4/1/2013 19:07
Além de desabrigados, chuvas em Xerém fazem times da região viver drama antes do Carioca
“Repórter, filma a minha casa. Tem muita lama. Alguém precisa ver isso”. Antonia Maria de Souza, 62 anos, insistia com o pedido, quando paramos num dos abrigos improvisados para vítimas das chuvas em Xerém, na Baixada Fluminense.
Já são mil pessoas desalojadas e quase 300 desabrigadas nesta cidade que costuma ser pouso da ESPN para pautas bem mais amenas. A última vez que estivemos lá foi no penúltimo dia de 2012. Fomos cobrir um amistoso entre a equipe de juniores do Botafogo, que se prepara para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, e o Tigres do Brasil, time que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro.
Conhecida por abrigar centros de treinamento de futebol, como o do Tigres, do Fluminense e do Duque de Caxias, Xerém vive hoje o drama do descaso. Faz parte do município de Duque de Caxias, cujo antigo prefeito não se reelegeu. Como presente à população, interrompeu o pagamento da empresa que fazia a coleta de lixo duas semanas antes de passar o bastão ao sucessor. E em pleno Natal, a cidade convivia com amontoados de resíduos líquidos e sólidos. Árvores natalinas da falta de responsabilidade.
A consequência não demorou. Na madrugada do dia 3, choveu na região 58% do esperado para todo o mês, segundo a Defesa Civil. O aguaceiro varreu o lixo e levou junto casas, bens, móveis e a tranquilidade de pessoas como Antonia. Costureira, tem pressão alta, cujos remédios, a chuva também levou.
O Duque de Caxias treina para a primeira divisão do Campeonato Carioca. Teve de improvisar a pré-temporada em Olaria, na Casa do Marinheiro, para dar espaço ao Corpo de Bombeiros, que montou no clube a base de apoio para os resgates. O Bangu, que utiliza o CT do Fluminense na mesma localidade continuou, mas dividiu espaço com a arrecadação de doações para as vítimas das chuvas. O Tigres manteve a agenda, mas poucos jogadores conseguiram chegar.
“É lamentável que isso tudo aconteça. Sou morador de Xerém, muitos jogadores moram aqui na região e não tiveram de ficar cuidando de suas casas. Um massagista do clube perdeu absolutamente tudo. É muito triste e já nos colocamos à disposição da prefeitura para usarem nosso espaço”, disse Flávio Silva, gerente de futebol do Tigres.
Desculpem-me se a comparação de universos parecer grosseira, mas não há como deixar de associar os valores e pesos da atenção que as autoridades dão ao assunto. No fim de dezembro, reportagem do ESPN.com.br revelou que somente a cerimônia de abertura da Olimpíada no Rio custará aos cofres públicos R$ 132 milhões. Este é praticamente o mesmo valor que o Governo Federal reservou em 2012 (R$ 139 milhões) aos Estados para a prevenção de desastres como esse de Xerém, de acordo com dados do portal na internet do orçamento Federal.
Já cobri diversos desastres e exemplos de descaso como este. Mas foi difícil deixar de ouvir o apelo de Antonia. “Vocês têm de mostrar isso”, era só o que ela queria de nós. Que mostrássemos com a câmera e o microfone, o que ela queria dizer aqueles que seguram as canetas. Xerém e Antonia estão em estágio de atenção.
1244 visitas - Fonte: ESPN
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