dele, era um sonho meu - recorda.
Diego Oliveira chegou ao Flamengo em 1998. Participou da geração que faturou o tricampeonato carioca de juniores sob o comando de Adílio. Era, inclusive, agenciado pelo tetracampeão mundial Bebeto. Em 2005, chamou a atenção de Cuca e foi chamado para treinar com o time profissional aos 16 anos. Na temporada seguinte, subiu efetivamente ao grupo principal a pedido de Waldemar Lemos. Do banco de reservas, viu toda aquela campanha do título da Copa do Brasil.

Após alternar entre a base e os profissionais e sem receber oportunidades, deixou o Fla em 2009 para defender o RB Salzburg, da Áustria. Lá, enfrentou a primeira grave lesão na carreira. Rompeu os ligamentos do joelho direito logo em seu primeiro treinamento pelo clube europeu e sem sequer ter assinado contrato. Retornou ao Brasil para finalizar o tratamente e acabou encarando a realidade. Rodou por São Cristõvão, Volta Redonda e acertou com o Avaí em 2011.

No clube catarinense, percebeu que algo estava errado com o corpo. Após exames, verificou que dois ligamentos do mesmo joelho direito estavam rompidos. Dispensado sem fazer nenhum jogo, foi embora, mas resistiu aos diagnósticos e até tentou uma chance no Ferroviário, do Ceará, anos depois. Sentiu que não dava mais. Ouviu dos médicos que era melhor parar. E foi o que fez.



- O doutor do Flamengo me deu todo o suporte. E ele me disse "Diego, você tem que parar agora. A questão não é mais você jogar, mas é operar para ter uma vida normal, de poder andar". Uma coisa muito forte que eu não imaginava.

Há cerca de quatro anos, tem o comércio na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Pai do pequeno Ryan, Diego Oliveira também tem se aventurado como treinador do time sub-9 do Bangu. Apesar disso, admite que as marcas deixadas no joelho - e na vida - lhe deixaram distantes do futebol. Assiste, no máximo, aos jogos do Flamengo e prefere deixar para trás as lágrimas causadas pela bola, aquela que sempre lhe causou a alegria máxima da vida.

- Acho que Deus não quis mesmo que eu fosse jogador. Talvez achou que eu me desviaria do caminho dele. Foi uma fatalidade. Hoje eu não fico mais remoendo isso. Eu já chorei muito, dia e noite, por causa disso. Mas hoje eu tenho uma outra visão. Aprendi a não cometer os mesmos erros, a ensinar o meu filho melhor. Então, cara, foi uma fatalidade mesmo, azar. O destino não quis que eu fosse jogador profissional - lamenta.

Confira a entrevista completa e a história de Diego Oliveira:
Início no Flamengo


- Eu cheguei no Flamengo em 1998, quando eu tinha oito para nove anos. Fiz parte daquela geração que foi tri do Campeonato Carioca de juniores. Joguei em três gerações diferentes. O Adílio fala até hoje, o Mauro Feliz também, que fomos uma das melhores gerações. Em 56 jogos que a gente fazia no ano, a gente só perdia, quatro, cinco jogos. Nós ganhamos quase tudo. Só perdemos o Mundial na Malásia. Perdemos para o Manchester United na semifinal e ganhamos do Milan na disputa do terceiro lugar. Até hoje acho que foi uma das melhores gerações mesmo.



Títulos na base e a subida para os profissionais
- Olha, eu não tenho uma conta exata, não (de quantos títulos na base pelo Flamengo). Só sei que eu sou hexacampeão carioca. Fui campeão carioca no júnior, no juvenil. Venci o OPG, a Copa Cultura, que hoje é a Copa do Brasil. Eu subi efetivamente em 2006. O Waldemar Lemos que me puxou. Eu tinha 17 anos. Fomos campeões da Copa do Brasil em cima do Vasco. Eu cheguei a jogar contra o Guarani em Campinas e participei de quase todos os jogos no banco. Só não fui para as finais.

O único jogo pelos profissionais e a "fama"em Bangu
- Quando eu voltei do jogo contra o Guarani em Campinas, a minha família não sabia se me abraça, se chorava. Porque eu tive uma infância muito sofrida, né, cara, na parte financeira. Meus pais não tinham condições para nada. A gente morava num quartinho. Eu ficava junto com meus pais e meu irmão. Aí o futebol foi me dando umas coisinhas. Sempre fui ajudando meus pais. Hoje vivemos melhor. Meus pais não sabiam muito o que falar para mim na época, quando eu voltei daquele jogo. Voltei de ônibus e todo mundo me vendo com aquele uniforme do Flamengo, geral me olhando e comentando "Esse menino estava no jogo ontem". Foi muito emocionante para minha família.

