O distanciamento de Paulo Pelaipe da diretoria está, indiretamente, ligado à chegada de Mano Menezes ao Flamengo. Isso porque, Flávio Godinho, vice-presidente de relações exteriores e membro do conselho gestor de futebol, não gostou do fato de o diretor executivo ter concedido entrevistas a diversos veículos após o acerto com o treinador não tendo participado das negociações. Ele, inclusive, demonstrou sua insatisfação com a situação em uma dura conversa com Pelaipe.

Desde tal episódio, Paulo Pelaipe não vem falando e nem se envolvendo nas negociações. Durante a semana que o elenco passou em Pinheiral, Sul Fluminense, ele pouco apareceu, diferentemente das outras oportunidades em que o grupo trabalhou no local. Vice-presidente de futebol, Wallim Vasconcellos, um dos favoráveis à continuidade de Pelaipe, está ciente da situação e, por um lado, prefere até que permaneça assim para que o mal-estar criado nos bastidores não aumente.

Algo que pode evidenciar este afastamento é uma das alegações usadas pelo próprio Pelaipe para não falar, ao dizer que alguns assuntos “são da diretoria“, da qual ele, teoricamente, ainda faz parte.

Recentemente, com inúmeros nomes ventilados no Flamengo, Paulo Pelaipe fez questão de não se pronunciar. Pessoas próximas perceberam a mudança de postura do dirigente e o isolamento dele. Inclusive, assumindo um trabalho mais gerencial e operacional, diretamente com o elenco rubro-negro.

O mal-estar na cúpula não é de hoje. Como o LANCE!Net mostrou no último dia 8 de junho, Wallim Vasconcellos e Godinho já não falam a mesma língua quando o assunto é a gerência do futebol rubro-negro.

O desgaste começou com a campanha abaixo do esperado no início do Campeonato Brasileiro e aumentou ainda mais após a demissão de Jorginho. Em reunião, Godinho deixou claro que era a favor da saída de Pelaipe, mas Wallim, por sua vez, foi contrário e bancou a permanência do dirigente no Rubro-Negro, vendo-o como homem de confiança.

E a situação pode ficar ainda pior caso o acerto com o lateral-direito argentino Adrián Martínez, costurado por Pelaipe, não aconteça, uma vez que faria a diretoria ter de ir atrás de um novo nome para a posição com o Brasileirão já em andamento.

Neste momento, talvez, Paulo Pelaipe tenha assumido a frase do prosador e filósofo espanhol Baltasar Gracián y Morales como linha de raciocínio: “O silêncio é o santuário da prudência”.