Um é o último técnico da seleção brasileira antes de Luiz Felipe Scolari, mas estreando oficialmente no time mais popular do país. O outro, jovem treinador que começa a se afirmar na carreira, porém conhece muito bem o elenco que comanda e lidera o Brasileirão.
Mano Menezes mandou a campo no Mané Garricha com bom público o time que treinou desde que assumiu o Flamengo. Duas linhas de quatro que liberam Carlos Eduardo para se aproximar de Marcelo Moreno. Uma espécie de última chance ao meia-atacante contratado como principal reforço e Mano conhece bem dos tempos de Grêmio.
Marquinhos Santos tinha um desfalque de peso no visitante Coritiba: Rafinha, negociado com o "mundo árabe", era o atacante que voltava com o lateral adversário e opção de profundidade nas ações ofensivas. O técnico primeiro arriscou duas linhas de quatro, "espelhando" o sistema do Fla e dando liberdade a Alex para encostar em Deivid.
Quase saiu na frente com a cabeçada de Junior Urso no travessão, mas o Fla era mais consistente com Elias e Cáceres no meio e Gabriel e Paulinho pelos lados coordenando bem nas transições ofensivas e defensivas. Apesar da baixa produção de Carlos Eduardo, que saiu do centro e foi jogar à direita porque Diogo Goiano descia pouco e Paulinho acelerava mais na frente.
Moreno fazia o pivô e foi preciso no lance do primeiro gol: corta-luz no centro da esquerda e presença de área para completar o passe de Gabriel. Nem tanto na cobrança do pênalti, no mínimo discutível, de Leandro Almeida no próprio atacante boliviano. Chute no meio do gol e defesa de Vanderlei. O lateral João Paulo também perdeu grande chance ao entrar na área em diagonal, mas demorar a finalizar e, canhoto, escolher o pé direito para o chute.
Marquinhos Santos mudou sem fazer substituições. Gil foi atuar aberto à direita para fazer dupla com Victor Ferraz e Bottinelli qualificar a saída de bola no meio. O time ganhou volume de jogo e equilibrou a partida até o final do primeiro tempo. Reflexo nos números: 52% a 48% na posse de bola para o Fla e 4 a 3 nas finalizações na direção da meta.
O gol de Cáceres logo no início da segunda etapa, em falha de Vanderlei na saída da meta no escanteio, fez o treinador do Coxa novamente trabalhar: trocou Gil por Everton Costa. Desmontou as linhas de quatro e voltou ao losango no meio-campo com Urso plantado, Robinho e Bottinelli pelos lados, Alex na ligação. Também liberou Diogo Goiano para o apoio pela esquerda.
As mudanças não tiveram influência no primeiro gol: Chico, aproveitando falha de Wallace e completando escanteio do camisa dez. Mas a superioridade numérica no meio-campo (quatro contra três) começou a minar as forças rubro-negras. Primeiro com a saída de Cáceres, já com amarelo e sentindo o joelho, para a entrada de Diego Costa. Depois na jogada bem trabalhada que terminou na bela conclusão de Alex e empatou o jogo.
Mano respondeu mudando o desenho no meio-campo: tirou o inócuo Carlos Eduardo e colocou Val, que foi jogar à esquerda alinhado a Elias e Diego Costa ficou plantado à frente da zaga para vigiar Alex.
Com o empate, Marquinhos Santos novamente mudou a forma de jogar de seu time: depois de trocar Chico por Emerson na zaga, armou um inusitado 4-1-4-1 na transição defensiva: Junior Urso plantado, Robinho e Bottinelli no meio, Deivid e Everton Costa pelos lados e Alex na frente. Repetindo estratégia de Oswaldo de Oliveira no Botafogo: sacrifício dos companheiros para poupar fôlego do craque veterano sem a bola.
Depois trocou Bottinelli por Sergio Manoel para melhorar a marcação sobre Val e Elias, que avançou com meia central num 4-2-3-1, função já exercida com o próprio Mano no Corinthians, mas perdeu duas boas chances errando a finalização. Gabriel assustou Vanderlei com bela conclusão, mas deu lugar a Rafinha, que pouco produziu pela esquerda.
No apito final, um empate que refletiu o que foi a partida movimentada. Em técnica e tática. Novamente igual nos números: 52% de posse e oito a seis em finalizações na direção da meta, além de 24 a 20 nos desarmes.
Fica também a impressão de que Mano Menezes vai precisar de tempo e reforços para acertar o Flamengo. Já Marquinhos Santos confirma a condição de técnico promissor e antenado. Em Brasília, mostrou visão tática e estratégica e, principalmente, iniciativa para trabalhar e fazer seu Coritiba reagir e transformar jogo complicado em um bom empate.
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