Início com Cuca e a perda de espaço

- Com 16 anos, o Cuca já tinha me puxado para o time profissional. Ele queria que eu ficasse treinando no time principal e descesse apenas para jogar no juvenil. Ele falava que eu tinha que ficar no profissional. Aí eu fazia isso sempre. Treinava no time de cima e jogava pelo juvenil. Depois disso, o Cuca saiu, veio o Waldemar Lemos, e ele me puxou de vez. Só que, depois, veio o Ney Franco. Ele praticamente tirou todo mundo da base para botar os caras que ele trouxe do Ipatinga. Nessa época, tinha eu, o Mezenga, o Rômulo. Fiquei bastante triste. Na época, o Bebeto era o meu empresário e, pouco tempo depois, falei que queria sair.



Emoção no Maracanã

- Eu só fui saber de verdade, ter essa noção do que era Flamengo quando eu sai. Eu não sabia muito a dimensão, o que aquilo ali representava, o que era o clube. Eu pude realizar um sonho, cara. E esse sonho foi realizado contra o Guarani, no Maracanã. Quando eu cheguei no banco de reservas, eu olhei para a arquibancada e estava meu pai, minha mãe, meus irmãos. Todos me olhando, chorando de alegria. Foi um sonho meu, dos meus pais, da minha família. Foi tudo muito gratificante. Vivi uma experiência que eu guardo para o resto da minha vida.

A saída do Flamengo em 2009

- Assim, cara, eu tinha mais uns quatro anos de contrato. Comentei com o Bebeto que queria sair. Não estava satisfeito. Fizemos um campeonato na Suíça pelo Flamengo com alguns outros clubes, e o RD Salzburg ficou interessado em mim. Aí o Bebeto rescindiu o meu contrato com o Flamengo e eu fui para lá.

Lesão na Áustria

- Eu cheguei lá e fui treinar. Eu treinei antes de assinar o contrato. O Bebeto não viajou comigo, ele foi para um outro país resolver algum problema. E, nesse treino que eu fiz antes de assinar o contrato, eu rompi os ligamentos do joelho na primeira dividida no alto. No meu primeiro treino eu me machuquei.



Fatalidade?

- Em tudo eu boto Deus na frente, cara. Acho que Deus não quis mesmo que eu fosse jogador. Talvez achou que eu me desviaria do caminho dele. Foi uma fatalidade. Hoje eu não fico mais remoendo isso. Eu já chorei muito, dia e noite, por causa disso. Mas hoje eu tenho uma outra visão. Aprendi a não cometer os mesmos erros e a ensinar os meus filhos melhor. Porque ele está no caminho do futebol também. Então espero poder orientar ele melhor. Meu pai não tinha noção nenhuma, não soube me instruir legal. Então, cara, foi uma fatalidade mesmo, azar. O destino não quis mesmo que eu fosse jogador profissional.

Pupilo de Bebeto

- O Bebeto começou a me agenciar quando eu tinha 15 anos. Foi um pai para mim. Ele é um cara que não posso falar mal. Sempre me ajudou. Sempre respeitei muito ele. Tive outras propostas melhores me oferecendo casa, carro, coisas para mim e para minha família, mas eu nunca sai do Bebeto. Depois, a gente teve um desentendimento, e eu fui seguir a minha vida com outras pessoas. Não tenho nenhuma mágoa dele. Infelizmente, nos afastamos. Segui com uma outra pessoa, e ele seguiu a vida dele.
Retorno ao Brasil e a realidade

- O Bebeto mandou eu vir de volta da Áustria para o Brasil. Fui me tratar e fiquei uns cinco, seis meses sem jogar. Depois, voltei para o São Cristóvão, que foi quando comecei a sair do Bebeto. Eu tava querendo uma coisa, e ele me oferecendo outras. Ai que teve um desentendimento. Aceitei um convite do presidente do São Cristóvão e foi um baque para mim. Sai do Flamengo ganhando bem, ajudando minha família, e daqui a pouco em estava no São Cristóvão ganhando quase nada. Resolvi dar um passo atrás para dar dois para frente. Fui bem, Deus me abençou e fui para o Volta Redonda, que me viu. De lá, eu fui para o Avaí.

