Foto: Staff Images/ Flamengo
A carreira de um dos principais jogadores do basquete brasileiro nas últimas décadas chegou ao fim com a derrota do Flamengo para o Mogi na tarde de sábado. O triunfo do time paulista, em casa, não só garantiu uma surpreendente classificação por 3 a 1 diante do clube carioca na semifinal do NBB, como selou a aposentadoria de Marcelinho Machado.
Aos 43 anos, o ala/armador deixa o basquete profissional com uma carreira repleta de títulos e vitórias, mas também de decepções e críticas. Foram mais de 20 anos dedicados à modalidade, sendo boa parte deles ao Flamengo, onde chegou em 2007 e atuou por mais de 500 jogos, até este sábado.
"O clube que eu gostaria de ter defendido, eu consegui e estive nele por 11 anos. Jogar no Flamengo é realizar um sonho de garoto. Cresci nas arquibancadas do Maracanã, vendo a geração de Zico e Júnior. Escrever meu nome na história do meu clube de coração não tem preço", declarou em entrevista exclusiva ao Estado.
Marcelinho chegou ao Flamengo em 2007, já veterano, aos 33 anos. Talvez nem ele mesmo pudesse imaginar que, 10 anos depois, teria conquistado um Mundial Interclubes, uma Liga das Américas, uma Liga Sul-Americana, além de seis títulos nacionais e 10 cariocas, se consagrando como um dos maiores nomes do basquete do clube, ao lado de Oscar Schmidt.
As semelhanças entre Oscar e Marcelinho, aliás, não param por aí. Ambos foram dos jogadores mais vencedores do basquete brasileiro, se consagraram como excelentes arremessadores e brilharam vestindo as cores do País. Talvez por isso, tenha pesado sobre Marcelinho a expectativa de ser o "novo Oscar" depois que o "Mão Santa" se aposentou da seleção.
Mas os resultados sem o grande ídolo do basquete nacional não vieram, o Brasil deixou de ir a Jogos Olímpicos e Marcelinho foi apontado como grande culpado pelo momento. "Acho que as críticas fazem parte. Muitas não tinham nenhum embasamento e eu simplesmente ignorava. Algumas eram construtivas, eu assimilava e guardava para a minha evolução", lembrou.
Foram três ciclos de ausência em Jogos Olímpicos, que deixaram o País fora de Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008. "No momento em que o Brasil não conseguia a classificação, era natural que eu, como um dos principais jogadores da seleção, ouvisse críticas. E eu encarei isto de uma forma muito natural."
A redenção veio em Londres-2012. Já veterano e com sua liderança estabelecida na seleção, Marcelinho foi fundamental para levar o País novamente aos Jogos, em que terminaria na quinta colocação. Seria a última participação do jogador com a camisa do País. "Ficou a sensação de dever cumprido. Aquela classificação para a Olimpíada de Londres foi realmente muito marcante e simboliza muito para mim esta personalidade de estar sempre buscando o que eu quero, acreditando no trabalho e no objetivo."
NBA
Em mais de duas décadas, Marcelinho brilhou com camisas importantes, como as de Botafogo, Fluminense, Uberlândia e Flamengo, no Brasil, além de Rimini, na Itália, Cantabria, na Espanha, e Zalgiris, na Lituânia. Faltou uma oportunidade na NBA. O ala/armador até chegou a treinar em equipes da liga norte-americana, mas nunca conseguiu seu espaço. Seu estilo combina mais com o atual basquete jogado por lá, o que talvez pudesse render ao jogador alguma chance.
"Hoje, com a chegada desta filosofia que a gente já viu o Brasil fazer em outras épocas, com Oscar e etc., o arremessador tem um peso maior na NBA. Mas não paro para pensar se eu teria mais chance ou não. Acho que nas oportunidades que tive de ir para lá treinar, as coisas não caminharam. Bola para frente. Tenho muito orgulho de tudo que vivi na minha carreira. Gostaria de ter jogado lá por um, dois anos para sentir, testar meu potencial. Mas se não foi deste jeito, tudo bem, faz parte."
Mesmo sem ir à NBA, Marcelinho reconhece o imenso legado que deixou para o basquete brasileiro. "Fica o exemplo de um cara competitivo, de que um profissional acima de tudo tem que liderar pelo exemplo. Acredito muito nisso, acho que todas as pessoas que estiveram à minha volta e jogaram comigo puderam perceber. Espero que aqueles que me conhecem um pouco mais, que tenham trabalhado comigo, possam levar isso adiante."
E apesar de deixar o basquete profissional, o ala/armador não estará longe da modalidade. Ele vai coordenar seu projeto social, no Rio, que visa dar chances a comunidades carentes através do esporte. "Estou muito empolgado com isso, em poder dar oportunidade para crianças e adolescentes que não têm esta condição, pelo menos não da maneira que pretendo fazer. A gente vai entrar em escolas municipais e apresentar um programa de basquete, que, acredito, pode transformar vidas."
pena que foi desse jeito, ele merecia uma despedida a altura dele
Monstro do nosso basket