Aposentado do futebol profissional, Petkovic rejeita o rótulo de ex-atleta. Prefere o termo empresário. Em forma aos 40 anos, ele está de volta ao esporte. As partidas disputadas pelo Flamengo no Campeonato Carioca e no Mundialito de Futebol 7 foram as primeiras do sérvio depois que deixou o futebol em 2011, na despedida que aconteceu no duelo entre Flamengo e Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro daquele ano.
Agora de volta, as facetas que o marcaram nos campos seguem as mesmas na nova modalidade. Pet é competitivo, não gosta de perder. Assim como nos rachões de outrora. E se participa pouco da marcação - nada muito diferente de quando brilhava nos gramados -, quando a bola chega nos seus pés mostra a mesma categoria que o consagrou com as camisas de Flamengo, Fluminense e Vasco.
- Eu não gosto do termo ex-atleta. Ex-atleta fica em casa, parado. Eu não sou assim. Trabalho em outros ramos, sou empresário, tenho outros negócios. Me formei em direção esportiva, na Espanha. Podem me chamar de atleta de futebol 7, de ex-atleta não - brinca Pet.
No Mundial de Clubes de Futebol 7, que terminou neste domingo com o Flamengo campeão ao bater o Fluminense na decisão, Petkovic jogou seguidamente, de quarta até sábado, quando se machucou na semifinal diante do Botafogo. E mostrou que a "nova versão atleta" mantém o mesmo trato à bola e outras características que o acompanharam durante toda a carreira no futebol profissional.
Jogador e "treinador"
Nos tempos de Flamengo, principalmente em 2009, quando voltou ao time pelas mãos de Andrade, Petkovic vez ou outra era flagrado orientando o elenco, ajudando o "Tromba". No pé do ouvido, dava dicas para Adriano. Conversava com Zé Roberto. No fut 7 não é diferente. Quando está no banco de reservas, Pet quase não fica sentado. Gesticula, grita, reclama. E orienta os colegas. Quando entra, segue o mesmo estilo, como se fosse um treinador dentro de campo.
Enquanto o grupo ficou concentrado para o Mundialito em um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro, Pet ficou em casa, ao lado da família. Na Arena Sapucaí, os jogadores chegavam de ônibus, já uniformizados. Ele, com a chuteira debaixo do braço, como se viesse apenas se divertir, usava o vestiário também para se trocar. Afinal de contas, a ideia de abolir a concentração já era defendida pelo sérvio desde os tempos do futebol profissional. Não seria agora, no futebol 7, que ele mudaria.
- Estou jogando para ajudar, passando experiência. Posso dizer que estou jogando uma pelada séria. Isso tem um sabor a mais para mim. Sou e sempre fui muito competitivo. Comecei muito cedo no futebol, aos 16 anos, e nunca gostei de perder. Não gosto de perder nem para as minhas filhas, quando brincamos em casa. Ainda mais aqui - diz Pet, que veio parar no futebol 7 após um convite de amigos em comum com o time Rubro-Negro da modalidade.
Em campo, a categoria de sempre
No Campeonato Carioca, Pet fez duas partidas pelo Flamengo. Marcou três gols e se mostrou disposto. No Mundialito, então, se superou, sagrando-se artilheiro do torneio. No jogo contra o angolano Kabuscorp, o sérvio fez cinco gols. E anotou outro, lindo, deixando o goleiro no chão, na vitória no Fla-Flu, por 4 a 3. Em campo, além da mesma categoria de sempre, os trejeitos seguem iguais aos dos tempos do futebol profissional.
Atuando mais adiantado, como um pivô, Pet volta e meia recua, busca o jogo. Mas quando marca, faz apenas a "sombra", sem tanto combate. Com a bola no pé, porém, segue compensando a pouca participação defensiva. Os passes são precisos. O raciocínio, rápido. No golaço diante do Fluminense, Pet fingiu o chute, deixou o goleiro tricolor caído, e ainda fintou com um toque na bola dois jogadores do Tricolor, acertando o ângulo em seguida. Um golaço.
- Foi um gol bonito. Estou me sentindo um garoto. Com fôlego de menino. O campo é menor, e eu estou acostumado a jogar 90 minutos ou mais. Acho até que deveriam aumentar o tempo e colocar medidas maiores no campo, como é feito na Europa. 24 minutos é muito pouco para esses jogadores, já que a maioria passou pelo futebol de campo - frisa Pet.
Futuro como diretor de futebol
Apesar do retorno às competições, Pet prefere ver seu futuro como gestor, o que deve acontecer em um futuro próximo. Se dentro de campo ele ainda reclama com a arbitragem quase sempre, como fez no Mundialito de Futebol 7, fora dele se diz pronto para assumir a responsabilidade de conduzir o futebol profissional de qualquer equipe brasileira.
- Estou mais pronto que a grande maioria. Sou autodidata. Me sinto pronto para assumir qualquer equipe, sem preferência. Me formei na Espanha, em direção esportiva. Falo várias línguas, tenho vivência em várias culturas do futebol. Recentemente, comecei a digerir a ideia de ser técnico de futebol também, já que muita gente pede que eu seja. Vamos ver, quem sabe. Nesses casos, a experiência diz muito. E eu tenho isso - diz o craque.
Ídolo do Flamengo, que não começou bem no Brasileirão, trocando de técnico e sem grandes reforços, o agora atleta do futebol 7 pede que os jogadores ergam a cabeça e acreditem no seu potencial.
- Os jogadores precisam erguer a cabeça, eles têm condições. Estou na torcida pelo Flamengo, e se o clube precisar de mim, estou sempre à disposição do Flamengo - finalizou Pet.
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