Agravamento da lesão

- Cheguei no Avaí, e eu já estava mancando. Eu realmente não percebia. Aí fui fazer um teste de esforço e viram que eu não tinha 50% da força na perna direita que eu tinha na esquerda. Ai o doutor fez uma ressonância e viu que eu tinha rompido dois ligamentos do joelho, no mesmo joelho que eu já tinha rompido, o direito. Eu não cheguei nem a jogar, nada, só treino mesmo. Ai não fiquei no Avaí, e eu até entendo o clube. Vai ficar com um jogador que está lesionado?



Risco de ficar sem andar

- Depois disso, eu tentei o Ferroviário, do Ceará. Eu fui achando que o meu joelho não estava ruim. Não botava isso na minha cabeça. Porque eu estava conseguindo treinar. Mas eu ia vendo que eu estava perdendo o que eu tinha de melhor, que era a minha explosão. Vi que tava perdendo isso e parei. Voltei para o Rio, e o doutor do Flamengo me deu todo o suporte. Fiz novos exames. Ele me disse "Diego, você tem que parar agora. A questão não é mais você jogar, mas é operar para ter uma vida normal, de poder andar". Uma coisa muito forte que eu não imaginava.

Vida de comerciante e a distância do futebol

- Já faz uns quatro anos que trabalho por contra própria. Hoje tenho um depósito de gelo e de água aqui em Bangu. Eu resolvi parar porque eu não queria mais. Eu fico triste, porque foi uma coisa que eu sempre quis. Comecei no fustal, depois fui para o campo. Mas infelizmente não deu. Meu pai me alertou, porque que eu tinha família. Hoje em dia eu não bato mais bola, quase nem vejo futebol. Fico tão triste que eu nem vejo mais futebol. Sou flamenguista doente, jogos do Flamengo eu até vejo. Tenho amigos até hoje lá. O Rodnei, que eu encontrei no Avaí. Era da base do Avaí. Mas, assim, é difícil.

A frustração

- Ah, cara, é uma frustração, sim. Eu percebi isso no meu pai. Não é que ele tenha tristeza. mas ele sempre fala "Volta a jogar, meu filho". Meu pai não é de desistir nunca. Mas eu falei para ele "Pai, desiste, acabou, não quero mais jogar bola". A maior frustração mesmo que eu vejo na família foi do meu pai. Era um sonho dele, era um sonho meu. Mas as minhas amizades até hoje são as mesmas, ninguém mudou. Na época, só apareceram mais parentes, mais primos (risos). Mas já sumiram todos. Só ficaram os verdadeiros primos, tios. Do futebol, quem eu tenho como irmão até hoje é o Anderson Bamba e o Vinicius Colombiano.

As lições e a experiência de técnico de futsal

- Eu tiro tudo isso como lição, principalmente para o meus filho. Tudo que eu vivi, eu passo para ele. Eu não tinha um real no bolso, tinha uma chuteira de baixa renda na época. Era o que o pai podia pagar. Para ir para a Gávea, eu pulava a roleta. Meu pai não ia. Porque ou eu ia ou ele ia. Não tínhamos dinheiro para ir junto. Hoje eu tenho condições de dar conselhos para o meu filho. Sou treinador do sub-9 de futsal do Bangu também.

A bagagem

- O futebol em si é um esporte que te ensina muita coisa. Jogar futebol foi uma coisa incrível, porque eu comecei a viajar quando eu tinha 9 anos de idade. Já conheci quase o mundo todo. Fui para quase todos os países no Leste Europeu, viajei bastante na Ásia, fui para Venezuela, Argentina, uma porção de lugares que eu não iria sendo uma pessoa comum, vamos dizer assim. Eu não teria essa oportunidade.

42110 visitas - Fonte: Globo Esporte


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essa tv acabo no disconto eu tenho enterece

é a vida , Deus sabe o que faz.

OLÁ PESSOAL
VOCÊ DE TODO BRASIL QUE TEM TV POR ASSINATURA E TEM POUCOS CANAIS E PAGA CARO.
NÓS TEMOS A SOLUÇÃO
LIBERAMOS OS CANAIS E REDUZIMOS A FATURA
INTERESSADOS ZAP 11980799494

eu lembro de vc muita sorte abraso mano tá

Parabéns pela lição que tirou da vida, que Deus o abençoe cada dia mais

oi boa tarde desbloqueio todos os canais fechados de TV por assinatura de qualquer lugar do Brasil SKY NET TV claro TV oi TV vivo chamar no 11961004639

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